Guia 'Crianças, adolescentes e telas' orienta pais e professores a promover o uso saudável - PORVIR
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Inovações em Educação

Guia ‘Crianças, adolescentes e telas’ orienta pais e professores a promover o uso saudável

Documento lançado pelo governo federal traz recomendações e alertas sobre os excessos digitais para a saúde mental dos estudantes

por Redação ilustração relógio 13 de março de 2025

Ely Santos, mãe de Asenathe, não demorou a perceber a forte influência das telas na rotina da filha. Antes de completar 1 ano, a menina já assistia a vídeos no YouTube e na TV enquanto a mãe realizava tarefas domésticas. O hábito se estendeu às refeições e até antes de dormir. A falta de controle, comum a muitas famílias, reforça a importância do uso consciente e moderado das telas na infância, assunto central do documento “Crianças, adolescentes e telas: guia sobre uso de dispositivos digitais”, lançado nesta terça-feira, 11, pelo governo federal. 

Ao oferecer uma curadoria com as principais referências sobre o assunto, alertando para riscos e direitos digitais, o material pretende conscientizar famílias e responsáveis a promover práticas que minimizem riscos associados ao tempo excessivo nos celulares e em outros dispositivos. “O excesso de tempo no ambiente digital pode causar ansiedade, depressão, sedentarismo, autolesões e possibilitar violações de direitos”, ressaltou Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, durante a apresentação do guia, em Brasília. 

Recentemente, o MEC (Ministério da Educação) lançou outros três e-books orientadores sobre o uso e os limites dos aparelhos portáteis na escola, voltados para redes, escolas e famílias. Os materiais contaram com a consultoria técnica do Porvir.

Clique para baixar os guias do MEC

➡️Guia para famílias: Celulares e escola: um diálogo que também precisa acontecer em casa

➡️Guia para escolas | Conscientização para o uso de celulares na escola: por que precisamos falar sobre isso?

➡️Guia para redes | Conscientização para o uso de celulares na escola: por que precisamos falar sobre isso?

Já a elaboração do guia “Crianças, adolescentes e telas” foi coordenada pela Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), com participação de outros seis ministérios: Casa Civil, Educação, Saúde, Justiça e Segurança Pública, Direitos Humanos e da Cidadania, e Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome.

Durante o lançamento, a secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Kátia Schweickardt, informou que o MEC tem promovido encontros virtuais para formar gestores escolares, orientando sobre o uso do novo material nas reuniões pedagógicas com a comunidade escolar, incluindo famílias e responsáveis. O objetivo é esclarecer, conscientizar e estimular o debate em casa sobre a restrição e o uso positivo das telas, especialmente com fins educacionais.

“Estamos tendo a grande oportunidade de refazer um pacto social em prol de ter uma sociedade menos doente, mais sustentável, mais feliz, com interações positivas”, afirmou. 

Ela também reconheceu que, a despeito da resistência por parte de alguns estudantes, a nova lei que limita o uso de celulares nas escolas tem trazido benefícios para os processos de aprendizagem. E o guia “Crianças, adolescentes e telas” tem um papel importante nesse contexto. “A mensagem não é proibir por proibir, é restringir o uso e potencializar boas interações. O guia traz muitas sugestões do que fazer fora das telas e o que fazer com as telas.”

Exposição excessiva

A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2024 revela que 93% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam a internet no país, totalizando cerca de 25 milhões de usuários. Além disso, 23% deles acessaram a rede pela primeira vez até os 6 anos, mais que o dobro dos 11% registrados em 2015. Também cresceu o número de meninos e meninas com celulares próprios.

O excesso de uso das telas pode prejudicar as gerações futuras, e o novo guia oferece soluções práticas para enfrentar esse desafio. “Essa é uma dor familiar que não se esconde; está visível, sentada no sofá da sala de cada um de nós, presente em todas as casas, em famílias de todas as classes socioeconômicas, tanto nas zonas rurais quanto nas grandes cidades, afetando diretamente nossa perspectiva de futuro”, destacou Tiago César dos Santos, da Secom.

Recomendações gerais do documento:

  • Não usar telas para crianças com menos de 2 anos, salvo para contato com familiares por videochamada;
  • Não disponibilizar celular próprio para crianças antes dos 12 anos;
  • O uso de dispositivos digitais deve se dar aos poucos, conforme a autonomia progressiva da criança ou adolescente;
  • O acesso a redes sociais deve observar a classificação indicativa;
  • O uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais durante a adolescência (12 a 17 anos) deve ter acompanhamento familiar ou de educadores;
  • O uso de dispositivos digitais por crianças ou adolescentes com deficiência, independentemente de faixa etária, deve ser estimulado para permitir a acessibilidade e superação de barreiras;
  • Escolas devem avaliar criteriosamente o uso de aparelhos para fins pedagógicos na primeira infância e evitar o uso individual pelos estudantes.

*Com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública e da Agência Brasil


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celular, socioemocionais, tecnologia

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