Iniciativas de monitoramento ajudam secretarias a entender como aula remota chega ao aluno - PORVIR
Crédito: Igor Kutyaev/iStockPhoto

Coronavírus

Iniciativas de monitoramento ajudam secretarias a entender como aula remota chega ao aluno

Veja como as redes de Cachoeira do Sul (RS), Paraíba e Ceará estão acompanhando as atividades realizadas durante o isolamento social

Parceria com CIEB

por Thiago Varella ilustração relógio 9 de julho de 2020

Após redes terem sido pegas de surpresa pela pandemia do coronavírus (COVID-19) e implantado às pressas programas de ensino remoto, secretarias de diferentes tamanhos lançaram projetos de monitoramento das atividades realizadas em casa pelos alunos.

Quem? Como? Onde? E por quanto tempo? Essas são perguntas que as iniciativas tentam responder sobre o comportamento de alunos e professores para tornar a aprendizagem mais efetiva nesse período. Nesta matéria, conversamos com gestores de três redes de porte diferente.

Com um em cada quatro estudantes morando na zona rural, Cachoeiro do Sul (RS) enfrenta o desafio de chegar aos alunos tanto de forma online quanto física. Sem acesso a internet, esses alunos também precisaram de uma estratégia especial para conseguir material impresso.

Na rede estadual da Paraíba, o uso de um painel de controle do Google Classroom tem possibilitado o acompanhamento das atividades enviadas pelos professores. A mesma ferramenta também é usada no Ceará, que possui um sistema próprio para identificar que tipo de material (online, TV ou impresso) cada aluno está recebendo.

Confira abaixo mais detalhes das iniciativas das três secretarias:

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Cachoeira do Sul (RS)
Cachoeira do Sul é uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, a cerca de 200 km de Porto Alegre (RS), com pouco mais de 82 mil habitantes e uma peculiaridade em relação a seus estudantes: a maioria vive no campo.

Por isso, quando a pandemia de COVID-19 forçou o fechamento das escolas em todo o país, os gestores de educação de Cachoeira do Sul tiveram de lidar com o desafio de manter os estudantes com atividades, sendo que 25% deles não tinha nenhum tipo de acesso à internet e possuíam dificuldade de transporte para ir buscar algum tipo de material impresso.

Além das atividades online, os alunos da zona urbana que não possuem acesso à internet recebem de forma semanal atividades impressas. E os das 15 escolas da zona rural recebem de forma quinzenal já que esses estudantes recebem o material em casa.

Para discutir as ações, a secretaria de educação da cidade criou turmas no Google Classroom para todos os gestores escolares. Além disso, também montou específicas para gestores escolares da educação infantil, outra  para os gestores  do ensino fundamental e também turmas com os professores das diferentes áreas do conhecimento.

“Essas turmas que foram criadas no Google Classroom fazem parte de um projeto formativo desenvolvido pela secretaria como um curso online, intitulado Desafios, Conexões e Aprendizagens. Trata-se de um curso de formação continuada que busca também o fortalecimento da comunicação nesse período que estamos em forma de distanciamento social. Também funciona para a construção coletiva de estratégias para levar conhecimento até a casa dos nossos estudantes”, afirmou Carla Zinn, diretora de Educação de Cachoeira do Sul.

Além disso, a cidade também formou, em maio, uma comissão de ações de emergência da educação municipal com o objetivo de construir de forma coletiva um plano de ação em relação à reorganização do calendário escolar e à retomada das aulas presenciais. As reuniões desse grupo são mensais e realizadas pelo Google Meet.

A secretaria também se preocupa com o contato com os professores e, por isso, realiza webinários regulares com eles que funcionam para acompanhamento das duas pontas. Os professores entendem melhor as atividades que os alunos estão recebendo e os gestores conseguem monitorar como os docentes lidam com as estratégias de ensino.

Os gestores de cada escola também são responsáveis pelo preenchimento de planilhas, via Google Classroom, para registrar quantos estudantes fizeram atividades online e quais fizeram as impressas. Além disso, cada professor precisa preencher uma ficha com as habilidades que são desenvolvidas nas atividade e entregar esse material ao seu gestor.

“Aqui na secretaria, nós imprimimos todo esse material como evidência do processo que está sendo feito pelas escolas. Também criamos tabelas de consolidação desses dados de todas as escolas e temos reuniões sistemáticas com os gestores para tratar dessas demandas dos anseios, das dificuldades ao longo desse processo”, afirmou Zinn.

Paraíba
A secretaria de educação da Paraíba se valeu de diversas estratégias para garantir as aulas remotas a seus estudantes. Além das aulas online, pelo Google Classroom, os alunos também podem assistir aula por um aplicativo para smartphone ou por videoaulas transmitidas pelo canal da Assembleia Legislativa.

Quem não tem computador, celular ou TV pode receber roteiros de estudo impressos. Esse material pode ser recolhido nas escolas ou entregue via transporte escolar uma vez por semana.

Segundo Hebberty Dantas, coordenador-geral do ParaibaTec, as aulas online são ministradas via Google Classroom, uma ferramenta que nunca havia sido usada antes pela rede de ensino da Paraíba. Por isso, antes de tudo, os professores passaram por um curso de formação justamente dentro do ambiente do Google para experimentar a plataforma do ponto de vista do aluno.

Dantas considera o Google Classroom uma plataforma intuitiva e com um leque grande de aplicativos que facilitam o trabalho, como o Docs, Meet, YouTube, entre outros. No entanto, a plataforma é carente de ferramentas de monitoramento.

Para conseguir gerenciar todo o andamento das aulas online, Dantas criou um dashboard, que é um tipo de painel de controle, dentro do Google Classroom, usando dados dos alunos e dos 11,5 mil professores.

“Com o projeto em andamento, o Google mudou a maneira de mostrar os dados e ficou ainda melhor. Consigo nessa segunda versão do dashboard saber, por exemplo, se determinado professor usou a plataforma, se criou alguma atividade, se editou algum arquivo, entre outras funções”, explicou.

Dantas também está compilando os dados dos alunos para ter esse mesmo controle em relação ao uso da plataforma pelos estudantes paraibanos.

“A ideia é que a escola se veja por dentro. Vamos ter o controle de saber exatamente quais alunos estão usando o Google Classroom”, disse.

Ceará
A Secretaria de Educação do Ceará elaborou, em 1º de maio, as diretrizes para o período de suspensão de aulas presenciais. A partir daí, as escolas foram direcionadas a construir seus próprios PAD (Planos de Atividades Domiciliares), documento em que as instituições de ensino apresentam seu planejamento pedagógico com correspondência entre a carga horária de cada disciplina para o período de suspensão.

Além disso, nos PAD também devem constar as atividades e estratégias de apoio à aprendizagem que devem ser registradas pelos professores no Diário de Classe Online ou Impresso. Por isso, os PAD acabaram se tornando em um instrumento para acompanhamento e monitoramento das atividades pedagógicas realizadas em cada escola.

“As Crede (Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação) e a Sefor (Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza) viraram importantes aliadas no sentido de acompanhar a implementação dos planos, e apoiar as instituições quando for necessário”, disse Kelem Freitas, coordenadora de Avaliação e Desenvolvimento Escolar para Resultados de Aprendizagem da Secretaria de Educação do Ceará.

A Secretaria de Educação do Ceará também utiliza plataformas online, como o Google Classroom, como instrumentos de captura de informações, de monitoramento de acesso e interação dos estudantes e professores.

“A secretaria também adaptou o seu SIGE (Sistema Integrado de Gestão Escolar) para capturar as informações quanto a conectividade, interação por via de aplicativo de mensagem, acesso a entrega de material impresso o que nos permitiu identificar que 25,5% da rede utiliza a plataforma do aluno online, 54,4% interage pelo Google Classroom, 8% pelo recebimento de atividades impressas e 67,7% via aplicativo de mensagens”, afirmou Freitas.

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conectividade, coronavírus, ensino fundamental, ensino médio, tecnologia

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