Inovação leva aluno da rede pública à universidade
Currículo dos Colégios Embraer impulsiona projetos complexos já no ensino médio e aprova 85% em grandes nomes do ensino superior
por Vinícius de Oliveira 20 de janeiro de 2015
Com receita baseada em educação integral aliada ao protagonismo estudantil, o Instituto Embraer leva a São José dos Campos e Botucatu, cidades do interior de São Paulo, dois colégios de ensino médio com o objetivo de fazer com que alunos de escola pública alcem voo para o mundo universitário. As duas cidades hospedam duas plantas da fabricante de aviões e também se beneficiam do contato da empresa com a comunidade. Não apenas alunos, como professores e demais funcionários residem nas duas cidades ou em municípios vizinhos.
Veja também:
Especial Socioemocionais – como preparar alunos para o século 21
10 vídeos sobre o desenvolvimento das crianças
Em nome da inovação acadêmica, a instituição foi buscar a ajuda de parceiros como Center for Occupational Research and Development (EUA), a rede Pitágoras e o Instituto Sírio Libanês de Ensino e Pesquisa para desenvolver o currículo do Programa de Preparação para a Universidade, que se divide em exatas, humanas e biológicas. Entre seus objetivos, está o apoio ao aluno na escolha de uma carreira e a conexão do conteúdo visto em sala de aula com o dia a dia da profissão.
Na composição da grade de 50 horas semanais, o currículo tradicional é combinado com o Programa de Preparação para a Universidade e o Programa de Projetos Ambientais e Socioculturais. “São 37 aulas do currículo oficial, seis do Programa de Preparação para Universidade, três de plantão de dúvidas, três de estudo autônomo e uma de Programa de Orientação Profissional e de Saúde”, explica Renato Augusto da Silva, diretor da unidade de Botucatu chamada Colégio Embraer – Casimiro Montenegro Filho. As atividades não se restringem à sala de aula e a ligação com o mundo real acontece com a ajuda de projetos de pesquisa.
Especial: Personalização – como colocar o aluno no centro
“Dentro do Programa de Preparação para Universidade, os alunos realizam um projeto que deverá ser concluído até o término da segunda série do ensino médio. Já no Programa Alternativas Sustentáveis, ele deve ser entregue ao término do primeiro ano”, afirma Augusto. A complexidade dos trabalhos apresentados vai muito além de maquetes feitas com a ajuda de isopor, um clássico das feiras de ciência. O diretor cita como exemplos o lançamento de uma sonda meteorológica com uma câmera que garantiu, além dos dados de telemetria, imagens a mais de 8 mil metros de altitude. Na área de biológicas, o projeto conhecido como Módulo CSI (nome em referência ao seriado americano de TV Crime Scene Investigation) exigiu dos alunos a investigação de um assassinato fictício com o auxílio de exames biológicos. Para despertar o espírito empreendedor já na adolescência, uma feira abriu espaço para que grupos enfrentassem o desafio de criar empresas fictícias para negociar com demais corporações virtuais do Brasil em uma plataforma criada pelo Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Com um plano pedagógico atraente e uma ampla estrutura física, é preciso passar por um funil para garantir uma vaga no Camisimiro Montenegro Filho, em Botucatu, ou no Juarez Wanderley, em São José dos Campos. Mais de mil alunos prestam um processo seletivo para concorrer a 120 vagas em Botucatu e 200 em São José dos Campos, que obedecem a critérios socioeconômicos para serem preenchidas. Além disso, eles devem morar em cidades da região e ter cursado todo o ciclo do ensino fundamental 1 e 2 em escolas das redes municipal ou estadual. Tamanha procura também se justifica por um motivo bem simples: 85% dos alunos saíram direto para grandes universidades públicas e não é difícil imaginar que muitos sonhem em um dia trabalhar na fabricante de aviões