Jogo ensina estudantes a se tornarem mais empáticos
Criado por dois doutorandos de Harvard, game simula situações em que você se coloca na pele de outra pessoa
por Vagner de Alencar 7 de junho de 2013
Um jogo criado por doutorandos norte-americanos tem feito estudantes vivenciarem problemas a partir de diferentes olhares, simulando a sensação de estar na pele de outra pessoa na hora de tomar decisões. Desenvolvido por Geoff Marietta e Elisabeth Hoahn, no Departamento de Educação de Harvard, o game SailMUVE tem o intuito de estimular relacionamentos mais empáticos e positivos entre os jovens. No jogo, que pode ser baixado gratuitamente em versão demonstrativa no site da universidade, em inglês, a experiência virtual acontece em um campo de golfe, onde o jogador precisa vivenciar a tomada de decisões nas perspectivas do dono do local e do guarda-florestal.
O game foi inspirado na expressão inglesa walking in another person’s shoes, algo como caminhar com os sapatos de outra pessoa. Nele, o jogador precisa chegar a um consenso sobre o destino de uma lagoa e das terras naturais em volta do campo de golfe. Primeiro, na pele do proprietário, ele precisa fazer escolhas ligadas à gestão da área, logística do parque, resolução de conflitos etc. Numa segunda etapa, ele vive o olhar do guarda-florestal sobre os mesmos problemas. No final, ele tem um diagnóstico de quais foram os pontos comuns e quais foram divergentes na sua própria atuação nos dois lados da história.
O game foi criado a partir de um software chamado Unity, que permite criar conteúdos interativos em formato 3D, e faz parte de um projeto da universidade norte-americana chamado Social Aspects of Immersive Learning (Aspectos Sociais de Imersão no Aprendizado, em tradução livre), fundado pela National Science Foundation. “A capacidade de vivenciar o lugar de outra pessoa é muito importante para fazer concessões”, disse Elisabeth Hahn à plataforma edWeb.
Segundo Marietta e Hoanh, a proposta do projeto é, no futuro, em larga escala, avaliar a qualidade do relacionamento das pessoas, além de medir aspectos voltados à convivência social. Os estudiosos, inclusive, já apontam benefícios preliminares gerados pelo jogo em alguns de seus usuários, como a melhoria de suas atuações em situações de conflito e a capacidade de comprometimento com os outros.
Por meio do projeto, os pesquisadores chegaram ao termo social perspective taking, que equivale a promovendo a perspectiva social, em português. A partir dessa metodologia, os pesquisadores querem desenvolver um game ambientado em uma escola virtual. Nela, os alunos poderão interagir com colegas e professores de diferentes maneiras, ajudando uns aos outros, permitindo, sobretudo, a construção de relações harmônicas e solidárias virtualmente, mas que poderiam ser convertidas ao ambiente real, em sala de aula.
Ainda de acordo com os pesquisadores, essa metodologia poderia ser altamente aplicável tanto para promover a empatia entre os alunos quanto para formar professores e gestores, além de contribuir para desenvolver novas linguagens no processo de aprendizagem.
Com informações do Harvard Graduate School of Education