Jovem cientista quer incentivar alunos do ensino médio a pesquisar - PORVIR
Crédito: Gino Santa Maria / Fotolia.com

Inovações em Educação

Jovem cientista quer incentivar alunos do ensino médio a pesquisar

Após participar de feiras e ganhar prêmios, Kawoana Vianna, de 23 anos, criou o projeto Cientista Beta para aproximar alunos da ciência

por Marina Lopes ilustração relógio 16 de fevereiro de 2016

Desde o ensino médio, a gaúcha Kawoana Vianna, 23, já tinha afinidade com a pesquisa. No sexto semestre de medicina da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a jovem cientista já coleciona prêmios internacionais importantes, como o 1o lugar no Mercosul de Ciência e Tecnologia e o 4o lugar na Intel ISEF – considerada uma das maiores feiras de ciência e engenharia do mundo. As viagens e os novos aprendizados fizeram com que ela percebesse que as melhores oportunidades que recebeu na sua vida foram por causa da ciência e,  por isso, a universitária pensou em criar um caminho para aproximar alunos de ensino médio da pesquisa.

Acostumada a ser chamada em escolas para compartilhar suas experiências, Kawoana pensou em criar um e-book. No entanto, com a ajuda de colegas que conheceu em diversas feiras de ciências pelo país, a ideia evoluiu e se transformou na plataforma Cientista Beta, que tem o objetivo de inspirar e capacitar estudantes a fazerem seus próprios projetos científicos. No site, jovens cientistas contam a sua trajetória e escrevem sobre o que já alcançaram com a pesquisa.

O objetivo do projeto não é formar mais cientistas, mas estimular a curiosidade dos estudantes e incentivar que eles se aproximem da ciência. “Independente da área que esse jovem seguir na graduação, ter feito pesquisa no ensino médio faz ele desenvolver habilidades que serão úteis em qualquer área profissional”, conta Kawoana, ao falar como esse conhecimento foi útil para a sua vida.

“Eu era uma boa aluna. Sempre tirava boas notas, mas não era uma pessoa de fazer experimentação, de criar coisas novas. Eu aprendia apenas as coisas que o professor transmitia”, lembra Kawoana. Incentivada pela escola técnica, onde cursou química, após começar a fazer pesquisa, ela percebeu que era possível aprender muito mais do que era apresentado em sala de aula. “Conversando com outros jovens que fizeram pesquisa científica no ensino médio, eu percebi que isso era um sentimento super comum. As pessoas realmente se desenvolvem muito e passam a olhar para o mundo de forma diferente, como protagonistas”, conta.

LaboratórioCrédito: arquivo pessoal / Kawoana Vianna

Motivada pelo interesse de encontrar soluções para os problemas que estavam ao seu redor, no terceiro ano do ensino médio Kawoana começou a trabalhar com nanopartículas para desenvolver uma meia que evita amputação em diabéticos, situação enfrentada pela sua avó. Pelo necessidade de uma infraestrutura maior do que a oferecida na escola, ela teve que recorrer aos laboratórios da UFRGS e pedir ajuda para uma professora de pós-graduação. “A minha orientadora dava aula para alunos de mestrado e doutorado. Ela nunca tinha visto um estudante de ensino médio querer fazer pesquisas na universidade. Como na minha escola não tinha nenhum professor que entendesse de nanotecnologia, eu sabia que precisava buscar alguém de fora”, conta a jovem, que fez o projeto junto com a colega Gabriela Schaab.

A pesquisa científica no ensino médio é feita de forma completamente protagonista. Se o aluno não faz, a pesquisa não sai do lugar

Para a estudante de medicina, o ensino médio possibilita desenvolver pesquisas mais autorais, diferente do que costuma ser feito na graduação, quando um aluno entra para um grupo de estudo, segue uma linha e acaba se tornando um técnico de laboratório. “A pesquisa científica no ensino médio é feita de forma completamente protagonista. Se o aluno não faz, a pesquisa não sai do lugar.”

Mentoria para estudantes
Além de compartilhar histórias na plataforma, o projeto Cientista Beta irá oferecer mentoria para alunos que desejam desenvolver uma pesquisa com auxílio de um time de jovens cientistas que já tiveram essa experiência. O programa será online e terá a duração de seis meses. No total, serão selecionados 20 propostas de projetos de ensino médio do Brasil inteiro. Até dia 21 de fevereiro, os estudantes interessados podem se inscrever pelo site.


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