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Jovens cientistas fazem projetos para solucionar problemas reais

Programa de iniciação científica Decola Beta oferece mentoria para estudantes do ensino médio que desejam se aproximar da ciência

por Marina Lopes ilustração relógio 14 de março de 2017

Quando ainda tinha 11 anos, o estudante Arthur Sulzbach, de Estrela, no interior do Rio Grande do Sul, deu início a uma carreira promissora como jovem cientista. Depois de aprender no colégio sobre as plantas briófitas, saiu pela vizinhança arrancando musgos que cresciam sobre os muros. Levou tudo para o seu quarto e lá montou um laboratório improvisado, onde começou a fazer pesquisas sobre produção rápida de clones vegetais. Sem apoio formal da escola ou de um professor orientador, chegou a juntar quase 20 mil mudas de orquídeas dentro da sua casa para estudar sobre recuperação de áreas degradadas.

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Atraído por essa área, Arthur continuou a sua jornada, praticamente autodidata, pelo universo da ciência. Até que, em uma tarde “de bobeira” no início do ano passado, uma publicação no Facebook chamou sua atenção. O projeto Cientista Beta, idealizado pela gaúcha Kawoana Vianna, convidava estudantes do ensino médio ou técnico a participarem de um programa de mentoria que, segundo a chamada, prometia impulsionar pesquisas de jovens cientistas. “Faltava uma semana para encerrar o processo e eu acabei me inscrevendo”, recorda ele, que atualmente tem 17 anos e está no terceiro ano do ensino médio.

arthurCrédito: Arquivo Pessoal/Arthur Sulzbach

Depois de passar por entrevistas, o estudante foi selecionado para o Programa de Iniciação Científica Decola Beta. Assim como outros 40 jovens de todo o país, durante seis meses Arthur recebeu o acompanhamento de um mentor, que tinha a missão de compartilhar suas experiências na área de pesquisa científica e contribuir com sugestões para alavancar o projeto.

Quase que semanalmente, o estudante conversava a distância com o pesquisador Adymailson Santos, do Amapá. “A mentoria me ajudou a desenvolver o raciocínio de pesquisa. Antes eu não tinha um projeto organizado, era mais uma ideia e um monte de informações desagrupadas”, compartilha. A participação no programa, segundo ele, também ajudou a correr atrás de feiras, participar de palestras e até construir uma rede de contatos de com jovens de todo o país.

Primeiro contato com a pesquisa científica
Diferente da história dele, a universitária Bárbara Ferreira, 19, nunca tinha feito pesquisa antes de participar da primeira edição do Decola Beta. Após ouvir falar sobre o programa, enquanto fazia um curso técnico de logística no SENAI, em Salvador (BA), ela decidiu fazer sua inscrição para tirar do papel uma ideia antiga. “O projeto era um estudo de materiais orgânicos que poderiam absorver o óleo antes dele chegar aos oceanos. A ideia era usar esses materiais para construir um filtro que, ao ser instalado embaixo da pia da cozinha, poderia evitar que esse óleo da lavagem de louças caia no esgoto”, conta a jovem, que hoje está no segundo semestre do curso de engenharia de produção.

barbaraCrédito: Arquivo Pessoal/Bárbara Ferreira

Sem experiências prévias, ela e as colegas Camila Medeiros e Alice Camacã apostaram na motivação pessoal para tentar uma vaga no programa de mentoria. “Nós criamos o projeto para participar de um campeonato, mas abandonamos porque não tivemos apoio para continuar. Ficamos dois anos com ele parado, mas sempre ouvíamos recomendações para desenvolvê-lo e transformá-lo em um produto”, aponta.

Durante o programa Decola Beta, as meninas foram acompanhadas pela mentora Vanessa Carneiro, que também morava em Salvador. “Coincidiu da nossa mentora morar na mesma cidade, então ela pode nos acompanhar dentro do laboratório e também nos levou para uma visita técnica na sua faculdade”, observa. Na opinião da estudante, essas trocas com a mentora foram fundamentais para seguir com a pesquisa. “A experiência dela foi fundamental. A gente não estava ouvindo de um professor ou uma pessoa que fez pesquisa há muitos anos atrás. Era alguém jovem que tinha acabado de terminar um estágio de pesquisa cientifica”, explica Bárbara, que foi selecionada por um edital de desenvolvimento de startups da FAPESB (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia).

Ao passar pela experiência da mentoria, a jovem garante que a sua visão sobre ciência mudou. “Antes eu via mais como um trabalho de cópia e publicação dos resultados de uma pesquisa. Depois de participar do Cientista Beta, a ciência para mim se tonou algo com relevância fora do laboratório. Não basta apenas criar um produto ou saber o quanto de óleo cada material absorve, mas é preciso entender como aplicar isso fora”, diz.

Em busca de novos jovens cientistas
Neste ano, o programa está com inscrições abertas para a sua segunda edição. Estudantes do país inteiro que tenham interesse em participar da Iniciação Científica Decola Beta podem se inscrever até o dia 18/03, pelo site http://cientistabeta.com.br/decola-beta/. Os selecionados irão começar a receber mentoria a partir da segunda quinzena de abril.


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ciências, ensino médio, ensino técnico, mentoria

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