Novo Ensino Médio: o caminho para a interdisciplinaridade - PORVIR
Crédito: SDI Productions/iStockPhoto

Inovações em Educação

Novo Ensino Médio: o caminho para a interdisciplinaridade

Como professores podem se preparar para se adaptar à nova estrutura organizada por áreas de conhecimento

Parceria com Editora Moderna

por Luciana Alvarez ilustração relógio 14 de julho de 2021

Em meio às dificuldades do ensino remoto ou híbrido, por causa da pandemia, os professores de escolas públicas ou privadas­­ têm neste momento um desafio extra: preparar-se para aplicar no ano letivo de 2022 as mudanças trazidas pelo Novo Ensino Médio, que prevê uma série de mudanças para a etapa. Um dos pontos mais importantes é que a organização passa a ser interdisciplinar, com os componentes curriculares divididos por áreas de conhecimento.

Com os professores majoritariamente formados em áreas específicas, essa abordagem ampla vem causando preocupações. Entretanto, os docentes precisam entender que suas disciplinas vão continuar existindo dentro da nova configuração do ensino médio, garante a professora Maria Luiza Abaurre, autora de livros didáticos. “O que se procura é romper a compartimentalização, não explodir as disciplinas”, afirmou durante do seminário Jornada Digital da Educação, da editora Moderna.

Só é possível haver interdisciplinaridade se houver disciplinas, explica Abaurre: “a identidade de cada professor garante que o aluno construa seus saberes. Os conceitos das disciplinas precisam ser convocados e articulados”.

O que se procura é romper a compartimentalização, não explodir as disciplinas

Durante o seminário, a especialista também ressaltou que a interdisciplinaridade não é um fim em si mesmo, mas uma forma de chegar a um aprendizado mais significativo. “A meta é os alunos entenderem que, porque a realidade é complexa, não é possível interagir com ela a partir de uma perspectiva única”, disse.

Bióloga e também autora de livros didáticos, Sônia Lopes fez uma analogia sobre o trabalho dos professores disciplinares a partir do próximo ano. “Vamos mudar para uma nova casa, com outra arquitetura, onde não estaremos mais sozinhos. Vão se mudar vizinhos, com seus objetos, suas rotinas. Vamos ter que estabelecer novas rotinas em conjunto. Nossos alunos são os visitantes e tudo vai ter que fazer sentido”, falou durante o evento. Para ela, essa forma de trabalho dará aos docentes muito espaço para escolher o que fazer, como fazer. “A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) não é currículo: ela é só a arquitetura da nova casa”.

Superar a fragmentação acarreta um olhar diferente sobre os objetivos didáticos, que devem ir além de repetir os conteúdos de cada matéria. “O centro deixa de ser a disciplina e passa a ser as competências e habilidades que pretendo que meus alunos alcancem”, afirmou Sônia.

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Período de transição

Embora o excesso de especialização das formações docentes e dos currículos escolares anteriores acabasse tornando as pessoas “meio cegas” para o todo, é possível mudar para uma visão abrangente sem grandes sobressaltos, defende Maíra Carnevalle, autora de livros didáticos e editora executiva da Moderna. “A mudança sempre assusta um pouco. Se a gente aceitar que é uma fase de transição, a gente fica mais calmo. Tem que observar muito o aluno”, aconselha.

Se a gente aceitar que é uma fase de transição, a gente fica mais calmo. Tem que observar muito o aluno

Ela reconhece que a realidade na maioria do Brasil será de manutenção da organização escolar, com os mesmos professores, tempos e grades, mas convoca todos os educadores a promoverem as mudanças necessárias. “É um processo que vai começar. Dentro da escola, a gente precisa encontrar brechas. Não dá para se reunir só no cafezinho”, disse.

A escolha de materiais didáticos adequados à realidade pode ser um fator decisivo para que a transição seja de fato tranquila. “O livro é um subsídio importante para o trabalho do professor. Tem que oferecer orientações, dicas, e apresentar os pressupostos e objetivos de cada atividade, indicar como podem ser ampliadas ou adaptadas”, recomendou a historiadora Ana Cláudia Fernandes, durante sua fala na Jornada Digital da Moderna.

Para ela, o ideal seria que os professores das áreas decidissem juntos que coleção desejam adotar, de acordo com suas possibilidades e realidades. Isso porque há opções com as fronteiras entre as disciplinas bem diluídas, outras obras nem tanto.

Depois da escolha feita, dentro de cada área os docentes precisam combinar a ordem em que vão trabalhar. “Os volumes estão orientados por temas, não mais por anos do ensino. Os professores devem trabalhar na mesma ordem, para que realmente aconteça a integração dos saberes”, disse.


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