Novo recurso analisa fluidez de leitura de estudantes da alfabetização
Ferramenta disponível no Microsoft Teams possibilita que o professor crie atividades para que os estudantes leiam cada vez melhor
por Ruam Oliveira 9 de maio de 2022
Muito se diz sobre os desafios da alfabetização e do letramento. E, de fato, eles tiveram crescimento e aprofundamento ao longo dos últimos anos, principalmente devido à pandemia de Covid-19.
De acordo com análise feita pela ONG Todos pela Educação, entre 2019 e 2021, o número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabia ler nem escrever aumentou em 66,3%. Os dados foram trabalhados com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, a Pnad Contínua.
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) coloca a alfabetização como um dos pontos focais dos dois primeiros anos do ensino fundamental. Segundo o texto, é importante a ênfase neste período, pois é por meio de uma boa articulação com a escrita que crianças poderão desenvolver melhor suas habilidades, e, assim, poder se envolver em outras formas de letramento.
Até mesmo antes de a pandemia ter início, muitas escolas e instituições já se preocupavam com a criação de ferramentas que pudessem servir de suporte a esta tarefa tão importante. Mas após a fase mais aguda de pandemia é que ficou mais evidente o quanto é positivo unir a tecnologia neste processo.
Um exemplo de uso da tecnologia como suporte à alfabetização é a chamada “Progresso da Leitura“, um recurso incluído no Microsoft Teams que permite aos professores e professoras a criação de tarefas de leitura em que se consiga observar o quanto o aluno tem fluência, dificuldades com vocábulos e porcentagem de acertos de palavras.
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O professor Henrique Romano Carneiro, gerente de operações na Escola São Domingos, no Espírito Santo, comenta que o uso de ferramentas como essa pode estar associado a objetivos relacionados entre si e que estão dentro do guarda-chuva da alfabetização.
O primeiro é o engajamento que é possível conseguir com os estudantes. “A gente sabe que nessa faixa etária, de sete ou oito anos, eles estão muito entusiasmados por estarem aprendendo a ler”, comenta Henrique. E o contato com uma ferramenta que informa quantas palavras acertou e o que pode ser aperfeiçoado contribui muito.
Ao se deparar com 70% de acerto em uma leitura, o estudante pode verificar seus erros e também ser instigado a uma autoavaliação.
É importante frisar que cada ferramenta digital que é incluída em sala de aula precisa da intervenção do professor ou professora.
Não é recente que muitos livros e textos sejam lidos de maneira digital. Então, incluir a tecnologia nos processos de alfabetização acaba sendo um caminho até mesmo mais prático de incentivo.
Fernando Puertas, educador Microsoft, destaca: à medida que o estudante percebe melhorias na fluidez da leitura, é muito mais provável que o gosto pela leitura cresça junto. No entanto, ele também ressalta que a intenção que o docente tem com a atividade é primordial para que faça sentido ao estudante e que esse engajamento ocorra.
Ou seja, ter uma ferramenta que, por meio de inteligência artificial, apresenta dados e informações sobre a fluidez da leitura sem que esteja integrada com intenção, pode diminuir a potencialidade de engajamento com a leitura.
Henrique afirma que a escola onde atua utiliza o recurso também como ferramenta híbrida, ou seja, como parte de exercícios que o estudante precisa fazer fora do período de aulas presenciais.
Outro ponto levantado pelo educador é que usar ferramentas digitais na leitura também é uma forma de trabalhar a cidadania digital. Isso porque o contato com a tecnologia educacional coloca tanto o docente, quanto o aluno, de frente com a possibilidade de manuseio e aprendizagem dessas tecnologias.
Dados de apoio
Dentro desta ferramenta há um recurso chamado “Insigths”, que traz dados referentes à fluidez dos estudantes, quantidade de erros cometidos etc. Para Fernando, ao ter acesso a esse tipo de conteúdo, os educadores conseguem traçar um indicativo a respeito dos tempos de aprendizagem de cada aluno.
É sabido que os estudantes possuem ritmos diferentes. E ter uma noção mais detalhada, com porcentagens e informações relativas aos erros e acertos, é uma maneira de traçar metas e estratégias para a alfabetização da turma.
“O professor pode ajustar a dificuldade dos textos para cada aluno. Se o aluno está numa instância mais avançada de leitura e alfabetização, ele pode já trazer os textos um pouco mais difíceis para aquele aluno. Se o aluno está com mais dificuldade em alguns aspectos, um texto que trabalhe melhor as dificuldades que está vivenciando”, aponta Fernando.
Para ele, é como se fosse possível pensar estratégias de educação cada vez mais personalizadas, de acordo com as demandas e necessidades de cada estudante.