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Inovações em Educação

Organização ensina adolescentes a criarem startup

Learning Curve quer desenvolver o empreendedorismo e direcionar jovens de baixa renda e mulheres a carreiras de ciência e tecnologia

por Fernanda Nogueira ilustração relógio 14 de julho de 2015

Criada pela empreendedora Tamecca Tillard em 2014, a organização americana Learning Curve tem um objetivo desafiador. Quer incluir jovens de baixa renda e mulheres no promissor mercado das startup-ups e em carreiras nas áreas de ciências, tecnologia, engenharia, artes, matemática e design (conhecidas pela sigla STEAMD, em inglês). Para isso, criou um programa de aceleração de negócios para estudantes do ensino médio, além de cursos de curta duração voltados ao empreendedorismo. “O fluxo de negócios atual está concentrado e é dominado e controlado por homens brancos, enquanto que a base dos clientes não é branca e conta com 50% de participação das mulheres”, diz Tamecca.

Com um programa de aceleração que já formou 19 estudantes, a Learning Curve pretende mudar o cenário e ajudar as comunidades marginalizadas a conquistar participação na economia das startups. Oferecido em Nova York, onde fica a organização, o curso imersivo de um mês de duração combina a aprendizagem prática e o empreendedorismo. Durante o processo, os jovens fazem um mergulho profundo na cultura da comercialização, da inovação e do investimento. Eles são incentivados a transformar um conceito de negócio em uma startup em 30 dias.

Entre os temas de estudos estão a resolução de problemas, o papel do design na formulação de soluções e o relacionamento com co-fundadores da empresa e com investidores. Durante a experiência, os estudantes aprendem a comercializar uma ideia e a se conectar com a indústria por meio de programas de mentoria e de oportunidades de estágio. O método se chama “M3 Accelerator”. Os três Ms são das palavras em inglês “make”, “monetize” e “matter”. A ideia é que os alunos aprendam a fazer (make) e tornar rentáveis (monetize) invenções que importam (matter).

O principal objetivo do curso é ensinar como criar um produto minimamente viável para o negócio. A parte do “fazer” inclui aprendizados tecnológicos fundamentais, como HTML 5, CSS3, JavaScript, BootStrap e WordPress, que possibilitam que o empreendedor consiga criar um protótipo fiel e possa fazer uma série de experimentos capazes de levar a ideia inicial a um modelo de negócio. Para tornar a ideia rentável, os alunos pesquisam quem são seus potenciais clientes e descobrem que espaço o produto pode ocupar no mercado. A parte da “importância” do programa fala sobre o design centrado no humano e sobre o enorme papel e impacto do bom design.

Os participantes contam com uma série de auxílios, como financiamento para seus negócios, transferência de tecnologia da universidade, licenciamento, marketing digital, aquisição de clientes e curadoria de conteúdo. O modelo prevê que o ensino e a colaboração sejam muito encorajados, para estimular e sustentar o entusiasmo dos estudantes pelo aprendizado. As aulas podem ser dadas por líderes empresariais, políticos, designers e outros empreendedores. “Nós temos que parar de ensinar aos jovens que empreender é arriscado. Ao invés disso, temos que ensiná-los como aplicar os princípios dos métodos científicos para iniciar e fazer crescer um negócio. Isto inclui desenhar e implementar experimentos, coletar e avaliar dados, construir protótipos e aprender pela observação”, diz Tamecca. Como aceleradora, a Learning Curve faz um investimento inicial no projeto, combinando serviços de consultoria e um pequeno capital. Para participar do curso, os jovens passam por um processo de admissão, que solicitações escritas e entrevistas.

Um dos projetos iniciados na organização é o site www.justjake.us, atualmente em construção, que irá ajudar estudantes do ensino médio a encontrar atividades e oportunidades em Nova York de acordo com seus interesses, como estágios, voluntariado, esportes e artes. Criado por quatro adolescentes, o site tem atraído parceiros, segundo Tamecca. Um dos passos dados pelos jovens por trás do JustJake foi fazer uma pesquisa com outros jovens sobre atividades que gostariam de ver no site. Os adolescentes empreendedores usam as páginas do projeto no Facebook (https://www.facebook.com/Jakeinfo?ref=bookmarks) e no Twitter (https://twitter.com/justjakenyc) para se comunicar com seu público antes mesmo de finalizar o site.

Nós temos que parar de ensinar aos jovens que empreender é arriscado. Ao invés disso, temos que ensiná-los como aplicar os princípios dos métodos científicos para iniciar e fazer crescer um negócio

Além de trabalharem em seus projetos de startups, os jovens atendidos pela organização continuam a lidar com as obrigações ligadas aos estudos no ensino médio e esperam completar 18 anos para poderem avançar na formação jurídica de seus negócios. A Learning Curve auxilia os adolescentes ainda a conseguirem estágios, principalmente em outras startups de tecnologia.

Cursos curtos
Os cursos de curta duração gratuitos da organização já tiveram a participação de mais de 150 jovens. Um deles, oferecido em fevereiro deste ano, foi voltado ao mercado dos cosméticos. Os alunos aprenderam a formular produtos, a cultivar linhas e a criar uma marca. Tiveram contato com executivos da indústria e receberam treinamento prático dado por químicos experientes da área. Outro curso falou sobre a indústria dos games. O seminário teve aulas sobre mecanismos de desenvolvimento de produto, pensamento baseado no design, o papel e a aplicação da arte, carreiras na área e formas de rentabilizar a atuação na indústria. “Jovens que estão expostos ao empreendedorismo apropriam-se de seus resultados pessoais e comunitários, dada a sua consciência aguda do mercado – clientes, problemas, recursos, trabalho. O empreendedorismo também incentiva fortemente experiências autodidatas em várias disciplinas, que faz com que se tornem pessoas que aprendem por toda a vida”, afirma Tamecca.

Doações

O site da organização traz os nomes e as fotos dos 19 jovens já formados no programa “M3 Accelerator” e que já têm projetos de startups prontos para saírem do papel. A organização busca patrocinadores para as startups e para seus projetos. Doações são aceitas com valores entre US$ 5 e US$ 5.000. Outro tipo de doação possível são produtos, como computadores, e serviços, como redes wireless, para os cursos da organização. Empresas podem ainda oferecer espaços para cursos, patrocinar eventos e contratar estagiários por meio da organização. É possível ainda participar como professor.


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ciências, competências para o século 21, educação mão na massa, empreendedorismo

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