Prestígio do professor e desempenho do aluno caminham juntos
Pesquisa realizada pela Varkey Foundation analisa como diferentes sociedades enxergam a carreira do professor; Brasil cai para último lugar entre 35 países
por Redação 8 de novembro de 2018
Existe uma relação direta entre o prestígio do professor em uma sociedade e o desempenho escolar dos alunos, segundo mostra a pesquisa Global Teacher Status Index 2018, realizada pela Varkey Foundation, uma organização beneficente britânica. De acordo com a publicação, países com maior prestígio docente apresentam melhores pontuações no PISA, a avaliação para alunos de 15 anos promovida pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
No caso do Brasil, que caiu para a última posição entre 35 países pesquisados, essas conclusões refletem a má classificação na prova internacional. Na edição de 2015, entre 70 participantes, o país ficou na 63ª posição em ciências, 59ª em leitura e 66ª em matemática. A pesquisa também mostrou que os brasileiros classificam o seu sistema de ensino em um nível inferior ao de praticamente todas os países pesquisados, com uma pontuação de 4,2 em uma escala de 0 a 10.
Quando questionados sobre qual é a profissão mais comparável à de professor no Brasil, os entrevistados citaram bibliotecário (29%) e assistente social (23%). Apenas 8% consideram que os educadores podem ser comparados aos médicos. Menos de um em cada 10 brasileiros acha que os alunos respeitam seus professores.
Realizada pelo professor Peter Dolton e pelo Instituto Nacional de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido, o levantamento ouviu 35.000 pessoas com idade entre 16 e 64 anos e 5.500 professores da educação. A publicação dá sequência a uma série conduzida pela Varkey Foundation há cinco anos, que serviu de inspiração para a competição Global Teacher Prize, popularmente conhecida como prêmio nobel da educação.
Em 18 dos 35 países pesquisados neste ano, os professores ganham um salário menor do que a amostra de pesquisados considera justo para a profissão. Na maioria dos países também existe uma visão distorcida sobre a quantidade de horas trabalhadas: professores trabalham muito mais do que o senso comum acredita.
O estudo também mostrou que a carreira docente tem sido mais valorizada no mundo. Dos 21 países consultados na primeira edição, em 2013, 13 deles apresentaram aumento na pontuação. Os que obtiveram a melhora mais significativa foram o Japão, que saiu 7ª posição para 11ª posição, e a Suíça, do 15º para o 8º lugar.
Apesar dos avanços no quadro geral, os entrevistados ainda afirmam não acreditar que a remuneração dos professores é adequada e sentem que as suas horas de trabalho são subestimadas. Em 28 dos 35 países envolvidos na pesquisa, os educadores possuem salários inferiores ao que as pessoas consideram justo para a profissão.
A OCDE, responsável pelo PISA, defende que o resgate do prestígio do professor passa por tornar a carreira intelectualmente atrativa. Em entrevista ao Porvir, Andreas Schleicher afirmou que além de melhores salários, é preciso tornar a profissão intelectualmente atrativa e melhorar o processo de seleção de profissionais candidatos a comandar uma sala de aula.