Professora que fundou própria escola aos 13 anos é eleita a melhor do mundo
Paquistanesa Sister Zeph é a vencedora do Global Teacher Prize 2023, prêmio conhecido como "Nobel da Educação"
por Ana Luísa D'Maschio 9 de novembro de 2023
A professora paquistanesa Sister Zeph (Riffat Arif), que fundou a própria escola no pátio de sua casa aos 13 anos, foi eleita a melhor professora do mundo em 2023 pelo Global Teacher Prize, reconhecido como o “Nobel da Educação”.
A premiação da Fundação Varkey, em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é realizada desde 2014 e oferece US$ 1 milhão (aproximadamente R$ 5 milhões) ao educador vencedor. Mais de 7 mil professores, de 130 países, se inscreveram neste ano. O professor Alberto Rodrigues dos Santos, que leciona arte apoiada em tecnologia e no protagonismo dos estudantes, foi o único brasileiro entre os 50 finalistas.
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A história inspiradora da vencedora do Global Teacher Prize
Cansada de ser discriminada na escola por ser mulher e cristã, Zeph decidiu abandonar a própria escola quando estava no 7º ano, depois de receber um tapa no rosto de um professor, em frente de toda a classe. Prometeu que nunca mais voltaria. Passou a estudar sozinha em casa, lendo jornais e ouvindo as notícias em inglês, e decidiu disponibilizar o que aprendeu para outras meninas e meninos de sua vizinhança, tanto cristãos quanto muçulmanos. Aos 13 anos, montou a própria escola no quintal de casa.
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Sister Zeph tem dois mestrados, em ciência política e história, pela Universidade de Punjab. Em breve, será bacharel em educação pela Universidade Allama Iqbal.
Atualmente, a professora trabalha em Gujranwala, com estudantes de 11 aldeias próximas que frequentam duas escolas e o centro de habilidades operado pela Zephaniah Education and Empowerment Foundation. A organização oferece educação formal e gratuita em ambas as escolas (até o ensino médio para meninas e até o 5º ano para meninos).
Já no centro de habilidades, são oferecidas aulas de inglês, cursos de beleza, costura, gestão financeira e artes. Por lá, atuam 12 professores em tempo integral (tanto nas escolas quanto no centro). Há cursos via Skype com educadores da Europa, Estados Unidos e outros países.
Uma funcionária da Zephaniah Education, chamada Tayyeba, teve que deixar a escola no 9º ano para ajudar a família após a morte de seu pai. Sister Zeph a convenceu a continuar os estudos no centro de habilidades. Hoje, Tayyeba administra seu próprio salão de beleza enquanto completa seu mestrado na Universidade de Punjab, e trabalha na Fundação Zephaniah como assistente executiva. Há outras histórias de sucesso da organização – alunos agora estão em faculdades e universidades, outros são proprietários de pequenos negócios.
Com o valor do Global Teacher Prize, a Sister Zeph planeja construir uma escola para receber crianças das famílias mais pobres do país, onde possam ser educadas sem discriminação. Ela também gostaria de criar um abrigo para órfãos, com alimentos cultivados na propriedade.
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Histórico do Global Teacher Prize
- 2015: Nancie Atwell dos Estados Unidos, professora de inglês que fundou e dirigiu uma escola rural.
- 2016: Hanan Al Hroub, da Palestina, que apoia crianças a superarem episódios traumáticos de violência.
- 2017: Maggie MacDonnell, do Canadá, que trabalhou em uma comunidade remota, enfrentando altas taxas de suicídio adolescente e promovendo esperança e resiliência.
- 2018: Andria Zafirakou, do Reino Unido, professora de arte em uma escola etnicamente diversa.
- 2019: Peter Tabichi, do Quênia, que ensina matemática e física em uma escola com 1 computador para cada 58 alunos.
- 2020: Ranjitsinh Disale, da Índia, que teve um impacto significativo transformando a educação de meninas e incorporando tecnologia na aprendizagem.
- 2021: Keishia Thorpe, dos Estados Unidos, professora de inglês especializada em trabalhar com estudantes imigrantes e refugiados, ajudando-os a acessar a universidade.