Professora trabalha cidadania digital com turma do ensino fundamental
Durante aula de educação socioemocional, estudantes foram estimulados a refletir sobre consumo consciente de informação e responsabilidade nas redes
por Juliana Hernandes 30 de setembro de 2020
Sou professora de educação socioemocional no Externato São José, em Atibaia (SP). Em uma das minhas aulas remotas, após trabalhar um texto do material didático em que os personagens discutiam sobre verdades e mentiras na internet, estimulei a minha turma do quarto ano do ensino fundamental a discutir o consumo consciente de informação e a responsabilidade no ambiente digital.
Depois de refletir sobre a leitura realizada em aula, fizemos uma dinâmica sobre verdades e mentiras. Cada aluno tinha que escrever três frases sobre si, em que uma seria mentira e as outras duas seriam verdades. A partir dessa atividade, eu trouxe a provocação: E você, o que tem buscado nas redes sociais? Será que esses conteúdos são verdadeiros? O que você tem compartilhado nesse ambiente? Você sabe se essas informações são confiáveis?
Com esses questionamentos, a cabecinha deles começou a ferver. Eles me falaram que nunca tinham pensado nisso e também trouxeram para o debate a questão dos YouTubers, que em alguns casos apresentavam falas carregadas de preconceito e julgamento.
Usamos todas essas reflexões para os estudantes percebem como eles estão se alimentando no ambiente digital e quais mensagens eles estão repassando para a sua rede. Eles entenderam que se consumissem e compartilhassem informações falsas, estariam ajudando a espalhar uma fake news.
A reflexão que eles fizeram em torno do tema também levou a turma a calcular e questionar o tempo que elas gastam nas redes sociais e na internet de uma forma geral. Aproveitei para também aproximar esse debate da neurociência, para falar sobre os inimigos de um cérebro saudável.
Uma aula, que teve início com a leitura de texto, abriu um leque tão grande de possibilidades que trabalhamos esse tema durante um mês. Eu abri espaço para a fala dos estudantes de tão interessante que o assunto ficou. Eles pesquisaram e se envolveram muito.
Acabei terminando a atividade essa semana com a construção de um plano de hábitos. As crianças refletiram sobre o seu consumo de informação, como compartilham e produzem conteúdos na internet e sobre quanto tempo gastavam nas redes sociais. A partir desse mapeamento, eles fizeram uma proposta de mudança para ter uma rotina mais saudável e regrada no ambiente digital.
Dentro da aula de educação socioemocional, a educação midiática me ajuda a trabalhar uma série de competências, como a empatia, autopercepção, autocontrole, motivação e cidadania.
Juliana Hernandes
Neuropedagoga, palestrante e trabalha na área da educação desde 1997. Já trabalhou como Coordenadora Pedagógica, professora de Educação Infantil e Ensino fundamental I. Atualmente também faz parte da humanização do Hospital das Clínicas em São Paulo, como Doutora Palhaça Hospitalar (voluntária). Na Ong Canto Cidadão atua como monitora de novos voluntários através de treinamentos práticos e teóricos. Tem pós graduação em Gestão Escolar e Neurociência, e está cursando pós graduação em Educação Socioemocional. Possui formação nas áreas de Programação Neurolinguística, Métodos de Alfabetização, Escrita musical, Teatro e Improvisação. É uma das idealizadoras do projeto Conexão Aprendizagem e Saúde Mental, onde realiza mentorias pedagógicas, orientação e suporte pedagógico em consultório em Atibaia. No Externato São José atua como professora de Educação Socioemocional, utilizando o programa LIV - Laboratório Inteligência de Vida. Como mediadora, realiza encontros virtuais e presenciais para pais e professores.