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Inovações em Educação

Programa que leva F1 a escolas chega ao Brasil

15 colégios de SP desenvolverão réplicas de carros de corrida; alunos podem ser contratados para trabalhar na competição

por Patrícia Gomes ilustração relógio 28 de janeiro de 2014

O ronco dos motores dos carros de Fórmula 1, que já despertou paixões em gerações de meninos e meninas no Brasil, não precisa mais ficar restrito às transmissões de corrida pela televisão. Alunos brasileiros de 14 a 19 anos passam a participar, a partir deste ano, da Formule1 in Schools, uma competição internacional apoiada pela própria Fórmula 1 e que os desafiará a desenvolver uma miniatura de um carro da competição. Os veículos são completamente desenhados, prototipados e testados por jovens de escolas integrantes do programa. Além de participar de um campeonato com etapas nacionais e internacional, os alunos que mais se destacarem também podem chamar a atenção das escuderias, receber propostas de trabalho ou ganhar bolsa de estudos.

“Embora pareça simples a tarefa de fazer um carro em escala, as soluções apresentadas pelos alunos são muito boas e surpreendem”, conta Manoel Belém, responsável por trazer a competição para o Brasil. Neste ano, ele vai trabalhar com 15 escolas particulares de São Paulo participantes do programa. “Temos que começar com calma porque estamos 12 anos atrasados em relação aos outros países do mundo”, completa Belém, físico de formação e amante de tecnologia. Para ele, que acompanhou a etapa internacional da competição no ano passado, os jovens terão a chance de aprender tópicos Stem (acrônimo em inglês que designa a área formada pela conjunção de ciências, tecnologia, engenharia e matemática), que serão úteis para a vida acadêmica.

Mas essa não é o principal vantagem do programa: “Aqui eles simulam as dificuldades da vida real: competição, estresse, trabalho em equipe, frustração e satisfação”, diz. A intenção é, segundo o site do desafio, “ajudar a mudar a percepção de engenharia, ciência e tecnologia, criando um ambiente de aprendizado divertido e emocionante para os jovens”. Entre os conhecimentos trabalhados no programa estão os de física, aerodinâmica, design, marketing, comunicação e estratégia financeira.

No mundo, a competição já existe há 12 anos e, nesse tempo, chegou a 20 milhões de estudantes em 40 países. Em todos eles, o programa segue mais ou menos as mesmas etapas. Primeiro, as escolas montam equipes de três a seis alunos – nesse ponto, ressalta Belém, quanto mais heterogêneo, melhor o time. Depois, os jovens devem montar uma espécie de plano de negócios, que os acompanhará ao longo de todo o processo. Nesse plano, os estudantes determinam seu orçamento e avaliam se venderão cotas de patrocínio para, por exemplo, custear uniformes ou eventuais viagens.

Em um projeto como esse, o mais importante é que o aluno se sente empoderado. Daí para frente, o céu é o limite para ele

Na sequência, eles receberão um software para desenhar seu protótipo. A partir daí, passam a vivenciar a elaboração do carro propriamente dita: eles desenham, constroem, avaliam e testam seu produto. Belém está construindo, com a ajuda de parceiros, dois centros de excelência com o maquinário necessário para testar os carrinhos. Com o produto pronto, é hora de participar das etapas nacionais da competição. O time vai apresentar o veículo que construiu e, em seguida, os jovens colocam o carro para correr em disputas de 20 metros. Todo o processo será avaliado por uma equipe de engenheiros e o melhor projeto representará o Brasil na final internacional, que ocorre em Abu Dabi, nos Emirados Árabes.

A premiação é entregue pelas mãos de integrantes da Fórmula 1 para estimular os meninos a querer frequentar os paddocks de verdade, na vida real. E eles ficam por ali em busca de talentos. Os alunos que se destacam podem receber uma proposta de trabalho ou até mesmo bolsa de estudos. “Vocês acham que a Fórmula 1 faz isso por quê? Por caridade? Claro que não! Porque ela precisa de gente que não tem medo de ousar, gente com vontade de trabalhar”, afirma Belém, que acredita que muitos talentos despertam a partir de ambientes motivadores. “Em um projeto como esse, o mais importante é que o aluno se sente empoderado. Daí para frente, o céu é o limite para ele”, afirma o empreendedor, que também tem no currículo o fato de ter criado outro programa de Stem, o SpaceTrip4Us, em que os alunos podem projetar e desenvolver satélites.

Veja vídeo feito para a etapa internacional da competição do ano passado, que aconteceu em Austin.

 


TAGS

aprendizagem baseada em projetos, ciências, educação integral, engenharia, projeto de vida, tecnologia

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