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Inovações em Educação

Projeto quer melhorar imagem do professor no Chile

Elige Educar busca quebrar estereótipos em torno da profissão e atrair os melhores estudantes para cursos de licenciatura

por Vagner de Alencar ilustração relógio 19 de julho de 2013

“Vai morrer de fome”, “É uma profissão sem futuro” ou “Entrar em uma sala de aula é como entrar em um campo de guerra”. Muitos professores ou aspirantes a professores já ouviram – ou estão cansados de ouvir – referências como essas. Porém, uma iniciativa chilena quer acabar com os estereótipos negativos em torno da docência. Criada há três anos, a ONG Elige Educar (Escolha Educar, em tradução livre) parte de dois objetivos para atingir essa meta. Primeiro, acabar com a desvalorização social do professor, tornando o ensino uma opção de carreira atraente. Segundo, estimular estudantes, do ensino médio, a optarem por cursos de pedagogia, a partir de encontros motivacionais nas escolas. E a organização quer ir mais além: fazer com que 30% dos estudantes matriculados em licenciaturas, em 2014, estejam entre os com as melhores notas do país e que o curso de pedagogia se torne uma das cinco carreiras mais concorridas no território – hoje o curso é um dos menos procurados.

Para alcançar essa proeza, a corrida diária da Elige Educar tem sido chegar às instituições públicas e privadas, de ensino básico ou superior, realizando palestras por meio de uma equipe formada por 40 profissionais de diferentes áreas, como pedagogia, sociologia e filosofia, que atuam em Santiago e regiões vizinhas à capital.

De acordo com Hernán Hochschild, diretor executivo da Elige Educar, a iniciativa surge em torno do princípio básico de que um bom professor é o principal fator de aprendizado na educação de uma criança. “Um estudante passa, em média, 12 mil horas em frente a um professor durante sua trajetória escolar e cada professor pode educar cerca de seis mil alunos ao longo de sua carreira”, pontua. “Precisamos de bons professores porque os sistemas educativos mais exitosos do mundo estão concentrados nos professores e atraindo os alunos academicamente destacados para as carreiras de educação. No Chile, infelizmente, acontece ao contrário”, diz.

Além de atrair esses alunos para à docência, a ONG realiza campanhas para o público em geral, pais, professores, estudantes de ensino médio e superior. A intenção é, além de estimular e influenciar o ingresso na carreira, pressionar o poder público para a formulação de políticas em torno da formação do professores e da melhoria da qualidade de trabalho.

No Chile, os salários dos professores aumentaram 200% nos últimos anos. Todavia, falta muito, mas as políticas públicas estão tentando equiparar o salário com o de outras profissões

“No Chile, os salários dos professores aumentaram 200% nos últimos anos. Todavia, falta muito, sabemos disso, mas as políticas públicas estão tentando equiparar o salário com o de outras profissões. Agrônomos, sociólogos, químicos, jornalistas não ganham necessariamente mais que um professor”, assegura.

Estudos internacionais salientam a importância do professor na educação. Um dos exemplos mais famosos é o da Finlândia, que vem assumindo as primeiras colocações, nos últimos quatro anos, de melhor educação em todo o mundo. A receita de sucesso em um discurso dado por Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação e Cultura do país, está na liberdade que o educador tem para trabalhar e não em métodos pedagógicos revolucionários ou no uso da tecnologia em sala de aula.

Na editoria “Como Ser parte”, no site da organização, as pessoas são chamadas a levar a mensagem e ajudar talentos a seguirem a docência, “curtindo” a página do Facebook ou seguindo o Twitter da ONG. Para estreitar os laços entre estudantes e professores, qualquer interessado pode homenagear um professor, subindo um foto do educador e escrevendo uma mensagem para compartilhá-la nas redes sociais.

crédito Divulgação

 

Os pais também são encorajados a falar sobre a profissão de docente aos filhos. Enquanto isso, os educadores podem compartilhar suas experiências em vídeo, depoimentos em texto, ou até mesmo se tornar uma espécie de embaixador, assumindo o compromisso de instruir os alunos sobre a vocação à docência. Já aos universitários em pedagogia, a ideia é que possam contar suas histórias e como planejam se tornar profissionais bem sucedidos. Por fim, aos estudantes do ensino médio lhes são apresentados informações sobre as melhores universidades de licenciatura, bem como bolsas e histórias de sucesso.

Para ampliar o campo de atuação, a ONG pretende aumentar o número de campanhas de mídia (imprensa, televisão e rádio), assim como a quantidade de encontros com estudantes, oferecer mais bolsas de estudos e acompanhamento aos universitários em pedagogia, além de se articular com universidades e outras organizações para a criação de políticas públicas.

Hochschild afirma que a proposta é também sistematizar e internacionalizar o modelo, que pretende também focar na produção materiais – documentos, infográficos, vídeos, apresentações etc. – para melhorar a imagem dos professores, que poderão ser usados, inclusive, em sala de aula para crianças de todas as idades.


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formação inicial, negócios de impacto social

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