Projeto leva educação intercultural para as escolas
EduAction reúne voluntários diferentes países e leva o ambiente de inovação para a rede pública de Porto Alegre
por Marina Lopes 9 de outubro de 2014
De um lado, voluntários internacionais dispostos a conhecer uma nova realidade. Do outro, alunos da rede pública se relacionando em um ambiente multicultural. Essa é a essência do EduAction, projeto que utiliza métodos alternativos de aprendizagem para levar a inovação e a criatividade para dentro das escolas. Com o objetivo de trazer mais dinamismo para a educação, daí o nome da iniciativa, a ação conta com o apoio de jovens de diferentes partes do mundo para trabalharem com turmas do 8o e 9o do ensino fundamental da rede pública de Porto Alegre.
O trabalho funciona a partir de jogos e dinâmicas, e durante oito semanas os voluntários promovem workshops com os estudantes sobre temas como liderança, responsabilidade social, diversidade cultural, sustentabilidade, inovação, criatividade e desenvolvimento pessoal. Tudo isso com o apoio da equipe responsável pelo EduAction. “Cada um tem um pouco para ensinar de outros países por meio da educação”, explica Matheus Freire, gestor de marketing do projeto e coordenador de uma das equipes.
Criado na cidade de Porto Alegre em 2009, o EduAction surgiu a partir de uma rede da AIESEC – organização global que desenvolve a liderança nos jovens por meio de intercâmbios. A partir daí, ele se expandiu e passou a atuar em outros países da América Latina, todos seguindo a mesma estrutura de workshops e dinâmicas. Hoje, o projeto já está presente em países como Colômbia, México, Peru e Uruguai, atingindo 30 mil estudantes.
“Nós tentamos criar novos ambientes de trabalhos para os alunos. A ideia é levar a multiculturalidade para as escolas da América Latina. Trazemos voluntários internacionais que tratam sobre temas que não estão inclusos no currículo”, definiu a pedagoga Valeria Bermúdez. De origem mexicana, ela já participou do projeto como voluntária e após a experiência decidiu levar a iniciativa para seu país, atuando como coordenadora.
De acordo com a pedagoga, as trocas culturais proporcionadas pela relação dos estudantes com voluntários de outros países ajudam romper com estereótipos, promover a aceitação da diversidade e, ao mesmo tempo, perceber que também existem semelhanças entre eles. “É uma educação que mostra que o mundo é diferente, mas ele trabalha em conjunto.”
Motivação para ambos os lados
Para colaborar no EduAction, o voluntário deve ser estudante universitário ou recém-formado, com idade entre 18 e 30 anos. Eles são acolhidos em casas de família nos países que são recrutados e recebem um treinamento para atuarem nas escolas, além de participar de algumas aulas para o melhor domínio no idioma local. Até agora, o projeto já contou com a participação de mais de 800 voluntários, entre 300 internacionais e 500 locais.
E se por um lado a experiência é interessante para os voluntários, por outro, os alunos das escolas que recebem o projeto também se motivam com essa troca de culturas. “É uma experiência bastante gratificante porque permite que eles vejam uma outra realidade, tendo o outro como um exemplo. O resultado que nós avaliamos é que isso motiva os alunos. Mostra como jovens distintos podem ser tão similares”, disse Valéria.
Segundo Matheus, o recorte de trabalhar com alunos de 13 e 14 anos levou em conta alguns fatores. Um deles é a evasão escolar no país, já que os anos finais concentram as maiores taxas de abandono no ensino fundamental, que de 4,1%, segundo o Censo Escola 2012, quando na etapa inicial esse número cai para 1,4%. “O fundamental 2 não tem aquela conexão com a vida do estudante. Ele tem que sair do currículo escolar [tradicional] e das matérias fixas”, menciona, ao falar da importância trazer novos temas para dentro da escola.
Financiamento coletivo
Para ampliar o alcance do projeto, transformando-se em uma ONG, o EduAction está captando recursos em uma campanha no Catarse. Eles têm até o dia 20 de outubro para arrecadar R$ 18.800. O valor será destinado aos gastos burocráticos para a abertura da ONG e o financiamento de dez voluntários internacionais. Os apoiadores podem contribuir com valores a partir de R$ 10. Como contrapartida, eles recebem convites para participar de workshops, certificados digitais, postais internacionais, entre outros.
* Texto atualizado às 13:22h, de 10/10/2014