Segurança online deve estar no topo da lista de tarefas da liderança escolar
Garantir a segurança digital tanto dos estudantes, quanto de toda a comunidade escolar é uma das tarefas primordiais para a gestão
por Ruam Oliveira 16 de dezembro de 2021
Muitos dizem que os dados são o novo petróleo. Como assim? Eles são tão valiosos que quase todo mundo quer ter. São, em outras palavras, fonte de riqueza. E esses dados podem ser desde informações básicas como seu nome, idade, data de nascimento, como aspectos mais complexos como senhas ou informações sigilosas.
Por isso, é cada vez mais urgente criar estratégias de segurança quando se pensa a tecnologia dentro de sala de aula e no ambiente escolar. É um aspecto da educação se preocupar e se preparar para esse cenário em que o digital está cada dia mais presente. Afinal, é praticamente impossível ter zero contato com tecnologia nos dias de hoje.
Qual educador, principalmente nos últimos dois anos, não parou para aprender a utilizar um aplicativo novo ou ferramenta nova que seja digital? Ou que não precisou acessar plataformas de videoconferência como o Teams, por exemplo? A resposta para essas perguntas é que, provavelmente, quase todos os profissionais de educação precisaram lidar com algo do tipo.
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A pesquisa TIC Educação 2020 também mostrou que 41% das escolas possuem um documento que define a política de proteção de dados e de segurança da informação, o que evidencia a preocupação com esse aspecto nas instituições.
Educar para um mundo online é quase um imperativo. “Para que tanto as escolas, quanto os educadores e os alunos possam proteger seus dados e informações, há uma série de comportamentos que indicamos como fundamentais para que todo e qualquer acesso a sites ou plataformas, possa ser feito de maneira segura”, sugere Vanessa Pádua, diretora de cibersegurança da Microsoft América Latina e Caribe.
Essa questão de segurança passa pelo aspecto comportamental, que diz respeito a saber lidar com a internet. Um estudante que está aprendendo por meio de uma plataforma virtual precisa compreender que existem pessoas mal intencionadas, e que alguns links podem ser nocivos para sua navegação na internet. E isso para além do que se faz ou aprende em sala de aula. Em qualquer navegação é necessário ter essa percepção.
“Educadores e educadoras devem, antes de tudo, aprender e compreender todas as funcionalidades oferecidas pelos aplicativos e sites utilizados para a proposta pedagógica, assim sobre como realizar as configurações de privacidade e segurança para que possam não somente garantir a sua, mas também ensinar seus alunos a tirar o melhor e mais seguro proveito das oportunidades que tais ferramentas oferecem”, afirma Alessandra Borelli, advogada e CEO da Opice Blum Academy.
Há também um papel central da gestão, por exemplo, em incluir a segurança como algo primordial dentro do projeto de tecnologia das instituições de ensino. A partir do momento em que se reconhece a importância de proporcionar um ambiente seguro aos estudantes e comunidade escolar como um todo, é sempre urgente se preparar e preparar o entorno para essa garantia de proteção.
Silvia Scuracchio, diretora pedagógica da Escola Bosque, pontua que uma forma encontrada pela instituição para garantir a segurança dos estudantes é manter as principais ferramentas dentro do ambiente que é controlado pela escola. Os sites e aplicativos mais usados pelos professores são adicionados à plataforma Teams e, assim, a gestão pode acompanhar melhor todos os processos.
A escola também faz uso de um programa de gerenciamento de dispositivos a partir da nuvem chamado Intune, que consegue acompanhar sites que os estudantes estão acessando e impedir que entrem em páginas maliciosas.
“Na navegação na internet como um todo, recomendamos fortemente que alunos, professores e profissionais de gestão das escolas estejam atentos se o site que está sendo acessado é seguro e confiável. Algumas vezes há um alerta de que o site pode ser malicioso e, quando isso acontece, o ideal é não o abrir para evitar comprometer o dispositivo e os dados que contém nele”, sugere Vanessa.
Ela dá algumas dicas que podem ser úteis para transmitir aos educadores, gestores, estudantes e até mesmo para as famílias – cada vez mais integradas na rotina escolar – para verificar se o site está seguro.
Uma delas é observar sempre o endereço do site. Por vezes, links diretos podem conduzir o usuário a sites maliciosos, feitos para roubar informações. Caso o site a ser visitado seja conhecido, o melhor é digitá-lo manualmente, aconselha a especialista. Por exemplo, se quiser conferir as novidades no Porvir e não tem certeza do link que chegou até você, o ideal é digital: www.porvir.org no seu navegador. Assim, você garante que estará no endereço correto e livre de sobressaltos. Essa dica é válida para qualquer site que você conheça: microsoft.com, sway.office.com, participacao.porvir.org etc.
Silvia conta que na escola eles realizam um projeto voltado para a cidadania digital com alunos da educação infantil até as séries finais. A ideia é apresentar como funciona a tecnologia, quais os riscos e que existe a possibilidade de que estejam vulneráveis a ataques dependendo do site acessado. Usando como exemplo a própria estrutura de segurança, a escola compartilha com os estudantes como cada um está protegido, a estrutura e quais são os cuidados tomados no ambiente.
Mas essa abordagem de cidadania digital não se trata unicamente de apresentar o que há de negativo ou perigoso, mas também das potencialidades do uso da tecnologia.
“Eu acho que o aluno tem que aprender a tomar os cuidados necessários, mas também saber que, se ele está usando aquilo para o bem, por exemplo, quando eles divulgam um projeto de sustentabilidade ou eles ensinam alguém a fazer alguma coisa ou utilizar alguma ferramenta, vai trazer resultados excelentes. Então acho que a cidadania digital tem que ser ampla e absolutamente coerente nesse processo”, comenta a diretora.
Quais os riscos?
Não se atentar à segurança online pode comprometer o projeto pedagógico, principalmente se ele estiver muito centrado no uso de dispositivos e tecnologias digitais. A segurança online na aula é uma forma de garantir que não haverá roubo de dados – esses mesmos tão preciosos – ou golpes que comprometam a reputação da instituição, seus funcionários e/ou comunidade escolar.
Foi criado recentemente um mecanismo que quer trazer ainda mais segurança ao ambiente virtual, que foi a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que, entre outras demandas, pede que as empresas e instituições sejam responsáveis pelos dados que coletam e que zelem pela privacidade e segurança da informação dos usuários. Alessandra faz um alerta: “nenhum sucesso funcional compensa o fracasso que os riscos à segurança são capazes de gerar”.
Apesar desse dispositivo legal, como dito antes, é importante que se faça um trabalho de educação para o ambiente virtual, que olhe para a maneira como se comportar no mundo online. Mais do que a segurança dos dispositivos, os estudantes, educadores e educadoras e toda a comunidade deve agir com atenção.
“A segurança da informação está mais relacionada ao comportamento dos usuários do que, de fato, ao aplicativo em si. Por exemplo, se um usuário não faz a instalação de atualizações do sistema – que muitas vezes são recomendadas exatamente para eliminar uma brecha de segurança – ele continuará vulnerável, ainda que a empresa que produziu o dispositivo já tenha resolvido o problema”, conta Vanessa.
Apesar da importância do comportamento, o dispositivo utilizado em aula também deve ser levado em consideração. Alessandra explica, por exemplo, que dispositivos móveis podem representar um maior risco à segurança devido à possibilidade de perda, roubo ou furto ou porque muitas vezes os usuários não se atentam a algumas medidas de segurança como autenticação de dois fatores.
Na hora de planejar e se pensar a segurança do ambiente virtual escolar, Alessandra dá um conselho: “Sejam criteriosos na escolha de seus fornecedores e prestadores de serviços, leiam os termos de uso e políticas de privacidade de todos os apps e sites que indicam à utilização de alunos, pais e colaboradores da escola e, quando o caso, consulte um advogado especialista em proteção de dados pessoais para auxiliá-los com as cláusulas que não podem deixar de contemplar nos contratos que firmam”.
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