Site ajuda cientista a achar material e laboratório
Portal gratuito Science Exchange permite que pesquisadores cadastrem suas necessidades e fornecedores ofertam seus serviços
por Davi Lira 16 de dezembro de 2013
Em 2011, Elizabeth Iorns, então professora assistente do Departamento de Medicina da Universidade de Miami, precisava realizar certos experimentos para seu pós-doutorado. Disposta a analisar hipóteses de uma pesquisa imunológica sobre o câncer, Iorns encontrou dificuldades para encontrar tanto instituições que oferecessem o local para seus testes quanto o material necessário para o estudo. Foi a partir dessa situação que ela resolveu tirar uma ideia do papel: criar uma ferramenta capaz de facilitar o processo de descobertas científicas. Depois de dois anos de gestação e planejamento, a pesquisadora colocou no ar a Science Exchange, uma plataforma aberta e gratuita criada com a missão de promover a colaboração e democratizar o acesso ao conhecimento científico.
Funcionando, na prática, como um mercado on-line aberto no qual pesquisadores disponibilizam suas necessidades e fornecedores ofertam seus serviços, a Science Exchange permite até a encomenda de experimentos. E o melhor: eles podem ser realizados em alguns dos melhores laboratórios do mundo. Já participam da plataforma unidades localizadas nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália. Laboratórios das principais universidades de pesquisa americanas, como Harvard, já estão listados. São espaços de pesquisa segmentados envolvendo várias áreas de conhecimento, de microbiologia a nanotecnologia.
“À medida que avançamos em nossa missão de democratizar o acesso à rede global de recursos e conhecimentos, buscamos melhorar a qualidade e a eficiência das pesquisas na área científica”, diz a fundadora no blog da plataforma. Assim, o grande diferencial da Science Exchange é mesmo o de permitir, de forma simples, a busca e a verificação da disponibilidade de determinadas instalações laboratoriais presentes em centros de pesquisa.
Ao facilitar essa conexão, a pesquisadora tem a intenção de otimizar o fluxo de oferta e demanda de produtos e espaços. Isso porque, no universo científico, pesquisadores frequentemente precisam fazer testes que demandam equipamentos específicos que não estão disponíveis em sua instituição de origem. Por outro lado, laboratórios que possuem esses equipamentos não são usados 100% do tempo. Com a lista de ofertas e demandas da plataforma, ganham os dois lados: o pesquisador, porque encontra mais facilmente outro local para realização dos testes; as instituições, porque disponibilizam instalações subutilizadas. O custo dessa troca é acertado entre as partes.
Baseada em Palo Alto, polo de tecnologia na Califórnia, a Science Exchange já oferece em seu portal cerca de 5.000 serviços envolvendo pesquisas científicas, como sequenciamentos genômicos e testes de análises clínicas mais sofisticadas. Com ajuda de alguns fundos de investimento, especialmente a Union Square Ventures, o site conseguiu aprimorar a ferramenta, inclusive criando formas para que o pagamento pelos procedimentos acertados ocorra pelo site.
Um dos fornecedores que mais chama atenção no catálogo do portal é o laboratório Nanoracks. O pesquisador interessado em testes laboratoriais de microgravidade pode pagar pelo serviço administrado pela empresa. O local de suas instalações não poderia ser mais conveniente: a Estação Espacial Internacional.
E para facilitar a escolha do fornecedor mais adequado, a Science Exchange aposta no ranqueamento dos usuários cadastrados na plataforma. Assim, tão logo o serviço é concluído, tanto o solicitante quanto o laboratório que realizou as pesquisas têm a oportunidade de avaliar a qualidade do procedimento contratado. Pesquisadores que já utilizaram, em algum momento, os serviços de determinado prestador de serviço também podem recomendá-lo por meio de um simples clique.