Sucesso do projeto de tecnologia escolar depende de alinhar expectativas e objetivos
O sucesso do projeto está alinhado diretamente aos objetivos e expectativas propostas desde o início
por Ruam Oliveira 19 de agosto de 2021
Quando se fala em mudanças de práticas de aprendizagem ou de gestão apoiadas em tecnologia, a liderança escolar deve estar atenta às decisões tomadas no momento do desenho do projeto. É ali que o gestor entende o estágio em que pessoas, programas e sistemas estão e qual necessidade de investimento em cada um até que a cultura de inovação faça parte da escola.
Por mais que esteja presente no dia a dia, ao longo desse planejamento quem toma decisões pode descobrir que a equipe pedagógica demanda formação para o uso de ferramentas digitais, que é preciso definir os integrantes que serão responsáveis por influenciar uma mudança de comportamento nos mais diversos setores, ou que é necessário um apoio externo.
“A gente precisa, primeiro, diagnosticar o que nós esperamos dessa tecnologia na educação. Por exemplo, com apoio da tecnologia, podemos explorar uma melhora do desempenho acadêmico, um aumento de motivação dos estudantes, de participação em sala de aula ou em projetos”, destaca Yuri Ribeiro, coordenador de educação da Sejunta Tecnologia, Apple Authorized Reseller.
O coordenador de educação aponta que um dado positivo da tecnologia está justamente nessa flexibilidade em construir expectativas. Um projeto de tecnologia pode ser implementado com as mais variadas finalidades, como reduzir o uso de papel ou até mesmo diminuir os custos.
Com isso em mente, Yuri destaca que é importante definir indicadores de sucesso que vão permitir à liderança ter clareza se o caminho está direcionando a escola para o cumprimento dos objetivos, ou se haverá a necessidade de recalcular a rota e pensar em novas estratégias.
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Se há, por exemplo, um objetivo de verificar o desempenho acadêmico, esses indicadores podem lançar pistas quantitativas sobre motivação e participação, gerando subsídios para observar o impacto das metodologias adotadas em sala de aula. Todo esse processo deve também levar em consideração cenários antes da implementação de tecnologias e depois dela, com métricas que possam mostrar esse caminho.
Obter sucesso no projeto passa também pela postura adotada pela liderança. Solange Giardino, Apple Distinguished Educator e coordenadora de projetos do Colégio Arbos, uma Apple Distinguished School, localizada no ABC, região metropolitana de São Paulo, destaca que a liderança precisa apoiar os professores e fazê-los se encantar pelo projeto, principalmente porque serão esses educadores que estarão cotidianamente trabalhando com a tecnologia em aula.
Ela afirma que, por meio dessa atitude, o gestor vai ter ciência de todos os percalços pelos quais os docentes passam. “Será possível entender a importância da formação e do acompanhamento dos professores para que esse projeto aconteça de maneira muito importante na sala de aula”, diz.
Além disso, os resultados positivos podem surgir envolvendo também os estudantes o máximo possível, aponta Solange. Para a educadora, são eles quem podem ajudar a explorar criativamente a forma como os dispositivos são usados em aula, colaborando uns com os outros e também com os educadores.
“E quando eu trago a tecnologia, eu empodero o aluno. Eu deixo de ser o centro, porque cada aluno tem um dispositivo nas mãos e não é mais só a informação; as atividades não dependem de mim. Os alunos estão tão empoderados quanto eu, professor, e aí eu passo a dar protagonismo para eles”, diz.
Não se trata de colocar um professor ou a professora em um local de menor importância dentro do projeto pedagógico, mas de evidenciar as potencialidades dos estudantes, dando-lhes condições de serem mais engajados e capazes de compreender mais profundamente o que estão vendo em aula. Este indicador é relevante para Solange e, portanto, faz com que ela entenda que seu projeto caminha bem.
Ela destaca outros indicadores como personalização da aprendizagem, o alinhamento à BNCC (Base Nacional Comum Curricular), avaliação, de que forma a inovação é apresentada em aula – por meio de realidade aumentada e gamificação – e interação com o mundo real. Todos eles são observados e levados em consideração como características que a auxiliam a entender a efetividade do seu projeto.
Integração com o currículo
Incorporar a tecnologia no cotidiano do estudante e não transformar o dispositivo em um apêndice ou como se fosse um artefato alienígena faz parte da estratégia de Adalberto Castro, supervisor de tecnologia educacional na Escola Bilíngue Pueri Domus, que também é uma Apple Distinguished School, e que fica em São Paulo (SP).
“A tecnologia educacional tem que fazer parte do currículo. Ou seja, os professores têm que ter introjetado o seguinte pensamento: O que eu faço hoje nas minhas aulas que eu posso fazer melhor e com respostas mais assertivas sobre aprendizagem, aprendizado dos meus alunos através da tecnologia educacional?”, aponta o supervisor.
Para ele o grande sucesso aparece quando um educador está planejando sua aula e consegue olhar para a metodologia alinhada à tecnologia e tem clareza sobre quais aplicativos usar para ter informações sobre como os alunos estão aprendendo.
“É ter a tecnologia educacional como parte da estrutura pedagógica, da metodologia pedagógica da escola e não como um recurso, sabe?”
Essa noção de integração da tecnologia, de maneira que não seja colocada como uma “aula de iPad”, mas sim “com iPad”, aponta para um fator relevante dentro do projeto de Adalberto e que ele considera relevante e indispensável para alcançar seus objetivos pedagógicos.
Planejamento é importante
Como dito pelo Yuri Ribeiro, a tecnologia possibilita que a liderança avance em diferentes frentes e consiga informações relevantes para seu projeto. Tanto na obtenção de indicadores, quanto na verificação da efetividade do projeto, o planejamento carrega um peso primordial em toda a equação.
Adalberto, por exemplo, aponta que o planejamento estratégico o auxilia a não precisar “inventar” nada no meio do caminho. Quando pensa na metodologia a ser utilizada, em quais habilidades deseja desenvolver nos estudantes ou quais dispositivos usar, isso está no planejamento e, portanto, não vai causar nenhum tipo de surpresa.
Ele reforça que ter uma equipe que perceba todo o conteúdo integrado à tecnologia é parte do planejamento e por consequência das métricas de sucesso.
“Se eu vou pedir para os alunos usarem o iMovie, por exemplo, para criar um vídeo é porque está no meu planejamento. É um aprendizado que se vai adquirir e que está planejado na metodologia da escola. Aliás, está planejado no currículo da escola para acontecer. E [integrando a tecnologia] eu só vou fazer isso de uma maneira mais rápida e mais eficiente”, diz.
Comprar tecnologia sem ter um bom planejamento é o que, na visão de Yuri Ribeiro, pode colocar em risco o sucesso do projeto tecnológico da escola. Esse bom planejamento ao qual ele se refere passa por compreender tanto a parte pedagógica, quanto o lado financeiro, assim como um alinhamento de expectativas de curto, médio e longo prazo.
Apesar de as lideranças representarem um papel importante e fundamental para alcançar esse sucesso, Yuri ressalta que esse objetivo depende de toda a comunidade escolar. “A gente entende que um projeto de tecnologia começa com as lideranças, mas a partir disso, ele precisa saber estruturar muito bem [a visão] para toda a coordenação pedagógica”, afirma.
De maneira geral, as lideranças devem estar atentas à visão e aos objetivos alinhados desde o início do planejamento estratégico que vai colocar de pé o projeto de tecnologia. A percepção de que o projeto está ou não caminhando vai depender de um olhar apurado e objetivo sobre os objetivos.
Assista ao webinário Porvir/Sejunta
https://www.youtube.com/watch?v=JSTilxIgyMM