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Tecnologia e criatividade: uma combinação perfeita?

O acesso e as possibilidades da tecnologia apoiam o desenvolvimento criativo dos estudantes, mas as atividades físicas e digitais, conhecidas como "figitais", também desempenham papel fundamental na experimentação

Parceria com Árvore

por Ruam Oliveira ilustração relógio 1 de novembro de 2023

O incentivo à criatividade depende de um ambiente adequado e de propostas pedagógicas que tenham o estímulo à criação em vista. Com o avanço da tecnologia e o aumento no número de ferramentas digitais disponíveis, possibilitar que os alunos sejam ainda mais criativos com o apoio da cultura digital parece ser um caminho relativamente óbvio. 

Com a internet, estudantes têm acesso a artistas, filmes, livros e linguagens variadas que surgem em muitos lugares do mundo. Desde o boom ao acesso à www (world wide web, ou rede mundial de computadores), encontrar e consumir conteúdos não exigem mais a necessidade de viajar fisicamente. 

A partir da década de 2000, as primeiras plataformas de aprendizagem adaptativa baseadas em inteligência artificial passaram a utilizando algoritmos para avaliar o desempenho dos estudantes e ajustar o conteúdo do curso de acordo com suas necessidades. Esse contato com propostas distintas contribui para o desenvolvimento criativo da turma. 

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Mariana Morais, arte-educadora e integrante da equipe pedagógica da Árvore, plataforma digital de leitura com mais de 30 mil títulos para escolas parceiras, comenta que criatividade e imaginação são incentivadas por meio da experimentação – e com o apoio de plataformas online. 

Uma pesquisa realizada pela Gallup, empresa especializada em análise de dados e consultoria, apontou que mais de 75% dos educadores norte-americanos que trabalhavam com criatividade na aprendizagem revelaram que seus alunos mostravam ter mais habilidades de resolução de problemas quando comparados aos de professores que usavam menos essas técnicas. 

“Mais de oito em dez professores dizem que projetos que incorporam tecnologia em caráter transformador são melhores do que as tarefas tradicionais para personalizar o aprendizado dos alunos, levando-os a se responsabilizar por seu aprendizado e ajudando-os a conectá-lo ao mundo real”, revela o estudo.

Tecnologia como aliada

Em uma aula de literatura, por exemplo, é possível relacionar a leitura de um clássico com uma visita virtual a um museu, aliando os conteúdos e espaços contidos nos livros com aspectos mais visuais e ligados às artes. Se você estiver lendo “Paris é uma festa”, de Ernest Hemingway, consegue acessar a página do Jardim de Luxemburgo e conhecer o espaço em detalhes. Ou se quiser mais sobre o projeto do poeta Sergio Vaz enquanto lê “Cooperifa, antropogafia periférica”, basta acessar uma das redes sociais da iniciativa

O site Google Arts and Culture traz diversas sugestões de museus que permitem visitas virtuais, além de conteúdos diversos sobre obras contidas nesses espaços. 

“Ao criar um ambiente onde os alunos têm a oportunidade de experimentar de forma livre, o professor também cria um espaço fecundo para desenvolver a criatividade”, diz Mariana. “No caso da interlocução entre arte e literatura, transformar a sala de aula em um espaço de experimentação e experiências estéticas é uma maneira de nutrir a criatividade, pois permite que os alunos desenvolvam suas próprias ideias, descubram o que os inspira e o que aguça a sua curiosidade”, complementa. 

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Incentivo à criatividade no dia a dia 

A professora Giovana Picolo, da Escola Estadual de Ensino Médio São Paulo de Tarso, que fica em Pinhal da Serra, cidade com pouco mais de 1,8 mil habitantes, vê que a sua vontade de incluir tecnologia no projeto pedagógico não só estimula a criatividade dos estudantes, como também aguça a dela própria. 

Interessada em trazer um uso consciente da tecnologia para as atividades que propõe em aula, Giovana afirma que esse uso contribui com uma mudança de perspectiva da turma em relação ao que desejam ser. 

“A gente mora em uma cidade pequena. Vejo que a maioria de meus alunos pensam que, por morarmos em lugar pequeno, não podem concorrer com outros estudantes, que os outros têm mais oportunidades. Eu mostro a eles que não é assim”, diz.. 

A ideia de Giovana é, com a ajuda da tecnologia, apresentar outras referências à turma e, com isso, incentivar que todos sejam também produtores de conteúdo.

“Não há professor que não acredite que a criatividade é uma competência importante. Também acho difícil encontrar um educador que não perceba o quão disruptiva foi – e é – a presença da internet em nossas vidas e na nossa forma de estar no mundo”, ressalta Mariana. 

Não somente a criatividade, como também outras habilidades e competências necessárias no tempo presente, contam com o auxílio da tecnologia para serem aprimoradas, afirma a arte-educadora. 

“Digo isso pois, no mundo em que vivemos, todos nós somos ou seremos, em alguma medida, produtores de conteúdo. Por isso, há de se ter muita ética nessa produção: pesquisar em fontes confiáveis, checar informações antes de deixar comentários ou compartilhar”, diz.

Conexão entre físico e digital

A professora Giovana possui um grande portfólio de atividades que promovem a criatividade usando tecnologia. A mais recente delas foi a criação de um “tabuleiro humano” – tabuleiro gigante que pode ser feito de materiais como TNT e E.V.A., no qual alunos atuam como peças funcionais do jogo. Eles avançavam conforme iam acertando as questões. Para ler as perguntas, no entanto, precisavam acessar um código QR colocado no tabuleiro. 

Essa mistura entre físico e digital – também conhecida como “figital” – pode desempenhar um importante papel no desenvolvimento de habilidades dos estudantes. Mariana destaca que para expandir a curiosidade e imaginação da turma, é válido reforçar a importância do “mundo real”. 

“Por exemplo, quando criamos um projeto de leitura onde o livro digital é o ponto de partida, sempre sugerimos que o professor conduza momentos de mão na massa, de olho no olho – que pode ir desde a elaboração de uma peça de teatro na escola até a produção de uma ilustração com lápis de cor ou tinta guache”, exemplifica. 

Essa alternância de experiências sensoriais, para a arte-educadora, é o que desenvolve a criatividade nos estudantes, fazendo com que eles possam aprimorar habilidades motoras ao se expressar criativamente. 

Em suas turmas de ensino fundamental 1, na Escola Municipal de Educação Básica Professor Tadeu Silveira, a professora Giovana também tenta sempre mesclar o digital com o físico. “O professor não precisa estar com celular e computador o dia todo na mão. Eu canso de inventar jogos que serão impressos e eles também fazem isso! Elaboramos revisão de conteúdo de forma divertida, porque vejo que no ensino fundamental 1 o lúdico tem se perdido”, reflete a docente. 

Professores, criatividade e tecnologia 

Essa tarefa demanda também que os educadores e educadoras sejam criativos. A professora Giovana, por exemplo, está sempre criando algo novo. Além de um site pessoal com conteúdos variados, ela cria atividades no Canva, jogos usando Power Point, além de usar outras plataformas. 

A docente conta que, em muitos casos, os próprios estudantes pedem para aprender a criar apresentações divertidas como ela faz. E a professora os ensina. 

“No exercício de explorar ambientes virtuais e utilizar tecnologia como parte integrante das práticas pedagógicas, o professor terá acesso a uma multiplicidade de materiais que podem inspirar novas abordagens e dinâmicas para as suas aulas”, comenta Mariana. 

Além de atuarem como produtores de conteúdo, os educadores também exercem uma função de curadores de materiais diversos que podem contribuir para o desenvolvimento criativo da turma, expandindo o que eles conhecem em termos de uso das tecnologias, imaginação e experimentação.

“Hoje, nos envolvemos diretamente com o conteúdo que acessamos, seja por meio de comentários, compartilhamentos ou interações. Essa participação ativa nos transforma, em certa medida, em coautores – e contribuímos com a nossa própria perspectiva na disseminação de um conteúdo”, finaliza a arte-educadora. 

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TAGS

aprendizagem criativa, competências para o século 21, criatividade, tecnologia

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