Trocar tempo é atalho para novas habilidades
Prática de timebanking, que se baseia no uso do tempo como crédito para intercâmbio de saberes, ganha espaço na educação
por Fernanda Nogueira 13 de outubro de 2014
O intercâmbio de conhecimentos ou habilidades, tendo como moeda de troca o tempo, torna-se um hábito cada vez mais comum no Brasil e em outros países. Chamada de timebanking (banco ou troca de tempo, em livre tradução), a prática colaborativa, já usada dentro de instituições e empresas, em grupos de amigos e até entre desconhecidos, através de sites que promovem esse tipo de interação, também pode ser enriquecedora na educação.
Segundo o grupo Timebanking UK, do Reino Unido, que existe desde 1998 e conta com cerca de 300 membros, o banco de tempo é uma forma de as pessoas trabalharem juntas e aprenderem novas habilidades, ajudando uns aos outros.
A cada hora que uma pessoa oferece, ganha uma hora de crédito para gastar com uma hora de outra pessoa. Por exemplo, ela oferece uma hora de trabalho como babá e ganha uma hora de aula de inglês. Todas as habilidades tem o mesmo valor. Essa troca justa de tempo dá a possibilidade de uma pessoa usar os talentos que já tem e descobrir novas habilidades.
“Os principais benefícios para os participantes são o envolvimento na comunidade local e o aumento da auto-estima e da confiança – sentindo-se útil e ganhando algo em troca pelo que fez ou ensinou”, diz Nicki Baker, chefe de Finanças e Administração do Timebanking UK.
Na escola, os alunos também podem ajudar uns aos outros e se envolver com a comunidade escolar em troca de créditos de tempo para usarem em atividades de seu interesse. Crianças mais velhas podem ajudar as mais novas a ler ou ajudar em um clube de jardinagem. A escola pode dar em troca aos estudantes envolvidos a organização de um evento ou conseguir patrocínio para aulas em uma academia ou para natação, por exemplo, de acordo com Baker.
Mesmo não sendo uma opção de educação formal, com o banco de tempo os estudantes podem conhecer coisas novas, como outras línguas, informática ou marcenaria. “É uma forma de descobrir o que se gosta, no que se é bom, e desenvolver isso com o apoio de outras pessoas”, afirma o site do Timebanking UK.
Confiança
Em grupos de troca de tempo entre jovens organizados e acompanhados por dois anos pelo Timebanking UK, todos os participantes disseram que aprenderam alguma coisa que poderá ajudá-los a arrumar um emprego, 90% sentiram uma melhora na confiança e na auto-estima, 50% passaram a frequentar mais a escola e 85% se sentiram valorizados e úteis para sua comunidade.
Para montar um banco de tempo, é preciso ter, principalmente, entusiasmo, segundo Baker. “Além disso, é necessário ter um coordenador, que ajude a gerenciar as trocas, a organizar atividades e a manter as pessoas em contato umas com as outras”, afirma.
Um banco de dados on-line pode tornar a interação mais fácil e ajuda na produção de relatórios. No site Hour World, o software gratuito em inglês Time and Talents está disponível para download. Um local onde os membros do grupo possam se conhecer também pode ser legal, mas não é obrigatório.
No Brasil
Uma rede colaborativa on-line de troca de tempo já está em funcionamento no Brasil. Para participar da Bliive, basta fazer um cadastro gratuito e começar a fazer trocas. O serviço oferecido por um participante se transforma em uma moeda chamada TimeMoney, que pode ser trocada por outra experiência da escolha da pessoa.