‘Não adianta ensinar química sem ensinar a estudar’
Professora conta como utiliza mapas mentais e técnicas de estudo para ajudar os alunos aprenderem química com autonomia
por Áurea Bartoli
1 de abril de 2015
Sou professora de química desde 1996. Após dois anos em sala de aula, percebi que meus alunos tinham dificuldades para estudar, não só química, mas todas as disciplinas, e isso era causado pela falta de orientação quanto aos estudos. Não adianta ensinar química, sem ensinar a estudar.
Em 1999, passei a ensinar química e estratégias de estudo, onde pude perceber uma evolução grande na autonomia dos alunos. Naquela época, eu montava a minha aula e incluía ferramentas de estudo para cada tema trabalhado. Se a aula tinha muitos exercícios e cálculos, trazia estratégias para estudar matemática. Quando era mais textual, fazia resumos e esquemas de química com eles.
Desde então, tornei-me uma estudiosa de técnicas de estudo e neurociência, o que me levou a uma segunda graduação: esse ano concluo o curso de pedagogia. Procuro levar muito disso para a sala de aula. Eles sabem que eu sou uma professora, mas que também sou aluna e faço outra faculdade. Eu costumo levar o meu material de estudo e mostro para eles como fiz um mapa mental do conteúdo que tive na minha última aula, por exemplo. Coloco-me na posição deles. É muito mais fácil quando você faz aquilo que gostaria que seu aluno fizesse.
Percebi que existem problemas de aprendizagem e ensinagem. Passei a me perguntar se eu estava ensinando de uma forma que estimulava o meu aluno. Mudei o foco da aula: não mais apenas o ensino de química, mas a aprendizagem de química. O que eu, como professora, posso fazer para que o estudante aprenda química, seja autônomo para pesquisar e estudar, busque respostas para as questões e saia da passividade, onde só o professor ensina?
Leia também: Entender aprendizado para mudar a universidade
Para tornar as aulas mais atraentes, ensino estratégias de organização do tempo de estudo e revisão, incluindo o uso adequado de agendas e aplicativos (Istudiez); fazemos esquemas e mapas mentais em sala, usando tablet com ferramentas de mapas mentais (Simple Mind e iMindMap); sugiro videoaulas como estratégias de revisão e links para cursos diversos (Scratch, Codecademy e Chineasy).
Eu falo para eles que o mais importante na minha aula não é a química. Ela é apenas um meio para eu ensinar uma série de coisas. É uma forma de mostrar para o aluno que ele também é responsável pelo próprio desenvolvimento e que existem muitas ferramentas capazes de ajudá-lo.
Fico feliz ao receber retornos positivos de pais e alunos, pois pequenas dicas podem fazer o dia deles mais interessante e tornam o aprendizado mais efetivo. Alguns professores também já estão usando esse modelo na escola. É muito bacana porque você entra em sala e o aluno comenta que outro professor também está passando essas estratégias.
Áurea Bartoli
Áurea Bartoli é licenciada em química e especialista em administração da educação, pela UnB (Universidade de Brasília). Desde 1996 trabalha com educação, tendo experiência como professora do ensino fundamental e médio, além de atuar como supervisora em programas de formação inicial e continuada de professores, presencial e a distância. Atualmente é professora na rede particular de ensino e coordenadora do Instituto A+, uma empresa com foco em aprendizagem e técnicas de estudo.







É maravilhoso saber, que existe professores que pensa nas dificuldades dos seus alunos. Principalmente naqueles que precisao trabalhar e nao tem muito tempo para estudar.
Bom dia!
Sou professora de química e ministro aulas no EJA, primeiro ano do ensino médio. O primeiro desafio que venho encontrando é: Como promover o “aprendizado significativo” dos conteúdos trabalhados em sala, com alunos que já vão para a aula extremamente cansados depois de um dia inteiro de trabalho e que muitas vezes não tem tempo de revisar o conteúdo dado em sala na sua casa? Além de mencionar que no EJA, um ano de conteúdo deve ser resumido em 6 meses, sendo trabalhadas apenas 100 minutos por semana? E como inserir mapas conceituais para esses alunos que ficaram muitos anos, alguns até décadas, sem o contato com a escola?
Todas as dicas que possam me dar serão extremamente valiosas!
Obrigada pela atenção
Olá Jaqueline!
Trabalhar com o EJA é um desafio permanente, pois muitas questões devem ser consideradas além do conteúdo programático em si. O trabalho com mapas mentais pode ajudá-los a melhorar a auto-estima, que muitas vezes fica baixa pela ausência da escola por anos. Além disso, trabalhar experimentos como forma de introdução às aulas também pode ajudar, visto que a motivação tem que ser foco neste seguimento. Gosto muito dos vídeos do Manual do Mundo e quando não temos material/tempo para fazer os experimentos, vale assistir um vídeo antes de começar os assuntos-chave da aula.
Recomendo o livro Use Sua Mente, do Tony Buzan. Ele pode ser uma ferramenta de auxílio para você organizar as aulas e ter um resultado melhor, mesmo com apenas 100 minutos por semana.
Um abraço e muito sucesso para você e seus alunos!
Professora Áurea
Olá, Aurea!
Li a matéria e fiquei mais animada, pois leciono na rede estadual / SP e os desafios são maiores devido as péssimas condições de trabalho e a desvalorização dos educadores, isso acaba desistimulando o professor e o obriga a lecionar em outras redes com jornadas estafantes…sem tempo para estudar e suas aulas se tornam nada atrativas.
Após esse desabafo, gostaria de mais dicas, pois a matéria ela estimula, mas preciso de mais informações. Onde buscar essas alternativas e como aplicar. Dê mais exemplos, dicas, sites, livro. Plano de aula como você faria.
Agradeço muito!
Gabriela
Oi Aurea,
Sou professora aposentada. Em 1982 quando começei a dar aulas de química, percebi que a medida que os anos passavam o nível dos alunos diminuia. Eu tinha que baixar o nível para que eles pudessem acompanhar. Isso me deixava muito preocupada. Foi então que comecei a criar estratégias de ensino para que eles pedessem elaborar hipoteses e eles próprios construissem conhecimentos sobre determinado assunto. Estimulava a curiosidade deles. A isso se chama Pedagogia da Autonomia tão defendida por Paulo Freire.
Parabéns. Você está no caminho certo.
Obrigada, Tânia!
Vamos construindo um caminho diferente para alcançar resultados melhores!
Um abraço!
Aurea
Oi Gabriela!
As fontes de pesquisa são muitas, mas gosto dos livros do Tony Buzan, em especial o Use Sua Mente. É uma leitura bacana para professores, estudantes e pais! Você pode encontrar mais dicas no meu facebook (A+Cursos).
Um abraço,
Aurea
Eu tambem ensino ferramentas,e percebo que tambem temos de conversar com os pais a respeito disto,eles tambem podem auxiliar muito,promovendo horarios de estudo,onde se desliga o som altissimo,e se faz guardar o fone de ouvido e mp3 assim como se observa e se faz o aluno dormir e comer nos horarios corretos,isto tudo junto soluciona boa parte do mau desempenho es colar e evita fadiga mental,estafa cronica e sindrome de pensamento acelerado.reduz ansiedade ,entre outros beneficios a saúde. Faz o aluno estudar e assimilar melhor.Aprender aaprender.
Sim, Andrea! Os pais precisam mesmo de orientação para ajudar os filhos! Não temos manual, mas temos estratégias que costumam funcionar bem quando os casos são avaliados individualmente!
Um abraço!
Aurea
Olá Áurea. Até que ponto é relevante ensinar química da forma que você explicou se não houver um laboratório experimental para os estudantes provarem o que supostamente aprenderam durante os estudos teóricos? Você conhece alguma pesquisa que informe a quantidade de laboratórios de química experimental em funcionamento dentro da rede pública de educação em todo o pais?
Obrigado por compartilhar seu conhecimento conosco.
Profissional exemplar! A educação que hoje encontramos deficiente precisa de professores que parem de reclamar das mazelas (que são inerentes) do estado. Nós reclamamos intermitentemente do estado, mas não buscamos melhorias para si quanto profissional.
Olá Áurea, tenho alunos na EJA e também dificuldade em transmitir o conhecimento, pois acho que eles não aprendem ou não se dedicam a estudar por uma série de razões. Vc tem alguma estratégia para mim? Obrigada!
Profissional exemplar! A educação que hoje encontramos deficiente precisa de professores que parem de reclamar das mazelas (que são inerentes) do estado. Nós reclamamos intermitentemente do estado, mas não buscamos melhorias para si quanto profissional.
Olá, Aurea!
Li a matéria e fiquei mais animada, pois leciono na rede estadual / SP e os desafios são maiores devido as péssimas condições de trabalho e a desvalorização dos educadores, isso acaba desistimulando o professor e o obriga a lecionar em outras redes com jornadas estafantes…sem tempo para estudar e suas aulas se tornam nada atrativas.
Após esse desabafo, gostaria de mais dicas, pois a matéria ela estimula, mas preciso de mais informações. Onde buscar essas alternativas e como aplicar. Dê mais exemplos, dicas, sites, livro. Plano de aula como você faria.
Agradeço muito!
Gabriela
Oi Aurea,
Sou professora aposentada. Em 1982 quando começei a dar aulas de química, percebi que a medida que os anos passavam o nível dos alunos diminuia. Eu tinha que baixar o nível para que eles pudessem acompanhar. Isso me deixava muito preocupada. Foi então que comecei a criar estratégias de ensino para que eles pedessem elaborar hipoteses e eles próprios construissem conhecimentos sobre determinado assunto. Estimulava a curiosidade deles. A isso se chama Pedagogia da Autonomia tão defendida por Paulo Freire.
Parabéns. Você está no caminho certo.
Oi Gabriela!
As fontes de pesquisa são muitas, mas gosto dos livros do Tony Buzan, em especial o Use Sua Mente. É uma leitura bacana para professores, estudantes e pais! Você pode encontrar mais dicas no meu facebook (A+Cursos).
Um abraço,
Aurea
Bom dia!
Sou professora de química e ministro aulas no EJA, primeiro ano do ensino médio. O primeiro desafio que venho encontrando é: Como promover o “aprendizado significativo” dos conteúdos trabalhados em sala, com alunos que já vão para a aula extremamente cansados depois de um dia inteiro de trabalho e que muitas vezes não tem tempo de revisar o conteúdo dado em sala na sua casa? Além de mencionar que no EJA, um ano de conteúdo deve ser resumido em 6 meses, sendo trabalhadas apenas 100 minutos por semana? E como inserir mapas conceituais para esses alunos que ficaram muitos anos, alguns até décadas, sem o contato com a escola?
Todas as dicas que possam me dar serão extremamente valiosas!
Obrigada pela atenção
Olá Jaqueline!
Trabalhar com o EJA é um desafio permanente, pois muitas questões devem ser consideradas além do conteúdo programático em si. O trabalho com mapas mentais pode ajudá-los a melhorar a auto-estima, que muitas vezes fica baixa pela ausência da escola por anos. Além disso, trabalhar experimentos como forma de introdução às aulas também pode ajudar, visto que a motivação tem que ser foco neste seguimento. Gosto muito dos vídeos do Manual do Mundo e quando não temos material/tempo para fazer os experimentos, vale assistir um vídeo antes de começar os assuntos-chave da aula.
Recomendo o livro Use Sua Mente, do Tony Buzan. Ele pode ser uma ferramenta de auxílio para você organizar as aulas e ter um resultado melhor, mesmo com apenas 100 minutos por semana.
Um abraço e muito sucesso para você e seus alunos!
Professora Áurea
Olá Aurea estou no último semestre de licenciatura em quimica, como consigo perder o medo de dar aulas, estamos em um momento tão confuso da nossa educação que tenho medo.
É maravilhoso saber, que existe professores que pensa nas dificuldades dos seus alunos. Principalmente naqueles que precisao trabalhar e nao tem muito tempo para estudar.
Eu tambem ensino ferramentas,e percebo que tambem temos de conversar com os pais a respeito disto,eles tambem podem auxiliar muito,promovendo horarios de estudo,onde se desliga o som altissimo,e se faz guardar o fone de ouvido e mp3 assim como se observa e se faz o aluno dormir e comer nos horarios corretos,isto tudo junto soluciona boa parte do mau desempenho es colar e evita fadiga mental,estafa cronica e sindrome de pensamento acelerado.reduz ansiedade ,entre outros beneficios a saúde. Faz o aluno estudar e assimilar melhor.Aprender aaprender.
Sim, Andrea! Os pais precisam mesmo de orientação para ajudar os filhos! Não temos manual, mas temos estratégias que costumam funcionar bem quando os casos são avaliados individualmente!
Um abraço!
Aurea
Olá Áurea. Até que ponto é relevante ensinar química da forma que você explicou se não houver um laboratório experimental para os estudantes provarem o que supostamente aprenderam durante os estudos teóricos? Você conhece alguma pesquisa que informe a quantidade de laboratórios de química experimental em funcionamento dentro da rede pública de educação em todo o pais?
Obrigado por compartilhar seu conhecimento conosco.