Para 47% dos jovens, o bom professor usa tecnologia
Pesquisa Juventude Conectada mostra que brasileiros de 16 a 24 anos acreditam que internet e tecnologia ajudam o aprendizado
por Fernanda Kalena 27 de agosto de 2014
Na opinião de 47% dos jovens brasileiros, um bom professor é aquele que sabe utilizar a internet e os recursos tecnológicos para ajudar no aprendizado dos alunos. É o que mostra a pesquisa Juventude Conectada, realizada pela Fundação Telefônica Vivo em parceria com o Ibope, o Instituto Paulo Montenegro e a Escola do Futuro, da USP, e divulgada hoje (27) no Ria Festival, evento de cultura digital promovido pela fundação, em São Paulo.
Esse número pode ser justificado pelo crescente uso que os jovens fazem da internet e dos recursos tecnológicos para realizar atividades educativas, seja nas instituições de ensino ou em casa. Segundo o levantamento, 75% dos jovens dizem já ter utilizado a internet na escola para atividades propostas em aula – e 68% deles declaram ter utilizado na escola por iniciativa própria.
O número sobe para 82% quando se refere à utilização da internet no âmbito doméstico para a realização de atividades propostas em sala. E 77% dos jovens afirmaram que já utilizaram a internet em casa para fazer trabalhos por iniciativa própria. Isso também se justifica pelo entendimento que os jovens fazem do uso da internet, que possibilita que o aprendizado seja realizado em ritmos, horários e locais diferentes, de acordo com as necessidades e preferencias de cada um, segundo 44% dos entrevistados.
Assim, é possível justificar a preferência dos estudantes por professores que fazem uso de tecnologias de informação e comunicação em sala de aula, por estarem mais alinhados tanto com o modo quanto com as ferramentas que os próprios jovens escolhem para estudar quando estão sozinhos.
Relação com os professores
Outro dado interessante apontado pela pesquisa é que os jovens conectados já estão percebendo uma das principais tendências no que diz respeito ao papel do professor na educação contemporânea. 38% deles acreditam que, no futuro, o professor passará a ser mais um orientador dos estudos, assumindo funções de tutor e curador, e não mais unicamente um transmissor de conhecimentos.
Essa percepção dos jovens sobre o papel dos docentes casa muito bem com outros dois dados da pesquisa que reforçam a necessidade do professor assumir esse papel de orientador. Em um deles, 33% os entrevistados dizem que a internet muitas vezes atrapalha a aprendizagem, pois as redes sociais e os games distraem o aluno, reduzindo seu tempo de estudo. E em outro, 24% afirmam que na internet tem muita informação, o que dificulta a seleção do melhor conteúdo.
“Vemos como a percepção da realidade dos jovens é boa. As perguntas que antes eles faziam para o professor, hoje são feitas para a internet e respondidas por ela. Logicamente o papel do professor tem que ser outro. É bacana ouvir isso dos jovens”, afirma Gabriella Bighetti, presidente da Fundação Telefônica Vivo, que também ressalta outro ponto de grande relevância: “não é só o papel do professor que está mudando com a tecnologia, mas sua relação com os alunos também. Segundo os jovens, se o professor estiver conectado isso ajuda no relacionamento entre eles. É uma questão de confiança”, completa.
A afirmação de Bighetti está baseada na resposta de 38% dos jovens ouvidos no levantamento que disseram que a tecnologia pode contribuir para melhoria da relação entre professores e alunos. E isso acontece inclusive fora da sala de aula: eles destacam positivamente os professores que compartilham material didático nas redes sociais, blogs, emails e tiram dúvidas pela internet.
Além de educação, a pesquisa completa também aborda o comportamento da juventude conectada nas áreas de ativismo, empreendedorismo e comportamento. No total, foram ouvidos 1440 jovens de 16 a 24 anos, que fazem uso regular da internet, em todas as cinco regiões do Brasil.
Indubitável!
Parabéns pela excelente matéria Fernanda! Vou ter que compartilhar lá no blog! kkkkk Precisamos divulgar esses dados. Bj grande!
Artigo – digno de pervasividade!
O uso das tecnologias da informação é sim importante no contexto atual do ensino. Contudo, o acesso às mídias é muito restrito no que tange a qualidade e aplicação nobre para a mesma, principalmente quando se considera como é feito esse acesso e com que finalidade. Muito se tem falado sobre a inadequação da escola à realidade dos jovens, mas foi esquecido o fato de que esta adequação só tem sentido quando o foco é a construção do conhecimento e sua função social enquanto instrumento de emancipação. A escola não precisa mudar tanto, antes, trata-se apenas de algumas adequações de natureza filosófica e epistemológica. Não vejo como fundamental o uso das tecnologias em sala de aula, mas sim a transformações de outros espaços em territórios de aprendizagem.
Uma reforma na concepção da educação e nos propósitos do ensino talvez conduzam à uma transformação nas relações entres os diversos agentes do processo educacional. Uma coisa é certa, a mudança é necessária. Difícil é afirmar onde e como. E mais, o ensino público deve ser tratado com mais seriedade e respeito. Que vejam isto nosso dirigentes.
O uso das tecnologias da informação é sim importante no contexto atual do ensino. Contudo, o acesso às mídias é muito restrito no que tange a qualidade e aplicação nobre para a mesma, principalmente quando se considera como é feito esse acesso e com que finalidade. Muito se tem falado sobre a inadequação da escola à realidade dos jovens, mas foi esquecido o fato de que esta adequação só tem sentido quando o foco é a construção do conhecimento e sua função social enquanto instrumento de emancipação. A escola não precisa mudar tanto, antes, trata-se apenas de algumas adequações de natureza filosófica e epistemológica. Não vejo como fundamental o uso das tecnologias em sala de aula, mas sim a transformações de outros espaços em territórios de aprendizagem.
Uma reforma na concepção da educação e nos propósitos do ensino talvez conduzam à uma transformação nas relações entres os diversos agentes do processo educacional. Uma coisa é certa, a mudança é necessária. Difícil é afirmar onde e como. E mais, o ensino público deve ser tratado com mais seriedade e respeito. Que vejam isto nosso dirigentes.