5 projetos para trabalhar democracia na sala de aula
Conheça cinco professores do ensino médio que participaram do programa de mentorias promovido pelo Instituto Porvir e pela Fundação FHC e implementaram projetos para ampliar a participação cidadã de suas turmas
por Redação 12 de novembro de 2024
Saúde, clima e equidade de gênero são temas de grande relevância social e merecem espaço na sala de aula. Por meio do ensino da democracia, cada um desses assuntos se fortalece quando amplamente discutido na escola. Educar para a cidadania é assegurar que os alunos aprendam a viver em sociedade.
Uma maneira de tornar isso possível é por meio da aprendizagem baseada em projetos. Ao colocar a “mão na massa” e desenvolver diversos tipos de projetos, os estudantes internalizam conceitos e passam a refletir sobre o mundo de forma crítica e criativa. Um exemplo disso é a proposta Sandra Virgínia, professora de língua portuguesa e projeto de vida no Colégio Estadual Abelardo Barreto do Rosário, em Tobias Barreto (SE). A educadora abordou uma questão importante de saúde pública: a dignidade menstrual.
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Ao discutir os direitos das mulheres, Sandra visava reduzir os constrangimentos causados no ambiente escolar pela forma como os absorventes eram distribuídos às alunas – frequentemente, por meio dos meninos, o que gerava brincadeiras inadequadas. Esse foi o ponto de partida para aprofundar o debate sobre a questão.
A ideia de explorar o próprio território também inspirou o projeto de Warly Borges, professor de geografia no Colégio Estadual Cônego Trindade, em São João da Paraúna (GO). Ele notou que seus alunos tinham pouco conhecimento sobre o bioma Cerrado, mesmo estando inseridos nele. A partir disso, o professor iniciou uma atividade que deu protagonismo aos estudantes, incentivando-os a explorar seu território e a preservar o ambiente local.
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Esses são exemplos de dois dos cinco projetos que participaram do programa de mentorias promovido pelo Instituto Porvir e pela Fundação FHC (Fernando Henrique Cardoso) neste ano. Intitulada “Do plano à prática! – Democracia e participação na escola”, a iniciativa foi criada para apoiar professores da rede pública no ensino médio a implementar propostas que incentivem a democracia e a participação escolar.
“Estamos vivendo uma onda de autoritarismo e descrença na política. Para fortalecer nossa democracia, precisamos fomentar valores democráticos e incentivar o pensamento autônomo nos jovens. As escolas têm um papel essencial e podem incorporar o ensino sobre democracia em projetos que colocam os jovens como protagonistas de suas comunidades”, destaca Beatriz Kipnis, coordenadora de estudos e debates da Fundação FHC.
Cada professor selecionado recebeu uma bolsa de R$ 1.000 para apoiar a execução dos projetos, com a condição de destinar ao menos 70% do valor para as atividades relacionadas. A bolsa foi paga em duas parcelas, condicionada à participação em encontros formativos e sessões de mentoria.
“Acreditamos que promover a participação dos estudantes é essencial não apenas para transformar o ambiente escolar, mas também para incentivar o exercício da cidadania. Para isso, é fundamental envolver os jovens em projetos que conectem o currículo a temas relevantes para suas vidas. Foi com o objetivo de apoiar os professores nessa missão que desenvolvemos a mentoria”, comenta Marina Lopes, cofundadora do Instituto Porvir e diretora editorial da Agência Soluções Porvir.
Entre 13 de junho e 10 de outubro, os educadores participaram de encontros formativos e de mentorias individuais com a equipe do projeto. Renata Salomone, orientadora da Escola Parque e fundadora da MAPA Metodologias Ativas, foi uma das mentoras que conduziu a formação nos encontros coletivos e acompanhou os professores nas mentorias individuais.
Ela comenta que a aprendizagem baseada em projetos possibilita aos estudantes um percurso pedagógico estimulante e significativo, no qual podem observar problemas reais de forma contextualizada e colaborativa.
“Quando os alunos são desafiados a enfrentar questões relevantes, em vez de receberem conteúdos prontos, eles se sentem mais motivados a buscar o conhecimento ativamente, investigar e resolver problemas, conectando o aprendizado com suas vidas e desenvolvendo um senso de responsabilidade pelo próprio aprendizado”, analisa.
Além disso, Renata considera que trabalhar com projetos permite aos alunos desenvolver habilidades relacionais, não necessariamente vinculadas ao currículo formal.
O processo de mentoria envolveu tanto encontros formativos coletivos quanto atividades individuais. Heloize Charret, sócia da MAPA Metodologias Ativas e consultora de professores, também atuou como mentora. “A combinação dos encontros coletivos e individuais criou condições muito especiais para que o grupo pudesse cocriar aprendizagens únicas, refletindo sobre as etapas do PBL (“Problem Based Learning, Aprendizado Baseado em Problemas) enquanto vivenciavam essas etapas coletivamente”, disse.
Conheça em detalhes os cinco projetos selecionados e inspire-se!
(clique na seta para ler sobre o projeto)
Professora: Aline Gabriela Vieira, professora de geografia
Escola: Escola Estadual Peixoto Gomide
Cidade: Itapetininga (SP)
Resumo
Em Itapetininga (SP), a professora Aline Gabriela Vieira formou um Clube de Geografia com os estudantes do ensino médio, com o objetivo de desenvolver estratégias para a recuperação e a preservação do Ribeirão dos Cavalos. O grupo fez pesquisas, participou de visitas de campo e apresentou uma proposta ao Parlamento Jovem para solicitar melhorias na região.
Contexto
O acúmulo de lixo, o odor forte e os focos de dengue são problemas constantes enfrentados por estudantes e pela comunidade que vive nas margens do Ribeirão dos Cavalos. Em contraste, o Ribeirão do Chá, situado em uma área privilegiada do município, conta com um infraestrutura bem cuidada, incluindo lixeiras e iluminação pública. Essa disparidade evidenciou a desigualdade social entre as regiões e incentivou o envolvimento dos alunos em ações para melhorar o local.
Desenvolvimento do projeto
Para viabilizar o projeto e facilitar o engajamento dos alunos, a professora formou um “Clube de Geografia”, nomeando líderes e vice-líderes entre os estudantes. Juntos, eles fizeram pesquisas e refletiram sobre políticas para o meio ambiente, usando como base a linha do tempo produzida pela Fundação FHC.
Além das pesquisas, o grupo fez visitas ao Ribeirão dos Cavalos, onde constatou o acúmulo de lixo, mau cheiro e a presença de focos de dengue. Em resposta, criou uma página no Instagram, “Juntos pelo Ribeirão”, e produziram vídeos para conscientizar a população. O clube também realizou entrevistas com moradores locais e alunos, que apoiaram o desenvolvimento de ações para promover a preservação do ribeirão e a sensibilização da comunidade para os desafios ambientais.
O protagonismo juvenil foi um dos pontos mais marcantes do projeto. Engajados com a busca de melhorias para o local, os estudantes desenvolveram um projeto e apresentaram ao Parlamento Jovem, programa de educação para democracia que oferece a possibilidade de estudantes de ensino médio simularem a jornada de trabalho dos deputados federais. Com isso, eles conseguiram viabilizar a instalação de pontos de iluminação pública e, futuramente, lixeiras na região.
Resultados
A experiência trouxe muitos aprendizados para Aline e para os alunos. Com o apoio das mentorias, ela percebeu que a flexibilidade era essencial para o progresso do projeto. Os alunos assumiram o protagonismo, enquanto ela desempenhava um papel de apoio, adaptando-se aos imprevistos, como dias de chuva que interromperam a coleta de dados ou também a resistência de algumas pessoas em participar das entrevistas. O projeto também gerou impactos reais na comunidade. A partir da mobilização dos estudantes, que conseguiram escrever uma proposta e apresentar ao Parlamento Jovem, o poder público se comprometeu com a melhoria do local e começaram a ser instalados pontos de iluminação.
Professora: Gessiana Paiva, professora de história
Escola: Escola Estadual Professora Eliana de Freitas Morais (CMPM VII- Colégio Militar da Polícia Militar)
Cidade: Manaus (AM)
Resumo
A professora Gessiana Paiva, da Escola Estadual Professora Eliana de Freitas Morais em Manaus (AM), mobilizou seus estudantes para refletirem sobre o papel das mulheres na história e a importância da equidade de gênero. O projeto incentivou a turma a discutir criticamente as lutas contemporâneas, levando à criação de um jogo de tabuleiro e de projetos de leis. Eles também se envolveram na idealização de duas iniciativas voltadas à promoção da equidade em Manaus: uma caminhada e corrida pelos direitos das mulheres e um prêmio para reconhecer alunas, professoras e funcionárias que se destacam na promoção da equidade de gênero no ambiente escolar.
Contexto
O projeto foi implementado com duas turmas de História da Escola Estadual Professora Eliana de Freitas Morais, o sétimo colégio militar da Polícia Militar em Manaus. A iniciativa surgiu da necessidade de explorar o papel das mulheres na história, destacando suas contribuições e promovendo uma discussão crítica sobre equidade de gênero.
Desenvolvimento do projeto
Para sensibilizar os alunos, o projeto começou com a exibição do filme “Estrelas Além do Tempo”, que aborda o papel das mulheres na ciência e inspirou o tema. Baseado na metodologia da Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), os alunos realizaram pesquisas e exploraram a história das mulheres em diferentes contextos, incentivando o aprendizado ativo e colaborativo.
Uma colaboração interdisciplinar tornou-se essencial para o sucesso do projeto. Com o apoio dos professores Janice Ruda, de Empreendedorismo Social e Sustentável e Práticas para promover em nossa comunidade um ecossistema empreendedor, e Marcelo Brito, de Interculturalidade e Sustentabilidade no Amazonas, Energia Renovável e Educação Ambiental, os alunos participaram de itinerários formativos e puderam visitar a empresa Breitener Energética, onde assistiram a uma palestra que destacou as mulheres na área de energia, contribuindo para a parte teórica do projeto.
Ao longo do projeto, os estudantes participaram de debates e rodas de conversa, o que os ajudou a refletir sobre os desafios históricos e contemporâneos enfrentados pelas mulheres. Depois, eles foram incentivados a criar projetos de lei e desenvolver ações voltadas para promover a equidade em Manaus.
Uma das ferramentas centrais foi a linha do tempo da Fundação Fernando Henrique Cardoso, que inspirou pesquisas e apresentações dos alunos. O recurso também ajudou no desenvolvimento de um jogo de tabuleiro sobre o papel das mulheres durante o governo de FHC. Cada grupo criou seu próprio jogo de cartas e tabuleiro, o que estimulou a expressão criativa e permitiu que os alunos compartilhassem histórias de mulheres inspiradoras.
Resultados alcançados
Na avaliação da professora, o projeto alcançou seus objetivos de conscientizar sobre a equidade de gênero e promover uma discussão crítica sobre o papel das mulheres. Como resultados inesperados, os alunos propuseram a primeira Caminhada e Corrida das Mulheres do Colégio e o prêmio “Mulheres em Foco: Caminhos para a Equidade”, iniciativa para valorizar alunas, professoras e funcionárias que promovem a equidade de gênero. O projeto também mostrou a importância de conectar o conteúdo à realidade dos alunos, que compartilharam experiências pessoais, como questões de violência doméstica.
Professora: Sandra Virgínia, professora de língua portuguesa e projeto de vida
Escola: Colégio Estadual Abelardo Barreto do Rosário
Cidade: Tobias Barreto (SE)
Resumo
Em Tobias Barreto (SE), com o apoio da professora Sandra Virgínia, estudantes do ensino médio se envolveram em debates sobre dignidade menstrual e criaram soluções para melhorar a distribuição de absorventes na escola. As propostas tinham como objetivo reduzir constrangimentos no ambiente escolar e promover um espaço mais acolhedor e confortável para as alunas.
Contexto
A iniciativa teve início com o desejo de discutir, em sala de aula, os direitos das mulheres e os espaços que elas ocupam na sociedade. No entanto, durante a execução do projeto, surgiram demandas inesperadas. Ao debaterem sobre esses direitos, as alunas levantaram inquietações sobre o programa estadual de distribuição de absorventes na escola, que estava no seu primeiro ano de implementação. Elas relataram desconforto com a forma como os absorventes eram entregues, frequentemente por meninos, o que gerava constrangimento e brincadeiras inadequadas. Esses relatos motivaram a turma a investigar a questão mais a fundo e a propor melhorias significativas.
Desenvolvimento do projeto
Por meio da metodologia de Aprendizagem Baseada em Projetos, os alunos foram incentivados a explorar a leitura de legislações, como a Lei Nacional 14.214 e a Portaria 613, que regulamentam o programa “Cuidar-se” em Sergipe. Em seguida, a educadora propôs que eles pesquisassem na linha do tempo da Fundação Fernando Henrique Cardoso, aprofundando-se na evolução dos direitos das mulheres até as políticas atuais de saúde menstrual.
Organizados em grupos, os estudantes discutiram os principais problemas relacionados ao tema que foram identificados no contexto escolar e produziram um jornal que sintetizava suas descobertas e percepções sobre o programa de distribuição de absorventes. Para avançar na ideação, o diretor da escola foi convidado a explicar como se dava a distribuição e a responder às perguntas dos alunos, promovendo um diálogo aberto e construtivo.
Utilizando dinâmicas que foram apresentadas durante a mentoria, como o “Mapa das Visões”, os alunos identificaram dimensões dos problemas e possíveis agentes para solucioná-los.
As soluções propostas foram diversas. Entre elas, a instalação de um porta-absorventes no banheiro feminino para emergências, uma vez que a escola não dispunha desse recurso. Além disso, os estudantes sugeriram elaborar um calendário de distribuição para organizar a entrega dos absorventes na escola, escrever uma carta aberta para a Secretaria da Educação, visando sensibilizar sobre a quantidade e qualidade dos absorventes distribuídos, e a criar de uma sacola para transportar os absorventes de forma mais discreta.
Resultados alcançados
O projeto promoveu aprendizagens significativas e deu origem a mudanças na escola. A distribuição de absorventes deixou de ser feita em sala de aula, passando a ocorrer em um local reservado, o que trouxe mais conforto para as alunas. O porta-absorventes já foi fixado no banheiro, melhorando a experiência delas.
Professor: Warly Borges, professor de geografia
Escola: Colégio Estadual Cônego Trindade
Cidade: São João da Paraúna (GO)
Resumo
Em São João da Paraúna (GO), estudantes protagonizaram uma campanha de conscientização sobre a preservação do Cerrado, criando podcasts e materiais informativos para engajar a comunidade e os colegas. Com a orientação do professor Warly Borges, eles simularam uma conferência COP na escola, elaboraram uma carta-compromisso em vídeo e se aprofundaram em pesquisas sobre o bioma.
Contexto
Ao chegar ao colégio, o professor percebeu que existia uma lacuna de conhecimento entre os alunos sobre o bioma Cerrado. Embora soubessem que viviam nesse bioma, muitos alunos não sentiam uma conexão real com ele, vendo isso como algo distante da sua realidade. A partir daí, o projeto buscou mudar essa perspectiva, fazendo com que os estudantes se perguntassem: “O que eu, como jovem estudante, posso fazer para proteger o meu lar, o lugar onde vivo?”
Desenvolvimento do projeto
O projeto partiu de uma apresentação realizada pelo professor para introduzir o tema do Cerrado, abordando sua importância ecológica e as ameaças que enfrenta. Em seguida, os alunos se organizaram em grupos para levantar as informações que já possuíam sobre o bioma e refletir sobre o papel da preservação ambiental. A partir desse levantamento, diversas ideias foram formuladas, servindo como base para a definição do problema do projeto. Também foram aplicados questionários digitais e físicos para coletar a percepção de outras turmas da escola e da comunidade sobre o Cerrado.
Durante a fase de investigação, os alunos realizaram uma atividade inspirada no roteiro pedagógico da mentoria, que consistiu em organizar uma COP na escola, na qual eles puderam relacionar problemas ambientais globais, como os que ocorrem em países como Japão, Noruega, Paquistão e França, com os desafios ambientais locais. Essa atividade gerou discussões sobre como questões ambientais podem afetar diferentes regiões e sociedades de formas diversas. Para finalizar, os alunos também foram incentivados a produzir e gravar uma carta compromisso que sintetizou todas as discussões que foram realizadas.
Com informações coletadas e uma reflexão ampla sobre o contexto, a equipe definiu o problema central do projeto. Os alunos perceberam que tanto a comunidade escolar quanto os habitantes de São João da Paraúna tinham pouco conhecimento sobre o Cerrado, e que qualquer ação prática para sua preservação precisaria ser acompanhada de um esforço de conscientização. Assim, formularam a pergunta norteadora do projeto: “Quais ações práticas podem contribuir para a conscientização da população de São João da Paraúna sobre a preservação do Cerrado?”
A partir dessa questão, os alunos entraram na fase de ideação, explorando várias possibilidades de ação. Identificaram problemas específicos, como queimadas, descarte irregular de lixo e falta de proteção ambiental.
Para ajudar na conscientização de outros colegas da escola e da comunidade como um todo, eles tiveram a ideia de criar materiais informativos, incluindo uma série de podcasts. Eles também planejaram criar uma “Semana Municipal do Cerrado”, com ações de preservação ambiental na cidade. No entanto, devido à agenda legislativa, ainda não foi possível apresentar essa ideia para o prefeito e os vereadores locais.
Resultados alcançados
De acordo com o professor, os resultados do projeto foram altamente positivos, com destaque para o protagonismo juvenil. Ele conta que os estudantes lideraram todas as etapas com confiança e iniciativa, originando as principais ideias e direcionamentos. Um dos marcos foi a criação de uma série de episódios de podcast, desenvolvidos como material de referência para alunos e professores de todo o Brasil. Esses episódios compartilham exemplos práticos e inspiradores de ações de proteção ao Cerrado, servindo como uma base motivadora para futuros projetos e iniciativas de preservação. Além disso, a mentoria proporcionou a criação de um laboratório audiovisual na escola, um espaço essencial que garantirá a continuidade de projetos como esse e estimulará novas ações lideradas pelos próprios estudantes.
Professora: Adélya Pires, professora de cultura de paz e convivência democrática
Escola: Escola Estadual Professor Antônio Gonçalves Lanna
Cidade: Ponte Nova (MG)
Resumo
Em Ponte Nova (MG), após participarem de discussões sobre saúde mental com a professora Adélya Pires, os estudantes tiveram a ideia de criar um cantinho de bem-estar e acolhimento na escola, visando oferecer um espaço tranquilo e seguro para momentos de apoio emocional.
Contexto
Os jovens brasileiros com idades entre 16 e 24 anos estão entre os mais afetados por problemas de saúde mental, resultando em consequências como baixa autoestima, isolamento social e até conflitos familiares. Pensando nesse contexto, a professora teve a ideia de levar o debate sobre saúde mental para a escola.
Desenvolvimento do projeto
O projeto teve início com a sensibilização dos estudantes e o estudo de políticas públicas. Para isso, a linha do tempo da Fundação FHC foi uma ferramenta muito útil, ajudando a contextualizar a saúde mental no cenário escolar e nas políticas nacionais.
Com esse embasamento, a professora promoveu rodas de conversa e grupos de discussão, em que os estudantes refletiram sobre o que é saúde mental, seu impacto na aprendizagem e de que forma a escola poderia contribuir para o bem-estar emocional dos alunos.
A partir dessas reflexões, os alunos foram incentivados a pensar em iniciativas para melhorar o ambiente escolar. Durante atividades de chuvas de ideias, construção de murais no Padlet e produção de mapas mentais, surgiram propostas como a realização de eventos com protagonismo estudantil, como saraus, palestras, jogos esportivos e manhãs solidárias. Além disso, os estudantes destacaram a necessidade de criar um espaço de acolhimento na escola.
Foi aí que surgiu o “Cantinho Zensação”, um espaço na escola onde os estudantes pudessem relaxar, conversar, tocar música, jogar ou buscar acolhimento em momentos de crise. Muitos relataram que, durante momentos de ansiedade, sentiam-se vulneráveis pela falta de um espaço acolhedor, e o cantinho veio para atender essa necessidade.
Resultados alcançados
Com essas estratégias, o projeto não só promoveu o bem-estar emocional, mas também fortaleceu a sensação de pertencimento à escola, com os estudantes assumindo um papel ativo na criação de um ambiente escolar mais acolhedor e receptivo. Segundo a professora, eles entenderam a saúde mental como uma questão de política pública e coletiva, conseguindo perceber as demandas relacionadas a essa questão dentro e fora da escola. Uma conquista importante também foi a criação de um cantinho de acolhimento na escola, dedicado ao descanso e apoio emocional, idealizado a partir das necessidades apontadas pelos próprios alunos ao longo do projeto.
Sobre o programa
O programa de mentoria “Do plano à prática! – Democracia e participação na escola” é uma iniciativa do Instituto Porvir e da Fundação FHC, criada para apoiar professores do ensino médio da rede pública a implementar projetos que incentivem a democracia e a participação no ambiente escolar.
Em sua primeira edição, o programa recebeu 115 inscrições, vindas de 23 estados, com cinco professores selecionados para participar.
O programa ocorreu de 13 de junho a 10 de outubro, incluindo:
- 7 Encontros Formativos Coletivos Online: Realizados às quintas-feiras, das 18h às 19h30, abordando conteúdos práticos e teóricos para a implementação de projetos.
- 2 Sessões Online de Mentoria Individual: Encontros entre os professores e as mentoras Renata Salomone e Heloize Charret, com foco em orientações personalizadas para o desenvolvimento dos projetos.
Calendário dos Encontros Coletivos:
- Encontro 1 (13/06) – Apresentação do programa, integração e definições iniciais.
- Encontro 2 (20/06) – Aprendizagem baseada em projetos e avaliação formativa.
- Encontro 3 (08/08) – Investigação e definição do problema.
- Encontro 4 (15/08) – Ideação e planejamento.
- Encontro 5 (29/08) – Execução.
- Encontro 6 (19/09) – Socialização dos aprendizados.
- Encontro 7 (10/10) – Encontro de encerramento e reflexões finais.
Bolsa
Cada educador selecionado recebeu uma bolsa de R$1.000 para apoiar a execução dos projetos, sendo necessário destinar pelo menos 70% do valor para atividades relacionadas ao projeto. A bolsa foi paga em duas parcelas, condicionada à participação nos encontros formativos e sessões de mentoria.