No interior da Paraíba, professor usa bulas de remédio para ensinar matemática
Alunos do 6º ano de escola pública em Umbuzeiro aprendem operações matemáticas a partir das orientações das bulas de medicamentos
por Givanildo Melo dos Santos
28 de setembro de 2022
Criar estratégias para aproximar o ensino da matemática às situações do cotidiano traz grandes benefícios para o aprendizado das crianças. A forma tradicional de abordar o conteúdo, por vezes, não atinge o resultado necessário. Pensando nisso, desenvolvi uma atividade bastante integradora e envolvente para ensinar multiplicação e divisão com os alunos do 6º ano da Escola Coronel Antonio Pessoa, localizada em Umbuzeiro (PB).
Pedi a eles que trouxessem para a sala de aula bulas de medicamentos que são utilizados por pessoas de suas casas ou familiares próximos. Em uma primeira conversa, falamos sobre os benefícios desses remédios e os riscos da automedicação ou utilização de maneira errada. Durante três momentos diferentes, com duração de três aulas, partimos, então, para as operações matemáticas.
Na primeira etapa, propus um debate com as seguintes perguntas:
- Para que servem os medicamentos?
- Todo medicamento tem orientações sobre como utilizá-lo. Onde encontramos essas informações? (Nesse momento, chamei a atenção para a importância de seguir as recomendações médicas).
- Vocês já fizeram uso de algum medicamento? Qual? Para quê?
- De quantas em quantas horas vocês tomavam? (Aqui, alguns estudantes falaram que tomaram de 4 em 4 horas, outros de 6 em 6 horas ou de 8 em 8 horas).
- Vocês têm conhecimento de alguma pessoa que já tomou algum remédio de 5 em 5 horas? E de 7 em 7 horas ou de 9 em 9 horas? (a maioria dos estudantes respondeu que não).
Após essa roda de conversa, que convergiu para os perigos de utilização errônea dos medicamentos, orientei os estudantes a fazer uma relação entre os horários que geralmente são tomadas as medicações com as horas do dia. Assim, eles foram compreendendo quais intervalos poderiam ser usados, distribuídos nas 24h do dia.



















No segundo momento, solicitei que cada estudante pegasse sua bula e localizasse nela o modo de usar. No quadro branco, construí uma tabela com informações constantes nas bulas dos remédios, como: nome do medicamento, para que serve e modo de usar (de quantas em quantas horas).
Com a tabela construída, realizei a leitura com os estudantes e reflexões sobre as informações de cada medicamento. Em seguida, perguntei a eles sobre o intervalo necessário entre uma medicação e outra, como por exemplo: medicamentos administrados de 4 em 4 horas, de 6 em 6 horas, de 8 em 8 horas ou de 12 em 12 horas. Nesta ocasião, os conduzi a compreenderem que os intervalos das medicações colocadas na tabela (4, 6, 8, 12) são divisores de 24 e que esses horários serão repetidos a cada dia, enquanto durar o tratamento. Nesse momento, introduzi o conceito de múltiplos e divisores de um número natural das operações matemáticas.
No terceiro momento, dividi a turma em grupos (com quatro estudantes em cada grupo) e solicitei construíssem uma tabela com as seguintes informações do medicamento de cada bula da equipe:
| Nome do medicamento | Modo de usar (posologia) | Duração do tratamento (fictício) |
Pedi aos estudantes respostas para as seguintes questões:
1 – Iniciando todas as medicações à meia noite (0) hora, como ficariam os horários do paciente tomar cada medicação?
2 – Se o paciente toma um comprimido de 4 em 4 horas, quantos comprimidos tomará em um dia completo? E em 4 dias? Como fazer para encontrar a sequência de horários deste medicamento?
3 – Um paciente toma dois tipos de medicação, um de 4 em 4 horas e outro de 6 em 6 horas. Se ele iniciar a medicação às 6h da manhã, haverá algum outro horário do dia que ele tomará os 2 comprimidos juntos? Se sim, qual/ais horário/s?
4 – Um paciente está realizando um tratamento que consiste em tomar 1 comprimido de 6 em 6 horas, durante 5 dias. Quantos comprimidos ele terá tomado ao final do tratamento?
5 – Escolha da tabela 3 medicamentos com horários diferentes de administração da dose e suponha que um paciente inicie a administração destes medicamentos às 8h da manhã. Qual o próximo horário em que os 3 medicamentos serão administrados juntos?
Abordamos, em seguida, os conceitos de múltiplos de um número, que são encontrados por meio de multiplicações desse número por outros. Para saber se um número é múltiplo do outro, basta realizar a divisão entre eles: um número é divisor do outro quando a divisão é exata, como por exemplo o número 6 é divisor de 12, 18, 24, 30, 36.
Percebi que os estudantes estabeleceram as relações necessárias e atingiram plenamente os objetivos programados nas aulas, conseguindo assim formar o conceito de múltiplos e divisores de um número natural a partir do trabalho com as bulas de medicamentos utilizadas.
O que é necessário para replicar este projeto de operações matemáticas?
Pedir aos alunos que tragam bulas de medicamentos. As operações matemáticas são feitas no quadro.
Givanildo Melo dos Santos
Mestre em ciências da educação, graduado em ciências - habilitação matemática, atualmente é graduando em pedagogia. É especialista no ensino da matemática, em gestão escolar, coordenação pedagógica, ensino a distância, ensino remoto e metodologias ativas.






Que ótimo! adorei a ideia! Parabéns !!!
Gratidão!
Parabéns Givanildo! Excelente metodologia👏
Gratidão!
Genial! Usarei em minhas aulas. Obrigada por compartilhar boas Ideias!
Fico feliz em compartilhar!
Adorei a sua metodologia, parabéns Vou fazer com meus alunos.
Fico feliz! Gratidão!
Parabéns professor pelo belíssimo trabalho. Quando os alunos compreendem o conteúdo no seu contexto social, passam a compreender melhor. Fiquei encantada.
Gratidão!
Parabens prof. Givanildo. Lembri de quando eu criaça me questionando “pra que apreender isso?”. Esse tema do medicamento é ótimo, gera muitos desdobramentos como intoxicação por medicamentos, calcular volume de xarope (dose/ml) por peso da criança, número de gotas por peso,…etc.
É isso aí, abre muitas possibilidades para vários conteúdos e discussões. Gratidão!
Poxa o ensino caiu tanto assim?. Em 96 na minha escola pública, aprendia-se tabuada na segunda, e multiplicação/divisão na terceira série.
Os impactos provocados pela pandemia geraram um déficit muito grande na educação. Encontrar formas de recompor a aprendizagem é o desafio. Os estudantes puderam, a partir dessa atividade, compreender os conceitos de MMC e MDC, podendo associá-los em situações de sua vida cotidiana.
Simplesmente sensacional, parabéns professor 👍
O resultado alcançado foi gigante! Gratidão!
Parabéns pela metodologia de ensino, excelente aplicação na matemática! Grande abraço.
Gratidão!
Gostei da estratégia w vou usar tb em minhas aula…Gostaria se possível que partilhases alguma forma de ensinar de forma pratica tb m.m.c e o m.d.c de números tendo wm conta que grande parte dos alunos não conseguem compreender.
Que maravilha!
PARABÉNS para o PROFESSOR de MATEMÁTICA, com METODOLOGIA INTELIGENTE e práticas Ativas, para maximizar os Conhecimentos para a VIDA!Profa.Dra.Deisy Mohr Bäuml e Alessander Bäuml Orlowski
Foi maravilhoso o resultado obtido. Além do engajamento os estudantes puderam compreender os conceitos de MMC e MDC a partir de forma bastante intensa.
Gratidão, querido, por após 21 anos saber que não era louca! Ensinei aos meus alunos exatamente isso no início dos anos 2000 e a diretora, além de me proibir e achar um absurdo ainda concluiu: “O que os pais irão pensar?!? Que tu és uma louca ou uma professora?!? Gratidão infinita!!! 🙏🏼❤️
Fico feliz em poder partilhar! Já passei por algumas situações parecidas. A forma tradicional ainda predomina em muitas escolas.
Parabéns.
Isso que se chama amor pelo que faz.
Gratidão!
Parabéns, excelente trabalho, sensacional.
Parabéns professor Givanildo, amei o trabalho. Que bom tê-lo com professor.
Parabéns! Excelente trabalho, usarei em minha sala de aula.