5 filmes de cineastas indígenas com atividades para a sala de aula
Malu Vieira, pesquisadora do Centro de Estudos Mesoamericanos, Andinos e Amazônicos e professora vencedora do Prêmio Professor Porvir, indica produções acompanhadas de atividades pedagógicas para promover reflexão sobre cultura, identidade e diversidade indígenas
por Malu Vieira
14 de agosto de 2025
A mobilização dos povos indígenas por seus direitos e pela defesa de sua cultura está presente nas mídias e se tornou um tema cada vez mais importante para a escola. Efemérides como o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, em 7 de fevereiro, o Dia dos Povos Indígenas, em 19 de abril e o Dia Internacional dos Povos Indígenas, em 9 de agosto, reforçam a visibilidade das comunidades originárias, mas a pauta deve atravessar todo o ano letivo, inspirando reflexões e práticas educativas constantes.
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Para inspirar e apoiar o planejamento dos professores, apresentamos uma seleção de filmes que permitem debater diferentes temáticas em sala de aula. Todas as produções são dirigidas por cineastas indígenas de diferentes povos e regiões do país e estão disponíveis gratuitamente em plataformas digitais. Confira:
Os espíritos só entendem o nosso idioma
Direção: Cileuza Jemjusi, Robert Tamuxi e Valdeilson Jolasi
Estado: Mato Grosso
Duração: 5 min 44s
Sinopse: O filme apresenta a perspectiva de jovens Manoki, que vivem no noroeste do estado do Mato Grosso, e que não conseguem falar a língua de seu povo, atualmente em risco de desaparecimento.
Sugestões de atividades: Que tal promover um bate-papo sobre a importância da diversidade linguística? e da preservação das línguas e culturas dos povos indígenas, entendendo-as como patrimônio cultural do país e como um direito humano.
A partir do filme, os professores também podem trabalhar noções de língua e cultura, além da transmissão intergeracional de conhecimentos ancestrais, e propor a criação de um mapa das diferentes línguas faladas no território nacional, sejam elas originárias ou de povos imigrantes.
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Direção: Ana Letícia Meira Schweig, Angélica Domingos, Cleber kronun de Almeida, Eduardo Santos Schaan, Geórgia de Macedo Garcia, Gilda Wankyly Kuita, Iracema Gãh Té Nascimento, Kassiane Schwingel, Marcus A. S. Wittmann, Nyg Kuita, Vini Albernaz
Estado: Paraná
Duração: 10 min 46s
Sinopse: Este filme apresenta a produção de objetos de cerâmica pelo povo Kaigang, no estado do Paraná, numa narrativa sensível que aborda a transmissão de conhecimentos entre gerações de mulheres.
Sugestões de atividades: Os professores podem debater tecnologias ancestrais e noção de tecnologia. O que entendemos como tecnologia? O trabalho manual e artesanal, como a cerâmica, pode ser entendido como uma tecnologia? Quais técnicas nós dominamos? Hoje, nós temos conhecimento sobre as técnicas?
Outro ponto a ser abordado é a diversidade da fauna e da flora apresentadas na animação. Podemos localizar espacialmente onde o povo Kaigang vive a partir dos elementos presentes? Como seria a representação da fauna e da flora no local onde vivemos?
| Curadoria indígena |
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| O Museu das Culturas Indígenas organizou uma lista de canais e produções audiovisuais de povos originários. O acervo reúne vídeos, documentários e conteúdos produzidos por e sobre essas comunidades, oferecendo referências para educação, pesquisa e valorização cultural.Acesse a curadoria completa aqui: Canais e Produções Audiovisuais |
Aguyjevete, avaxi’i
Assista gratuitamente no Itaú Cultural Play
Direção: Kerexu Martim
Estado: São Paulo
Duração: 21 min
Sinopse: O curta, de uma cineasta Mbyá Guarani da cidade de São Paulo, apresenta a retomada da plantação de diferentes espécies de milho em sua aldeia.
Sugestões de atividades: Para tratar sobre a diversidade dos povos indígenas, as discussões podem ser dirigidas para refletir sobre os indígenas que vivem próximos ou em contextos urbanos. As perguntas norteadoras incluem: Qual a visão que temos sobre a forma de viver desses povos na atualidade? Todos os povos vivem na floresta? Quais os povos originários que viveram e vivem no território que a escola está?
Além disso, a temática da alimentação e o consumo de alimentos ultraprocessados são boas opções de pesquisa a partir do filme. Que tal realizar um trabalho sobre a produção de alimentos que os alunos e suas famílias consomem? De onde vêm e como são produzidos?
Ete Londres
Assista na página da Embaúba Filmes
Direção: Takumã Kuikuro
Estado: Mato Grosso
Duração: 20 min
Sinopse: O filme de um cineasta Kuikuro, apresenta sua visão sobre a cidade de Londres e seus habitantes, traçando paralelos entre a capital inglesa e sua aldeia, no Território Indígena do Xingu.
Sugestões de atividades: A partir do filme, realize um debate sobre o espaço urbano. Quais as dificuldades enfrentadas? O modo de vida da população londrina se assemelha ao que é vivido por cada membro da turma? Como é organizado o espaço urbano em que vivem ou o espaço urbano mais próximo? Quais as semelhanças entre a cidade de Londres e a aldeia do povo Kuikuro no Xingu?
Ao final, propõe-se uma pesquisa sobre os diferentes modos de organização do espaço em que vivem as diferentes populações brasileiras.
Kanau’kyba
Disponível gratuitamente no Itaú Cultural Play
Direção: Gustavo Caboco e Pedra do Bendegó
Estado: Roraima
Duração: 11 min
Sinopse: A animação de um artista do povo Wapichana aborda o apagamento das memórias e histórias dos povos indígenas e a sua luta contra este apagamento.
Sugestões de atividades: As temáticas a serem abordadas a partir do filme podem abordar a importância da preservação da história, memória e patrimônio. Por que e o que devemos preservar? O que esquecemos? Por que é importante preservar a história e memória dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais? O que nós, enquanto sociedade, escolhemos preservar?
A partir dessa discussão, é legal desenvolver uma investigação sobre a memória e história do lugar em que a escola está, buscando responder às questões abordadas no debate.





