Escola no Maranhão é finalista em prêmio internacional com projeto de IA - PORVIR
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Inovações em Educação

Escola no Maranhão é finalista em prêmio internacional com projeto de IA

Finalista do Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2025, a Escola COC São Luís, no Maranhão, aposta na tecnologia para personalizar o ensino, promover o protagonismo estudantil e reduzir desigualdades

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 18 de agosto de 2025

“Como eu vou reconhecer se o texto de um aluno ou aluna foi produzido por inteligência artificial (IA) se eu nem sei como uma IA funciona? Esse é um dos motivos pelos quais sou a maior defensora para que professores utilizem IA. Essa mudança já aconteceu, não há como proibir. Então, como podemos ensinar nossos alunos a utilizar IA de uma forma ética, produtiva e que melhore o mundo?”

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A frase de Helenice da Hora, professora de história da Escola COC São Luís, no Maranhão, ilustra a perspectiva da instituição quanto ao uso da tecnologia tanto pelos estudantes quanto pelos educadores.

Com o projeto “Pacto pela Educação do Maranhão”, a instituição é finalista na categoria  “Colaboração Comunitária” do Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2025, iniciativa lançada em 2022 pela organização britânica T4 Education, que reconhece projetos educacionais inovadores e transformadores.

A edição de 2025 traz outra novidade: como parceiro oficial da T4 Education no Brasil, o Porvir reforça seu compromisso com a valorização de boas práticas educacionais. Ao longo do ano, você encontrará por aqui uma cobertura especial sobre a premiação, incluindo entrevistas com educadores e especialistas envolvidos nas iniciativas finalistas, oferecendo aos leitores orientações e exemplos inspiradores sobre essas experiências.

Prêmios e reconhecimento
A Escola COC São Luís está entre as quatro instituições brasileiras finalistas do Prêmio Melhores Escolas do Mundo 2025. Saiba mais sobre a premiação neste link.

Inclusão digital, equidade de gênero e compromisso com a comunidade

A escola COC São Luís faz parte do sistema COC de ensino e atua na capital maranhense há mais de 20 anos. Desde sua fundação, destaca o uso da tecnologia, aliada a inteligência emocional e bem-estar, para impulsionar o desenvolvimento e o protagonismo dos estudantes. 

Helenice cita a diretora-executiva Ilda Dualibe e a educadora Rafisa Pereira, que se uniram para pensar em uma forma de utilizar práticas já desenvolvidas na instituição, como o uso de tecnologia, não apenas para que os alunos se apropriassem de ferramentas como a IA para seu próprio crescimento, mas para que utilizassem esse conhecimento para impactar a comunidade ao seu redor.

“Os  indicadores educacionais do Maranhão estão muito abaixo da média, não só global, mas até da própria média nacional. E a nossa preocupação é sempre elevar esse índice. Mas não adianta fazer isso pensando apenas enquanto escola da rede privada, e sim como podemos colaborar com a comunidade”, comenta Ilda.

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Nesse sentido, o “Pacto pela Educação do Maranhão”, projeto finalista do prêmio, divide-se em quatro metas principais: inclusão digital e redução das desigualdades; geração de emprego e renda para mulheres; influência em políticas públicas; e excelência acadêmica e liderança estudantil.

Formação de estudantes e protagonismo de meninas da rede pública

Os estudantes têm uma atuação mais direta nas metas 1 e 2 do projeto. Ilda compartilha que a meta 1 envolve o objetivo de formar ao menos 5 mil alunos em IA e STEAM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática em uma proposta integradora) até 2030. Para isso, a instituição realizou uma série de parcerias e definiu como público prioritário os estudantes da rede pública de São Luís, principalmente meninas.

“Muitos estudos falam sobre a defasagem de mulheres no mercado de trabalho nas áreas de IA e STEAM. Muitas estão na informalidade e não ocupam áreas como engenharia. Se não atuarmos nesse campo agora, sabemos que daqui a alguns anos essa desigualdade será ainda maior”, aponta Ilda.

Assim, a escola promove encontros com estudantes de escolas públicas e com colaboradores de empresas parceiras, que vão até a Escola COC São Luís para ter formações com educadoras e estudantes da instituição sobre inteligência artificial e tecnologia. 

Quando os locais contam com infraestrutura tecnológica adequada, os estudantes da COC São Luís vão até essas escolas e empresas. “Quando trazemos meninas e professoras liderando esse projeto, começamos a quebrar alguns padrões”, analisa Ilda.

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A participação no projeto é voluntária, mas Helenice conta que houve adesão de 100% das estudantes convidadas pela escola. Sua função no projeto é coordenar os diferentes grupos participantes: alunos, educadores, famílias e instituições parceiras.

“Precisamos promover o acesso, mas de uma forma qualificada, para que meninas e mulheres saibam usar essas ferramentas”, analisa Helenice. “Já tivemos ações em que nossos alunos selecionaram IAs gratuitas para ajudar alunas a aprender a construir uma redação nota mil, ou como fazer um plano de estudo. É claro que eu fico orientando, mas quem toma as decisões e escolhe a sequência do que será apresentado são os alunos. E muitas ações que, para a gente, aqui na escola, já são naturalizadas, como o domínio de um prompt, para muitos alunos de escola pública, infelizmente não são”, explica.

Geração de renda 

Já a meta 2, sobre geração de emprego e renda para mulheres, consiste no projeto “Wonder Woman”, uma iniciativa da escola com mais de oito anos de existência, que oferece formações sobre precificação, visão de mercado e empreendedorismo para mulheres de baixa renda da comunidade.

“O Maranhão também é conhecido como um estado muito forte quanto ao feminicídio. Desenvolvemos esse projeto, inclusive, junto com a delegacia da mulher e vários outros parceiros”, diz Ilda. Trabalhamos não só conteúdos voltados para finanças, mas também empoderamento feminino, a valorização da força da mulher e seu valor, e o que fazer em casos de abuso. Fazemos feiras semestrais com elas dentro da escola para que possam vender seus produtos. Hoje, essas mulheres estão muito bem encaminhadas no mercado. Temos comprovação de melhoria de renda de mais de 30%”.

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Além de parcerias com empresas externas para financiamento dos melhores negócios, os alunos entram com formação sobre o uso de ferramentas de IA para impulsionar os modelos de negócio. Entre os aprendizados, estão  a construção de uma legenda para um post no Instagram, a organização da agenda de uma dona de negócio e o acesso a conhecimentos financeiros, além do uso da tecnologia para o desenvolvimento do site (a partir da programação), da marca e identidade visual e das redes sociais desses negócios.

IA no currículo

Além das aplicações citadas, a inteligência artificial, por já fazer parte do currículo da escola, também é utilizada de outras formas. Uma delas é na personalização dos planos de cada estudante, com uma junção entre áreas pedagógicas onde o aluno apresenta alguma dificuldade e seus hobbies, interesses e planos para o futuro.

“Vamos pegar o exemplo de uma aluna que quer ser médica e está no nono ano do ensino fundamental. Ela só estuda duas horas por dia. Então, o prompt (comando ao sistema) correto para a inteligência artificial apoiar no desenvolvimento desse plano seria: qual é o tempo de estudo que devo dedicar nesses três anos de escola? É preciso fornecer informações sobre suas rotinas e principais dificuldades”, avalia a diretora.

Assim, o estudante sai com um plano personalizado que envolve não apenas o conteúdo, mas também aspectos comportamentais, de habilidades e competências. Vale ressaltar que a parceria entre escola e família é fundamental para incentivar os estudantes.

Fachada do prédio da escola COC São Luís, com estrutura moderna, torre cilíndrica central e logomarca visível. Ao lado, um supermercado e um prédio residencial.
Divulgação / T4

O desenvolvimento de um professor particular de IA (conhecido como eself) é outra aplicação da tecnologia no dia a dia da instituição. A escola buscou uma parceria em Israel para possibilitar a ferramenta, aprimorada com a ajuda de um grupo de estudantes a partir de uma tecnologia que já havia sido desenvolvida na própria escola.

“Nossa IA não visa substituir o professor, até porque não acreditamos nisso. Ela é muito mais para auxiliar o aluno no contraturno, com acesso a informações mais seguras, principalmente para alunos que são menores e ainda não têm tanta maturidade para estarem imersos na internet com acesso a tantas informações. E mais do que tudo, nossa intenção é que esses produtos que criamos não fiquem apenas na escola, mas que ganhem vida fora da COC”, compartilha Helenice.

A educadora também exemplifica que usa IA para abordar conteúdos de sua disciplina de forma inovadora. Ao trabalhar Grécia e Roma Antiga, por exemplo, a IA sugeriu uma atividade baseada em “mente sã, corpo são”. “Os gregos, que criaram as Olimpíadas, faziam muitos exercícios porque acreditavam que não bastava ser inteligente, mas que o corpo precisava estar saudável. Com isso, tive a ideia de ir para um box de crossfit para trabalhar essa ideia. Os alunos adoraram. Esse foi um exemplo de uma aula que foi planejada aliando meu conhecimento como professora da disciplina e informações que a IA me propiciou.”

Influência em políticas públicas e formação de lideranças
A terceira meta do Pacto pela Educação do Maranhão é incluir a disciplina de inteligência artificial no currículo da rede pública do estado. Para isso, a Escola COC São Luís participa do Movimento Educa 2030, ligado ao Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas).

Educação integral para formar cidadãos

Excelência acadêmica e liderança estudantil correspondem à quarta meta do projeto e traduzem a crença da instituição no potencial de seus estudantes.

“O aluno pode ter domínio da matemática, mas se ele não tiver domínio de outras habilidades, como a capacidade de resolver problemas complexos, liderança, coragem e também habilidades que a gente chama de competências técnicas como IA e tecnologias exponenciais, ele terá sérios problemas para vencer os desafios da nossa época”, explica Rodrigo Marques, presidente do grupo COC São Luís.

O educador reforça a importância do estímulo à criatividade e à inovação para a resolução de desafios complexos atuais e defende que a inteligência artificial não vem para substituir a inteligência humana, mas sim para somar, criando a chamada “inteligência aumentada”.

“Muitas pessoas falam sobre colocar o aluno no centro da aprendizagem. Mas o que ele vai fazer com esse espaço? Eu acredito que os nossos alunos são protagonistas não apenas da sua própria vida, mas, com esse protagonismo e essas ferramentas, querem causar impacto, mudanças e se tornarem líderes globais. Tenho muito orgulho de vê-los atuando não só porque querem tirar nota mil em uma redação ou passar em medicina, mas porque pensam no que podem fazer com esse conhecimento e em qual impacto podem causar”, completa Helenice.


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inteligência artificial, melhores do mundo, tecnologia

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