Nos moldes britânicos, escola de disciplinas criativas abre em SP - PORVIR
Crédito: Divulgação / EBAC

Inovações em Educação

Nos moldes britânicos, escola de disciplinas criativas abre em SP

Centro de ensino irá se aproximar de empresas para promover o aprendizado a partir de problemas reais e estimular o crescimento da economia criativa no país

por Marina Lopes ilustração relógio 15 de julho de 2016

O que é preciso para estimular o crescimento da economia criativa no país? Um centro de ensino lançado na cidade de São Paulo está apostando no modelo britânico para formar novos profissionais nas áreas de arte e design, audiovisual e computação gráfica. Com professores de atuação no mercado e relações estreitas com empresas, a EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas) quer promover o aprendizado baseado em tarefas e experiências reais.

Com previsão de início das aulas para o dia 22 de agosto, a escola foi criada a partir da percepção de que a economia criativa é um dos setores que mais crescem no mundo. Aqui no Brasil, as atividades econômicas que utilizam a criatividade e diferentes habilidades como insumos primários já são responsáveis por movimentar quase 3% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Embora esse setor tenha um grande potencial para o país, na avaliação do diretor-presidente da EBAC, Mauricio Tortosa, o ensino de disciplinas criativas no país ainda é generalista e pouco conectado com mercado, apesar de contar com currículos muito bem estruturados. “Quando o aluno entra em uma agência de publicidade para trabalhar, ele vai se deparar com uma realidade diferente. Muitos fazem estágio de um, dois ou três anos para estarem preparados para a profissão”, observa.

Com a proposta de oferecer um novo modelo de ensino para essas disciplinas, a instituição recém-inaugurada mantém parcerias com a Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, e um consórcio de escolas de Moscou. De acordo com Tortosa, a ideia é oferecer “educação de disciplinas criativas com qualidade mundial para estimular a economia criativa no Brasil”. Com a opção de cursar um bacharelado britânico sem sair de São Paulo, a escola irá oferecer diplomas aceitos internacionalmente. Além disso, também serão ofertados cursos técnicos e livres ou preparatórios para quem pretende ingressar na instituição.

“O nossos alunos vão para fora estudar na Parsons [School of Design], em Nova York, ou na Saint Martins, em Londres. E quando eles se formam, aos 21 anos, não voltam mais para o Brasil. Isso é um problema muito grave. Essa escola abriu para ser uma alternativa ao aeroporto de Guarulhos. Precisamos desenvolver e reter esses talentos aqui”, explica o diretor-presidente da EBAC.

Para desenvolver talentos criativos no país, a escola investiu na contratação de professores com experiência de mercado e está apostando na parceria com empresas do setor. “O grande diferencial do ensino da Grã-Bretanha para o do Brasil é que os alunos trabalham em projetos reais, de clientes reais, com problemas reais”, pontua Tortosa.

A partir de conexões com o mundo real, os cursos pretendem ampliar o olhar dos estudantes, conforme conta o designer e ilustrador Kiko Farkas, fundador do Máquina Estúdio e sócio fundador da ADG Brasil (Associação Designers Gráficos). Professor e coordenador do curso de design gráfico, ele conta que a intenção é formar profissionais que não sejam apenas operadores, mas que consigam fazer análises críticas e transferir conhecimentos de uma área para a outra. “Vamos começar exigindo que as pessoas olhem para o mundo e não fiquem fechadas em uma caixinha do designer gráfico, do Photoshop, do Illustrator e do InDesign”, diz.

Farkas menciona que as atividades da EBAC serão interdisciplinares e focadas em experiências reais. Em um exercício sobre flores, ele exemplifica que os alunos irão fazer arranjos, buscar entender sobre perfumes, extrair uma paleta de cores, desenhar e estudar a estrutura física delas. Ao mesmo tempo, em história da arte eles também podem ver um poema sobre flores. “O que nós vamos fazer é absorver as ideias e técnicas. No final do curso, vamos usar esse conhecimento para construir significados”, afirma. Ele também cita que os alunos poderão desenvolver trabalhos com base em briefings reais de empresas, como elaborar uma capa para uma editora ou produzir uma peça para um cliente.

O espaço físico da escola também pretende contribuir com a proposta pedagógica e estimular a criatividade. Em um prédio na Vila Madalena, assinado pelo arquiteto Isay Weinfeld, o centro educacional conta com estúdios de arte e design, laboratórios e biblioteca. Todos cercados por grandes janelas de vidro, espaços de convivência e terraços com vista para o entorno.

No momento, a escola está realizando os processos de admissão para os primeiros cursos do próximo semestre. O ingresso ocorre nos moldes das seleções britânicas, que incluem entrevistas, avaliação de histórico escolar e, em alguns casos, apresentação de portfólios.


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educação mão na massa, ensino superior, ensino técnico, escolas inovadoras, interdisciplinaridade, novos espaços

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