Plataforma sobre desenvolvimento integral de professores firma parceria com redes públicas - PORVIR
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Inovações em Educação

Plataforma sobre desenvolvimento integral de professores firma parceria com redes públicas

Vivescer incentiva que professores aprendam mais sobre suas emoções e sentimentos, percebam e cuidem de seu corpo físico, atentem-se para seus pensamentos e reflitam sobre seu propósito de vida a partir de jornadas de aprendizagem e percursos formativos

Parceria com Instituto Península

por Maria Victória Oliveira ilustração relógio 16 de outubro de 2020

É fundamental que, ao longo de suas carreiras, os professores e educadores tenham tempo e disponibilidade para se dedicar à formação continuada, isso é, a atualização de metodologias de ensino, aprendizado sobre novas tecnologias, estudo sobre práticas, gostos, preferências e formas de aprender dos estudantes, tudo isso com o objetivo comum de promover aprendizagens mais significativas. Entretanto, se os professores têm como foco principal o aprendizado e bem-estar dos alunos, quem se preocupa com os docentes?

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Partindo desse questionamento, o Instituto Península criou a Vivescer, uma plataforma destinada a promover o desenvolvimento integral de profissionais da educação a partir de quatro jornadas de aprendizagem conectadas a dimensões dos seres humanos: corpo, emoções, mente e propósito. A proposta foi pensada e desenvolvida em conjunto com um grupo de professores de diferentes estados do Brasil.

Considerando que a qualidade da educação passa pela formação inicial e continuada dos docentes, bem como por seu bem-estar para lecionar na sala de aula, Mariana Breim, diretora da plataforma Vivescer e de desenvolvimento integral do Instituto Península, explica que, de forma geral, os professores, principalmente os que lecionam em escolas públicas, enfrentam diariamente desafios que vão além do planejamento e execução de uma boa aula.

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“Nossos professores têm adoecido por dificuldades em lidar com problemas como a indisciplina e a violência nas escolas, por exemplo. É preciso que eles possam ter mais ferramentas em mãos, e nem toda elas estão relacionadas apenas com o desenvolvimento cognitivo. As dimensões emocionais, físicas e a dimensão do propósito também precisam ser consideradas”, afirma.

Essas percepções levaram a acordos de parcerias entre a plataforma e diversas secretarias públicas de educação Brasil afora, como é o caso de Mato Grosso, que já conta com mais de 10 mil profissionais cadastrados na Vivescer. Adriano Gomes, superintendente de políticas de desenvolvimento profissional da Seduc (Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso), conta que a iniciativa partiu do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), em um movimento de incentivar o trabalho com diferentes competências e habilidades entre os professores, como as socioemocionais.

Depois de uma live inaugural na qual a equipe da Vivescer apresentou as jornadas e suas propostas, os professores puderam começar a explorar os conteúdos. Segundo Adriano, esse processo teve pontos em comum com a fase inicial das aulas remotas, em que educadores passaram a olhar de outra maneira para recursos e plataformas digitais que os ajudassem no dia a dia.

“Muitas ferramentas que estamos usando em ambientes virtuais de aprendizagem já existiam e nós não prestávamos a devida atenção. Hoje, é por esses meios que conseguimos interagir com os alunos. Nós não vamos abandonar a tecnologia, ela vai continuar nas salas de aulas e contribuir para que a aprendizagem aconteça”, ressalta.

O superintendente pontua que é importante incentivar que, a partir do uso desses recursos, dispositivos e funcionalidades, os professores possam inovar e ser apoiados no desenvolvimento de uma educação integral. “Hoje, nós entendemos que desenvolver habilidades socioemocionais com os professores é uma forma de incentivá-los a trabalhar esse tema com os alunos. Outras temáticas também podem despertar no docente a proatividade e inovação, fundamentais para ele dar conta dessa nova realidade que estamos vivendo.”

Menos controle, mais autonomia
Mariana explica que as parcerias firmadas com as secretarias seguiram os princípios da Vivescer ao não determinar nenhum tipo de ordem de percursos a ser seguida pelos docentes no acesso à plataforma. Para a diretora, uma das principais vantagens da ferramenta é sua flexibilidade, uma vez que os 16 percursos formativos disponíveis não têm prazo de início ou término e podem ser trilhados em qualquer ordem, no tempo que os educadores têm disponível e no ritmo que lhes convém.

No Mato Grosso, Adriano optou por seguir o funcionamento da plataforma ao conceder mais autonomia aos docentes. “Nós respeitamos a proposta da Vivescer, então os educadores não têm um tempo determinado para realizar cada jornada. A única coisa foi que deixamos simbolicamente registrado o início da parceria com a realização da live para explicar a Vivescer.”

Muitos professores, entretanto, têm usado o período de distanciamento social e aulas remotas para estudar e se atualizar sobre novas metodologias de ensino, por exemplo. E é grande o interesse por formações que disponibilizam certificado aos participantes, o que a Vivescer também faz. Um incentivo para que docentes de todo o Brasil possam investir no seu autoconhecimento e desenvolvimento enquanto ser humano. “Todas as jornadas da Vivescer, cada uma com 32 horas, são certificadas pelo Instituto Singularidades, uma faculdade especializada em formação de professores, e essa certificação pode ser usada para a evolução funcional dos servidores públicos”, explica Mariana.

A figura dos embaixadores
Apesar de a Vivescer não determinar um ponto de partida para as atividades na plataforma, Mariana comenta que a equipe tem observado que os quatro percursos da jornada emoções são, geralmente, o início da trajetória da maioria dos educadores. Isso encontra grande eco na fala dos embaixadores da plataforma. “Os embaixadores, em sua maioria, são professores representando os diferentes estados do Brasil que participaram – e ainda participam – dos processos de cocriação da plataforma. Eles são “usuários mais experientes”, já cursaram as jornadas e estão sempre à disposição para receber e ajudar quem está chegando”, explica a diretora.

Para Carlos Henrique Patrício, diretor de uma escola da rede municipal de ensino de Magé, no Rio de Janeiro, a Vivescer chegou no momento certo em sua vida, uma vez que a jornada emoções ajudou a atravessar um processo de luto em sua vida pessoal e contribuiu para seu fortalecimento. “A jornada emoções, que estou refazendo atualmente, conseguiu mostrar que precisamos falar sobre nossos sentimentos e o que estamos sentindo. Não somos só divididos entre estar triste ou feliz. Temos muitas outras emoções e a jornada possibilita que a gente se conheça mais e melhor, além de permitir que olhemos para os outros, desenvolvendo empatia.”

Rosiane Ribeiro Justino, professora da rede municipal de Joinville (SC), é uma das educadoras que participou ativamente do processo de criação da plataforma desde o início, o que permitiu que ela passasse por todas as jornadas. Apesar de gostar de todas, o sentimento é especial com as que tratam sobre emoções e propósito. Enquanto a primeira ajudou a perceber seus próprios sentimentos, a outra possibilitou que ela compreendesse melhor e direcionasse alguns de seus objetivos de vida. Segundo ela, os ensinamentos interferem diretamente tanto em sua vida pessoal, como na prática profissional.

“Ser um professor formado, com suas próprias metodologias e dentro de sua área específica de conhecimento é muito bom. Mas se esse docente tem o lado humano bem desenvolvido, acredito que ele será excepcional e imbatível. Nós percebemos o quanto isso faz diferença para o profissional. Eu já fui muito conteudista, tive fases da vida em que queria cumprir currículo. Hoje a minha preocupação é garantir que o ser humano seja feliz, que se entenda, compreenda o outro e alcance seus objetivos e metas, por mais simples que sejam.”

A proposta inicial da plataforma era criar uma rede social só de educadores. Com o envolvimento de professores de diferentes partes do Brasil na concepção da plataforma, a notícia se espalhou e, hoje, a Vivescer conta com inscrições de todas as regiões do país. “Temos uma interação rica e muito diversa que se estende paras as lives semanais, que acontecem todas as quintas, às 19h (horário de Brasília) via Zoom, com transmissão para nossas redes sociais”, explica Mariana, deixando o convite para a participação. Conheça aqui a plataforma.

 

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desenvolvimento integral do professor, educação integral, formação continuada, socioemocionais

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