Dicas de planos de aula para incentivar autoria a partir da produção de mídia
Adaptação de planos de aula para promover engajamento, produção e relacionamento entre pares pode ser estratégia para driblar consequências do fechamento de escolas
por Maria Victória Oliveira 20 de novembro de 2020
Com o fechamento das escolas em razão da pandemia de Covid-19, diversos processos de ensino-aprendizagem ficaram comprometidos, como a interação entre pares. Uma estratégia para incentivar que alunos continuem interagindo mesmo a distância e caminhar para um modelo educacional que priorize a produção autoral é a adoção de planos de aula centrados em autoria e produção de mídia. Criado para engajar a sociedade na educação midiática de jovens, o programa EducaMídia conta com dicas de atividades com esse perfil. Confira:
Criar para Aprender
Relacionado ao eixo da escrita, o plano de aula Criar para Aprender, desenvolvido para aplicação junto a turmas de ensino médio, consiste na criação de uma peça de mídia por grupos de estudantes, que devem interagir e socializar as produções entre si.
Para chegar ao produto audiovisual final, a proposta sugere que os jovens percorram uma série de etapas, como a reflexão sobre diferentes formas de apresentar a mesma informação, a criação de uma pergunta disparadora pelos próprios alunos, realização de pesquisa sobre o tema definido, elaboração de uma narrativa clara e concisa, reflexão sobre as imagens relacionadas às passagens do texto, e montagem do produto.
Ao final, é aconselhada a realização de uma rodada de apresentações das criações, sejam vídeos, infográficos, animações, ou outros, com o objetivo de estabelecer um espaço de discussão sobre os aprendizados do processo. Confira materiais de referência e a live sobre o mesmo tema.
Educação midiática e participação cívica
Durante essa live, o EducaMídia discute como a educação midiática dá as condições para que as pessoas aproveitem o melhor do que a tecnologia tem a oferecer. Nesse sentido, sua relação com participação cívica se dá pois ela permite que crianças, jovens e adultos entendam e dominem as ferramentas, além de empoderá-los para que usem sua própria voz de maneira responsável.
Além disso, com a educação midiática, jovens podem participar ativamente dos diálogos na sociedade. Entre diversos exemplos, a transmissão cita o currículo elaborado pela MacArthur Foundation, o Digital Civics Toolkit, que propõe um conjunto de cinco etapas relacionadas a educação midiática atrelada a projetos: participar, investigar, dialogar, voz e ação. Saiba mais.
Guia da Educação Midiática
“Se tratarmos as mídias como triviais, desnecessárias ou apartadas da aprendizagem dos jovens, estaremos relegando a própria educação à irrelevância.” Essa é uma citação de David Buckingham, escritor britânico e especialista em mídias e educação, trazida pelo Guia da Educação Midiática. Elaborado pelo EducaMídia, tem como objetivo estimular educadores e demais profissionais da educação a refletir sobre a importância de preparar crianças e jovens para uma relação fortalecedora com as mídias.
A citação do especialista abre o capítulo ‘Do Conceito à Prática’, que apresenta dicas de atividades voltadas à criação de mídias e voz dos estudantes. O documento traz dicas para adaptar projetos que já estão em andamento e assim, fortalecer a autonomia dos estudantes aos poucos, como permitir que escolham recortes diversos do mesmo assunto, oferecer a escolha do formato do produto final, flexibilizar a escolha da audiência para o projeto, entre outros estratégias.
Também apresenta como é possível trabalhar as habilidades de acessar, analisar, criar, refletir e agir a partir de acontecimentos recentes, como a rápida disseminação do novo coronavírus e o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos.
Na fase de análise, por exemplo, os alunos devem exercitar a habilidade de curadoria e buscar informações sobre os temas, explicar onde encontrou, ser capaz de identificar diferenças entre conteúdos mais informativos ou mais pessoais.
Na criação, é possível a adoção de formas diferenciadas de reunir e expor a pesquisa, como a criação de um mural – seja presencial ou virtual – com imagens, trechos de texto, manchetes e frases.
Já na fase Da Compreensão à Ação, é incentivado que alunos possam aplicar o que aprenderam, como, por exemplo, na criação de uma campanha nas redes sociais para conscientizar a população sobre atitudes racistas.
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