Alunos da USP reúnem ideias para melhorar a cidade
#USPOcupa vai levar aos candidatos a prefeito as melhores ideias dos estudantes; iniciativa quer estimular participação cidadã
por Vagner de Alencar 14 de setembro de 2012
Enquanto esta semana uma decisão da Faculdade de Economia e Administração da USP (Universidade de São Paulo) proibiu a realização de debates eleitorais na cidade universitária, um projeto realizado por alunos de diferentes faculdades da universidade vêm estimulando a participação mais ativa dos cidadãos nas eleições. O movimento #USPOcupa está chamando os estudantes da instituição para darem ideias para melhorar a cidade por meio de uma plataforma colaborativa. Nela, a população também participa apoiando e comentando as propostas inscritas. As doze melhores serão enviadas aos candidatos à prefeitura de São Paulo.
Lançado no mês passado, junto com o início do horário eleitoral gratuito, o projeto tem o intuito de influenciar o debate eleitoral e verificar se os candidatos estão sensíveis aos problemas indicados. “Muitas das propostas inscritas na plataforma já existiam e só precisavam de um espaço para ter visibilidade, outras estão surgindo a partir dessa provocação”, afirma Iana Chan, uma das coordenadoras do projeto. Segundo ela, as 12 melhores propostas, serão selecionadas de acordo com os seguintes critérios: criatividade, quantidade de comentários e interações de outros cidadãos.
O movimento começou com alunos que já tinham contato e interesse pela chamada webcidadania que usa o poder da internet para promover transformações sociais. O projeto, inclusive, está estudando parcerias com a Rede Nossa São Paulo e o Voto Consciente que já fazem um trabalho focado nessa transformação da cidade, o que vai garantir mais apoio e pressão para que as propostas dos alunos sejam implementadas de fato. Até mesmo para criar o site, o movimento contou com a parceria do Cidade Democrática – iniciativa do Instituto Seva, que promove mobilização política entre cidadãos, ONGs e candidatos – que liberou a replicação de sua plataforma de crowdsourcing para o projeto.
Uma das propostas inscritas na plataforma sugere que a prefeitura de São Paulo e a USP se unam para apoiar os cursinhos populares. Sugerida por uma estudante da faculdade de filosofia e letras, a ideia é que a prefeitura, por exemplo, passe a apoiar financeiramente os cursinhos, enquanto a USP se incumbiria da criação de convênios entre as faculdades e os cursinhos. A instituição de ensino também ficaria responsável pela seleção dos materiais e dos professores. “O apoio a cursinhos populares se faz necessário com o intuito de promover a abertura do acesso ao ensino superior de qualidade a todos os interessados”, recomenda a estudante na plataforma.
Série de debates
Para dar visibilidade ao projeto, o movimento criou também uma série de debates com depoimentos em vídeos de professores e outros nomes importantes ligados à USP. Segundo Iana, os vídeos ajudam a viralizar mais rapidamente essas ideias e a influenciar o debate público. A série conta com quatro depoimentos como de Luli Radfahrer, professor de comunicação digital, que comentou sobre a potencialidade da internet em promover mudanças sociais, e de Eugênio Bucci, doutor em ciências da comunicação pela ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP, que falou sobre a função da universidade pública.
A intenção é repetir a iniciativa também nas eleições estaduais.
Assista ao vídeo com Luli Radfahrer:
Assista ao vídeo com Eugênio Bucci: