88% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 possuem perfil nas redes sociais

Tempo de tela é um debate recorrente na primeira infância. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda cautela: entre 2 e 5 anos as crianças devem se expor, no máximo, a uma hora por dia de celulares ou tablets, tempo que deve ser monitorado por um adulto – esse debate é destaque do recente episódio do Podcast “De 0 a 5” produzido pelo Porvir. E o acesso à internet aumentou na primeira infância, mostra a pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023, lançada nesta quarta-feira (25), durante o 8º Simpósio Crianças e Adolescentes na Internet.

De acordo com o levantamento, feito pelo Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, do NIC.br (Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR), ligado ao CGI.br (Comitê Gestor da Internet no Brasil), 24% dos entrevistados começaram a se conectar à rede até os 6 anos de vida. Na edição de 2015 do estudo, a proporção era de 11%.

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“A pesquisa mostra tendência crescente de uso da internet já na primeira infância. Esse fenômeno reforça a necessidade de evidências robustas acerca das oportunidades e dos riscos online vivenciados por crianças e adolescentes, que orientem políticas e ações voltadas à garantia dos seus direitos e proteção”, afirma Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br.

Realizada desde 2012, a pesquisa TIC Kids Online Brasil apresenta tendências relacionadas ao acesso e ao uso de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) por crianças e adolescentes com idade entre 9 e 17 anos. A coleta de dados aconteceu entre março e julho deste ano – foram ouvidas 2704 crianças e adolescentes (e seus respectivos pais ou responsáveis), em todas as regiões do Brasil. 

➡️Confira a apresentação dos indicadores:

Acessos e plataformas

Atualmente, 95% da população de 9 a 17 anos do país usa internet, o que representa 25 milhões de pessoas. O celular é o principal meio de acesso (97% dos entrevistados apontam o uso do dispositivo), sendo que, para 38% dos usuários das classes D e E, é o único meio de conexão à rede. Confira, na tela abaixo, as principais atividades realizadas:

De acordo com Alexandre, as limitações na disponibilidade de dispositivos podem restringir os benefícios e ampliar as desigualdades entre crianças e adolescentes de diferentes contextos socioeconômicos. “A pesquisa faz uma análise das múltiplas infâncias brasileiras e mostra como as desigualdades socioeconômicas podem influenciar o crescimento”, analisa Mariana Venâncio, advogada da assessoria jurídica do NIC.br.

➡️A lista completa de indicadores pode ser conferida neste link

A pesquisa aponta, também, que 88% das crianças e adolescentes entre 9 e 17 possuem perfil nas redes sociais – entre 15 e 17 anos, a proporção é de 99%. As mais usadas são Instagram (preferido pelos adolescentes), YouTube (mais acessado pelos mais jovens) e TikTok. Sete em cada dez ouvidos, dos 9 aos 17 anos, disseram que também têm conta no WhatsApp.

É a primeira vez nos dez anos de TIC Kids Online que dados sobre o YouTube foram coletados. A plataforma é acessada por 88% dos entrevistados. 

“A proporção de crianças e adolescentes que reportam assistir a vídeos online cresceu ao longo da série histórica da pesquisa. Plataformas digitais voltadas ao compartilhamento e a criação de conteúdos multimídia são usadas por quase a totalidade de usuários de 15 a 17 anos”, diz Luísa Adib, coordenadora da pesquisa.

Também é nesta nova edição que o levantamento traz dados sobre habilidades digitais e indicadores relacionados com consumo. Luísa comenta que, apesar de crianças e adolescentes concordarem que pessoas são pagas para falar sobre produtos, “nem sempre reconhecem que estão diante de uma comunicação mercadológica quando veem vídeos, no ambiente online, com pessoas usando ou abrindo embalagens de produtos”, diz.

Entre os entrevistados, na faixa etária dos 11 aos 17 anos, 59% disseram que assistiram a vídeos de “pessoas ensinando como usar algum produto” e de “pessoas abrindo a embalagem de algum produto”. Metade dos usuários pediram aos responsáveis algum produto após contato com publicidade.

Outros pontos de destaque da pesquisa:

– O acesso à internet pela televisão vem aumentando ano a ano em todas as classes sociais: atualmente, atinge 70% – em 2019, por exemplo, a conexão via TV era de 43%; – O uso de computadores para acesso à rede permaneceu estável (38%) em relação a 2022 (43%);  – 58%, entre os ouvidos de 11 a 17 anos, teve contato com publicações sobre “alimentação saudável, informações sobre dietas ou refeições saudáveis”; – 50% disse que a internet os apoiou a lidar melhor com algum problema de saúde (frente a 39% em 2021).

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