Celular e filmes melhoram a aprendizagem em ciências, química e biologia
Professora conta como o uso de tecnologia motivou os alunos e gerou impacto na média de aprendizagem de diferentes turmas
por Cíntia Lautert 1 de agosto de 2018
Atualmente a inovação tecnológica invade os espaços escolares de diferentes maneiras. E saber transformar esses aportes tecnológicos em recursos de ensino e aprendizagem é o que torna o professor inovador e leva os alunos a uma aprendizagem significativa.
A necessidade de trabalhar com tecnologias em sala de aula emergiu de algumas questões, como o uso excessivo do telefone celular, a falta de motivação dos alunos em aprender e dificuldade de incluir os alunos com deficiência na Escola Madre Benícia, em Novo Hamburgo (RS).
Diante de recomendações da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e da BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que reconhecem o uso de tecnologias que promovam a aprendizagem significativa, desenvolvi duas práticas que foram apresentadas em pesquisas acadêmicas.
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No meu trabalho de conclusão de curso de graduação pela Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), em São Leopoldo (RS), demonstrei como o telefone celular contribui de forma significativa para o ensino de ciências, elevando a média dos alunos em 32%.
Já no trabalho de pós-graduação em TIC Edu (Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação) pela FURG (Universidade Federal do Rio Grande), pesquisei como os filmes de entretenimento infanto-juvenil contribuem no processo de escolarização dos alunos da educação especial, além de elevar a média de aprendizagem em 9% nas turmas do sexto ano do ensino fundamental, sendo assim, um importante recurso pedagógico.
Ambas as práticas foram realizadas em momentos distintos e com turmas de diferentes níveis escolares. Na utilização do telefone celular como recurso pedagógico, o projeto consistia em verificar qual método de ensino seria mais eficaz: o método tradicional (que utiliza o quadro e o livro didático como recurso pedagógico) ou o método tecnológico (que consistia em pesquisar os conteúdos pré-selecionados pela professora e em produzir um vídeo com a utilização do telefone). Para a verificar a assimilação do conteúdo, foram realizadas duas avaliações. Uma para analisar a aprendizagem a partir do método tradicional, e a outra após a produção audiovisual.
Para a prática com o filme de entretenimento, buscou-se avaliar os alunos a partir do método tradicional de ensino e após uma sessão de animação infanto-juvenil que dava sentido ao conteúdo aprendido em sala de aula. Como os alunos de inclusão apresentam uma forma de avaliação diferenciada e amparada por lei, essa foi adaptada à necessidade dos mesmos. Ambos artigos estão fundamentados com a legislação atual.
Com essas práticas, além da elevação na média de aprendizagem, os alunos ficaram mais motivados em aprender com tecnologias. Foi possível obter maior contextualização dos aspectos científicos com a realidade.
Cíntia Lautert
Professora da área das ciências da natureza e suas tecnologias no ensino fundamental anos finais e ensino médio (química e biologia). Formada em ciências biológicas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Pós-graduada em tecnologia da informação e comunicação na educação pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG) e pós graduando em mídias na educação pela FURG.