Como fazer um bom registro de práticas pedagógicas - PORVIR
Crédito: Natalia Deriabina / iStock

Inovações em Educação

Como fazer um bom registro de práticas pedagógicas

Especialistas em educação e fotógrafos trazem dicas para professores aprimorarem o acompanhamento das atividades feitas em aula e compartilharem seus projetos

por Marina Lopes ilustração relógio 26 de agosto de 2019

Planejar aulas, corrigir provas e preencher o diário de classe. Com tantas atividades que fazem parte da rotina do professor, às vezes falta tempo para sentar e organizar as anotações sobre todas as atividades e projetos que foram realizados em sala de aula. No entanto, mais do que uma tarefa burocrática, o registro de práticas pedagógicas é um instrumento valioso que permite acompanhar o desenvolvimento dos estudantes e ainda refletir sobre o próprio trabalho.

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Para apoiar professores nesse processo, o Porvir conversou com especialistas em educação e fotógrafos para trazer dicas de como preparar uma boa documentação:

O que deve ser registrado?

Apesar do registro apresentar especificidades conforme o contexto e a etapa de ensino em que o professor atua, a consultora de projetos de educação no Grupo Tellus, Marília Magalhães, chama atenção para a documentação de alguns itens que podem apoiar na avaliação dos estudantes, como os objetivos de aprendizagem de cada atividade, as etapas percorridas dentro da aula e os resultados alcançados. “Quando você registra, inevitavelmente reflete sobre o processo. Na sala de aula, nem sempre é possível olhar para a prática com o cuidado necessário”, afirma.

Como fazer o acompanhamento das práticas?

Em um cenário no qual o professor precisa dividir sua atenção entre muitos estudantes e muitas vezes não é possível tomar notas diárias sobre todos, ela diz que é possível apostar em múltiplos formatos de registro, que incluem não apenas anotações em texto, mas também áudios, vídeos e fotografias. “Se você tem algum tipo de registro, mesmo que seja pessoal, você consegue mensurar muito melhor qual foi o desenvolvimento do estudante naquele período”, ressalta.

Entre as sugestões, os professores podem gravar áudios no seu celular com as principais reflexões sobre o dia ou até mesmo fotografar momentos da aula e organizar esses registros em uma apresentação de slides com comentários e informações relevantes sobre cada etapa.

A consultora do Grupo Tellus também lembra que é possível envolver os alunos nesse processo, como no caso de uma educadora que criou um diário de bordo no WhatsApp. “A professora criou um grupo com um personagem chamado Inácio, e os estudantes assumiram o papel de guardiões do conhecimento da aula. Todos os dias alguém era responsável por contar para o Inácio o que tinha acontecido.”

O que fazer para ter boas fotos?

A fotógrafa Mariana Pekin diz que é possível tirar boas fotos mesmo sem ter uma câmera profissional ou um equipamento de última geração. “Você tem que pensar na foto final antes. O que funciona bastante na hora de fotografar uma prática é pegar detalhes dos alunos, do que eles estão fazendo”, indica ela, ao citar que é importante pensar nas imagens como uma sequência capaz de contar uma história. “O professor já tem a aula pronta, ninguém melhor do que o professor vai saber quais são os momentos mais importantes para serem registrados. Se é uma aula muito interessante, ele também pode pedir a ajuda de alguém dentro da escola.” Entre algumas das dicas para fazer uma boa foto, ela diz que é importante o professor pensar na iluminação, na organização do ambiente e no foco das imagens. “O celular tem recursos que muita gente não sabe. Ao invés de abrir a câmera e já fotografar, você pode clicar no assunto principal da foto para regular o foco”, sugere.

Outra dica apresentada pelo fotógrafo Rodrigo Zaim, do R.U.A Foto Coletivo, é evitar fotos frias que dizem pouca coisa sobre a ação que foi executada, como apenas um registro dos alunos sentados na sala de aula ou cartazes em uma parede. “Esse tipo de foto pouco interessa e acaba deixando as coisas sem graça. Uma solução para elas é esperar até que aconteça algum tipo de movimentação e interação nesses objetos instalados em murais, paredes etc. Movimento é vida”, destaca.

Como editar e armazenar as fotos?

Com o próprio celular também é possível usar ferramentas para editar as imagens e dar um tratamento básico para a foto. “A edição também ajuda a melhorar a imagem. Fica mais apresentável”, indica a fotógrafa Mariana Pekin.

Entre os aplicativos, é possível usar o VSCO Cam, o Adobe Lightroom e até mesmo os próprios recursos nativos da câmera do iPhone ou Android. Na hora de armazenar e enviar as fotos, também é importante pensar que programas específicos para uso de imagens, e nunca editores de texto. “Esses programas não são preparados para receber imagens, pois existe uma maneira correta de armazenar um arquivo Jpeg. Casos contrário, você estará comprimindo o arquivo de tal maneira que sua resolução se perde quase por completa. Não insiram fotos no Word”, alerta Rodrigo Zaim.

Quais ferramentas usar para organizar os registros?

Com fotos, vídeos, áudio e uma série de informações em mãos, o que fazer para organizar todos os registros? Alguns aplicativos e ferramentas online podem ser úteis nesses momentos, como o Evernote, que ajuda organizar tarefas, ideias e até mesmo aulas, ou os pacotes Google Workspace e Microsoft 365, que incluem uma série de ferramentas para o armazenamento de notas rápidas, apresentações, arquivos e fotos na nuvem.

Como compartilhar a prática desenvolvida?

Antes de compartilhar a prática pedagógica, a consultora Marília Magalhães diz que é importante lembrar que nem sempre as anotações pessoais do professor vão fazer sentido para outras pessoas. Por isso, é importante organizar os registros e narrar as etapas do projeto de maneira simples, de modo a inspirar outro educador a replicar ou adaptar a experiência na aula dele. “Algo muito parecido com um projeto para entregar para supervisão de ensino, que segue a lógica de justificativa, objetivo e cronograma, não é interessante quando você está pensando em inspirar outro professor. Dá para fazer um registro que usa vídeo, áudio, fotos e uma diagramação diferente”, sugere Marília.

Um exemplo de como compartilhar práticas pedagógicas é o Prêmio Professor Porvir, do Porvir, que recebe depoimentos em primeira pessoa e usa como base algumas perguntas de reflexão: O que você faz de inovador em sala de aula? (inovação); por que a sua prática é considerada inovadora? (justificativa); O que te motivou a buscar essa inovação? (objetivo); que diferença você observou na vida dos seus alunos depois que começou a desenvolver esse trabalho? (resultado).

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TAGS

aprendizagem baseada em projetos, aprendizagem colaborativa, avaliação

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