Como metodologias ativas apoiam estudantes na hora do vestibular - PORVIR
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Inovações em Educação

Como metodologias ativas apoiam estudantes na hora do vestibular

Sem memorização de conteúdos, abordagens inovadoras que colocam o estudante no centro do processo de aprendizagem ajudam a conferir sentido e integração entre saberes curriculares e extracurriculares

Parceria com CLOE

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 6 de dezembro de 2021

Enquanto metodologias mais tradicionais de ensino seguem uma lógica de conteúdo visto e aplicação de prova para testar o conhecimento, a aprendizagem ativa vai contra alguns processos, como o de memorizar fórmulas, informações e dados. A ideia é promover uma aprendizagem mais significativa e duradoura, que de fato acompanhe o estudante e seja aplicável em sua vida.    

Mas será que mesmo assim essa metodologia de ensino serve para ajudar os estudantes em exames, testes e provas nos moldes tradicionais, como os vestibulares, que demandam que jovens resgatem na memória uma vastidão de assuntos e temáticas? Diana Tatit, gerente pedagógica da CLOE e integrante do grupo Tiquequê, defende que sim. 

“Eu acredito que a compreensão mais aprofundada dos conteúdos contribui e muito para o entendimento e, logo, para a memorização. Se algo faz sentido para o estudante, é mais fácil ele guardar do que se estiver decorando conteúdos de forma aleatória”, afirma.   

Engajamento  

Um dos princípios da aprendizagem ativa é colocar os estudantes no centro do seu próprio processo de aprendizagem, o que está relacionado a seu engajamento e à importância de enxergar e compreender a necessidade de aprender determinado conteúdo.  

Em uma analogia, Diana compara: explicar para alguém que não mora em uma cidade de praia ou que não tem acesso a uma piscina sobre a importância de aprender a nadar vai surtir pouco efeito. Mude essa pessoa para um contexto no qual ela sente a necessidade de aprender a nadar e esse aprendizado passará a ser mais significativo, justamente pela percepção sobre a importância dessa aprendizagem.  

“Falar para o estudante que ele precisa aprender algo porque é importante não é sinônimo de aprendizagem ativa. Uma frase de [Lev] Vygotsky que eu gosto e uso muito diz ‘Todo conhecimento deve ser antecedido de uma sensação de sede’. Então primeiro nós provocamos a sede, ou seja, o aluno sente a necessidade de aprender, caso contrário não conseguirá resolver o problema proposto, e então apresentamos o conteúdo, que seria o copo d’água que mata a sede”, explica Diana.  


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Protagonismo na busca por soluções  

Renata Alencar, coordenadora pedagógica de formações do Instituto iungo e professora e coordenadora na PUC Minas Gerais dos cursos de especialização em educação criativa, metodologias ativas e aprendizagem criativa, pontua o fato de que essas abordagens se destacam por mobilizar e colocar o estudante como corresponsável na construção de conhecimento, com a possibilidade de desenvolver múltiplas habilidades.  

É nesse sentido que a coordenadora explica que os jovens conseguem buscar respostas aos desafios propostos em diferentes contextos, como em uma prova de vestibular, por exemplo.  “As metodologias ativas solicitam aos estudantes que se apropriem do conhecimento, trabalhem em grupo, criem caminhos e soluções interessantes para um determinado desafio e, portanto, assumam uma postura ativa no seu aprender. Ao desenvolver competências como o pensamento crítico e criativo, o jovem se torna muito mais hábil a pensar logicamente, desenvolver as suas respostas e atuar em processos de avaliação propondo soluções para os problemas.”  

O desenvolvimento de competências citado por Renata significa a capacidade de, diante de desafios reais e concretos do mundo, conseguir mobilizar saberes, habilidades, atitudes e valores na resolução desses problemas e de questões que o cotidiano apresenta.”  

O fato de estimular e provocar que o jovem pense e explore determinada situação, e articule o saber curricular e científico com o mundo concreto e real do cotidiano facilita a compreensão de que os conteúdos e informações não são apartados, e sim se conectam.   

“As metodologias ativas favorecem que o estudante construa redes de informações e busquem nas distintas áreas conhecimentos que possam apoiá-los na resolução de problemas, conectando saberes curriculares e extracurriculares. Edgar Morin tem uma expressão que diz que tudo isso torna o conhecimento pertinente, pois é possível vê-lo em ação na nossa vida cotidiana. Esse tipo de processo de construção se enraíza, no sentido de que há um entendimento da coerência e significação desse saber, que, por sua vez, apoia o processo de fixação do conteúdo.”  

Aprendizagem ativa e escolha da carreira  

Por promover maior engajamento dos estudantes e também uma compreensão aprofundada sobre as razões e usos práticos de determinado conteúdo, a aprendizagem ativa também pode ser uma ferramenta que abre o leque de opções para jovens prestes a escolher uma carreira. 

Algo que facilita essa multiplicidade de perspectivas é o fato de que, geralmente, professores do ensino médio são especialistas muito envolvidos com sua área de atuação, o que aumenta a possibilidade de transmitirem esse encantamento pela disciplina em questão. Entretanto, Diana pontua que é importante que os docentes tenham em mente que nem todos os alunos aprenderão 100% do conteúdo de sua disciplina. A ideia é que todos os jovens possam ter, ao menos, um conhecimento introdutório sobre determinado tema.  

“Acredito que o Novo Ensino Médio aponta muito para essa perspectiva de o estudante ter uma formação geral básica, porque é justamente essa base que pode dar a ele um leque de escolhas. O jovem nunca vai considerar uma disciplina que tenha um trauma ou barreira. Mas se conseguirmos adotar uma lógica de convidar o estudante e conquistá-lo, provocá-lo a se interessar pela aprendizagem, com certeza abre mais possibilidades e caminha para superar essas barreiras e bloqueios não no sentido de se tornar um conhecedor profundo de todas as matérias, mas que consiga desenvolver isso que chamamos de base.”  

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aprendizagem ativa, avaliação, competências para o século 21, personalização

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