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Como Inovar

Competições de engenharia incentivam conhecimento prático

Ao desenvolver projetos de robótica e eficiência energética, equipes têm a chance de competir e aprender

por Cleberson Henrique de Moura e Andre Gustavo Costa ilustração relógio 9 de setembro de 2014

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Este conteúdo faz parte da
Série Engenharia

Escolas de engenharia vêm buscando no mundo todo aliar produção acadêmica teórica de alta qualidade com o conhecimento prático. Na Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo, quando o assunto é mão na massa, uma abordagem encontrada para desenvolver o tão importante conhecimento prático são as equipes de competição em engenharia. Essas equipes são compostas por alunos, sob supervisão de um ou mais professores, que, além de suas aulas em tempo integral, provas e trabalhos da faculdade, dedicam-se a atividades extracurriculares realizando projetos práticos em que aplicam e ampliam seu conhecimento prático de engenharia. As atividades dessas equipes são impulsionadas por competições nacionais e internacionais, que são eventos de alto nível tecnológico com o propósito de colocar à prova os conhecimentos e tecnologias desenvolvidas.

Uma dessas equipes é a ThundeRatz. Uma equipe de robótica criada há 13 anos – uma das pioneiras ao trazer competições de robótica ao Brasil – que projeta e constrói robôs móveis autônomos ou rádio controlados com os quais compete em diversas modalidades nos campeonatos de robótica como Sumô, em que o robô deve empurrar o adversário para fora de uma arena; Seguidor de Linha, cujo robô deve seguir autonomamente uma trajetória no menor tempo possível; Hockey, times de três robôs rádio controlados em que vence o que fizer mais gols durante um tempo estabelecido; Trekking, robô autônomo que deve encontrar determinadas localizações em um campo, via GPS e reconhecimento de cores, no menor tempo possível.

Outra equipe é a PoliMilhagem. Dedicada a melhorar a eficiência energética dos veículos automotivos, projeta, fabrica e monta veículos eficientes aplicando os conhecimentos adquiridos em sala de aula na prática, buscando soluções para problemas complexos de engenharia, além de realizarem pesquisas junto a laboratórios da Poli. A equipe participa de uma competição que reúne universidades brasileiras no Kartódromo de Interlagos, onde apresentam e testam a eficiência energética de seus protótipos em quatro categorias: veículos a gasolina, etanol, elétricos e melhor projeto.

Desde o primeiro ano da graduação, os alunos têm a oportunidade de projetar, modelar, simular, otimizar, construir e testar sistemas eletrônicos, mecânicos e algoritmos computacionais complexos que compõem os projetos. A busca por patrocínios proporciona um aprendizado de marketing empresarial. Organizar reuniões, elaborar apresentações eficientes, gerenciar orçamentos e projetos, além do planejamento logístico necessário para participar de competições por todo o país, são algumas das atividades práticas na rotina dessas equipes. Isso resulta em um ganho incomparável na qualificação profissional dos futuros engenheiros.

FACE, Winter/Summer Challenge e ENECA são alguns dos campeonatos em que a ThundeRatz participa. Já a PoliMilhagem compete na Maratona Universitária da Eficiência Energética. Competições em que, para além da ambição por vitória e disputa entre as equipes, prevalece uma intensa troca de informações e experiências, compartilhamento de soluções e recursos. Uma prática de Open Innovation que só faz crescer tais competições. O resultado é um formidável fenômeno em rede e também um exemplo bem sucedido de educação baseada em projetos e aprendizado coletivo.

A ThundeRatz já soma 25 troféus e foi convidada para disputar campeonatos no Japão. Sua próxima meta é competir internacionalmente em Miami, nos Estados Unidos. A PoliMilhagem atingiu em competição a marca de 161,5 km com um litro na categoria gasolina. Seu protótipo atual está em fase de testes e a marca é de 204 km/l.

Essas atividades da Poli têm sido potencializadas graças ao patrocínio do fundo patrimonial Amigos da Poli – pioneiro e mais bem sucedido caso de Endowment no ensino superior brasileiro. As equipes contam ainda com patrocínios de empresas relacionadas ao ramo de seus respectivos projetos e com apoio institucional da Escola Politécnica.

As equipes de engenharia da Poli estão conseguindo resultados expressivos que demonstram a qualidade do ensino e a determinação dos alunos em buscarem soluções para problemas reais de engenharia de nossa sociedade.  Afinal, essas equipes são iniciativas que motivam conhecimento prático, bem como uma forma de manter as fronteiras da universidade aberta à sociedade.

 Sobre os autores:

Cleberson Henrique de Moura é chefe de Seção de Apoio Acadêmico na Universidade de São Paulo (USP), cursa Física pelo Instituto de Física da USP (IFUSP) e integra a ThundeRatz, onde executa um trabalho de documentação histórica da equipe.

André Gustavo S. B. S. Costa cursa Engenharia Mecânica na Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e é o atual capitão da Equipe PoliMilhagem, sendo responsável pela gestão do projeto e integrante do Subsistema Motor e Transmissão.


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aprendizagem baseada em projetos, educação mão na massa, engenharia, ensino superior, robótica, série engenharia, sustentabilidade

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