Confira projetos vencedores do Prêmio Itaú-Unicef de 2018
Iniciativa destaca ações educativas, culturais ou de proteção social que promovam a educação integral
por Redação 30 de novembro de 2018
O Prêmio Itaú-Unicef anunciou na terça-feira (27) as escolas vencedoras da edição de 2018, em cerimônia realizada no auditório Ibirapuera (veja vídeo), em São Paulo (SP). A premiação é uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), com coordenação técnica do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), que busca valorizar ações pela ações educativas, culturais e/ou de proteção social alinhadas ao conceito de educação integral.
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A disputa contou com duas categorias: Parceria em Ação, parcerias entre organizações da sociedade civil e escolas públicas; e OSC em Ação, dedicada a projetos realizados exclusivamente pelas organizações da sociedade civil.
A categoria OSC em Ação contemplou quatro projetos premiados. O primeiro colocado recebe R$ 150 mil, o segundo R$ 140 mil, o terceiro R$ 130 mil e 4º lugar R$ 120 mil. Na categoria Parceria em Ação, foram duas vencedoras. A 1º colocada recebe R$ 400 mil e o 2º lugar, R$ 360 mil, valores divididos igualmente entre a organização e a escola.
Conheça abaixo os projetos premiados do Prêmio Itaú-Unicef:
* Categoria Parceira em Ação
1º lugar: Onda pela Paz
OSC: Instituto de Estudos Socioeconômicos – Inesc
Nome da Escola: Escola da unidade de Internação de Santa Maria / CED 310 de Santa Maria – Santa Maria (DF)
O projeto Onda pela Paz é realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos, em parceria com Escola da Unidade de Internação de Santa Maria, que é responsável pelas medidas socioeducativas de 153 adolescentes (20 meninas e 133 meninos) na região administrativa de Santa Maria. A ação auxilia na formação dos jovens atuando em distintas frentes: direitos humanos, arte e cultura (dança, música, produção musical, audiovisual, cinema, grafite), mediação de conflitos, orçamento participativo. Além das oficinas, também são realizados os eventos “Sarau Dá a Voz” e o “Festival de Música”.
Resultados
– O principal resultado desse programa é o rompimento do ciclo de ilegalidades em que os jovens estiveram inseridos;
– interesse nas discussões propostas e efetiva participação nas atividades;
– continuidade no atendimento após o período de internação;
– fortalecimento do protagonismo juvenil, que foca no estímulo à autonomia e na prospecção de novas trajetórias para suas vidas.
2º lugar: Cidadania Rimada No Cordel Da Educação
OSC: Conselho de Pais de Campos Sales
Nome da Escola: Escola de Ensino Infantil e Fundamental José Augusto Sobrinho – Campos Sales (CE)
Criado em 2016, o projeto utiliza a cultura regional (em especial a literatura de cordel do sertão do Cariri) para auxiliar crianças, adolescentes e jovens a se apropriarem da linguagem para expressar seus pensamentos, sentimentos e opiniões. O projeto é realizado no contraturno das aulas regulares com cerca de 450 alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental da escola parceira, a EEIF José Augusto Sobrinho. As atividades envolvem saraus e exposições das produções dos estudantes e de outros cordelistas tradicionais da região. Os alunos cordelistas têm sido convidados a apresentar seus trabalhos em outras escolas, urbanas e rurais, e em encontros do curso de Letras da Universidade Regional do Cariri (Urca).
Resultados
– melhoria no desempenho escolar em todas as disciplinas (elevação do Ideb);
– aumento do ingresso de jovens no ensino superior e no mercado de trabalho;
– valorização e resgate da cultura local, que ajudou a despertar o gosto pela leitura e a melhora no relacionamento entre os jovens;
– desenvolvimento da capacidade de interpretação e escrita;
– melhor relacionamento interpessoal e capacidade de trabalhar em equipe;
– desenvolvimento de habilidades individuais e da capacidade de lidar com adversidades;
– diminuição da evasão escolar;
– maior envolvimento familiar.
* Categoria OSC em Ação
1º lugar: Essa Ciranda é de Todos Nós: Pela Defesa do Direito à Proteção de Crianças e Adolescentes
OSC: Centro de Defesa à Criança e do Adolescente do Ceará – Cedeca – Fortaleza (CE)
O projeto surgiu a partir da mobilização de movimentos sociais voltados à defesa dos direitos da criança e do adolescente. Atende cerca de 110 crianças, adolescentes e jovens entre 16 e 18 anos. Entre as atividades principais estão o grupo de Teatro Político Trupirambu, o grupo musical Tambores do Gueto, o grupo de percussão Palmerê no Jangurussu e os Jovens Agentes de Paz, que desenvolve atividades e oficinas de multiplicação nas escolas locais.
Resultados
– Formação cidadã e empoderamento de jovens para atuação comunitária;
– Envolvimento das famílias na rotina dos jovens;
– Ampliação do debate sobre violência sexual e institucional para 1.200 jovens por meio das oficinas;
– Fator multiplicador: alcance de mais de 2.500 adolescentes e jovens por meio do teatro, das apresentações musicais e das rodas de conversas.
2º lugar: Turma Que Faz
OSC: Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge – Alto Paraíso de Goiás (GO)
Na vila São Jorge, marcada pelos buracos produzidos pelo garimpo e pelas riquezas do Cerrado que a cercam e lhe dão notoriedade, a Turma faz da vila sua sala de aula. As ações acontecem na Casa de Cultura (sede da OSC), na Associação dos Garimpeiros, na quadra de esporte, na Praça do Artesão, no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e, inclusive, no rio Preguiças (riacho que tangencia a vila). São mais de 70 crianças e jovens que participam diariamente das ações do projeto.
São diversas as ações desenvolvidas pelo projeto: artes plásticas (pintura, argila, aquarela), percussão (tambores, bambus, latas, couro), dança (modernas, tradicionais, tecido acrobático), aulas de música e esportes. As atividades são permeadas pelo que há de mais potente em seu território: os saberes das culturas tradicionais, principalmente de origem indígena e quilombola, e o vasto patrimônio natural proporcionado pelo Cerrado, com suas plantas, bichos e abundância de água.
Resultados
– Envolvimento familiar;
– Formação integral de crianças, adolescentes e jovens;
– Já foram atendidas mais de 10.000 crianças, seja em Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Colinas do Sul e Teresina de Goiás
3º lugar: Meninas e Meninos de Ouro
OSC: Casa do Rio – Careiro Castanho (AM)
O projeto, fundado em 2014, está pautado por uma forte temática regional (o rio, a floresta, o modo de vida, a cultura local, a produção agroecológica e artesanal) em suas ações. Atua, ainda, no contexto da BR-319, com um forte arranjo interinstitucional. No espaço físico chamado Casa dos Saberes são desenvolvidas ações de arte, cultura, lazer, protagonismo juvenil (Coletivo Jovem Tupigás) e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. São ofertadas atividades de cinema (Tupicine), oficinas de mídias sociais, brincadeiras sem o uso da tecnologia (Rua de Brincar), noções de agroecologia, etc.
Pelas peculiaridades da região amazônica, muitas ações são realizadas nas comunidades ribeirinhas. Mesmo mantendo a identidade do projeto, há um esforço de levar ações socioeducativas para comunidades que não recebem qualquer ação dessa natureza.
No ano de 2017, o projeto atendeu 101 crianças, adolescentes e jovens nas várias atividades, sejam na sede do Careiro Castanho, ou por meio das articulações da OSC nos territórios.
Resultados
– Famílias relatam melhoria no comportamento e na personalidade das crianças e adolescentes;
– Nenhuma das crianças e adolescentes que participam do projeto se envolveram com drogas;
– Hoje são capazes de identificar e fazer uma construção histórica do local onde vivem;
– Fortalecimento de vínculos de pertencimento ao território
4º lugar: Refúgio: Construindo Um Mundo Melhor
OSC: Refúgio – Cambé (PR)
Vivenciando as condições de risco social e vulnerabilidades, como moradores do bairro – Parque Residencial Ana Rosa –, os responsáveis pela OSC entenderam a necessidade de desenvolver ações a favor de crianças e adolescentes, em vista das poucas iniciativas existentes na região. Desde sua fundação, em 2005, a OSC se dispôs a ser um espaço de escuta, diálogo, brincadeiras, aprendizagens e discussões, promovendo o acesso a direitos, o desenvolvimento pessoal e o fortalecimento do convívio familiar, comunitário e social.
Para alcançar tais objetivos utilizam-se como estratégias: as aprendizagens nas oficinas de artes e esportes; a experiência do convívio por meio das brincadeiras, jogos, passeios e partilhas; os momentos reflexivos em formato coletivo (grupos de discussão, debates e estudos). São 263 crianças e adolescentes (entre 6 e 18 anos) que participam do projeto, provenientes de famílias em situação de vulnerabilidade social.
Resultados
– Dos aproximadamente 230 alunos que a organização trabalha atualmente, 40 deles estão em situação prioritária
– Mais da metade dos alunos/usuários prioritários passou a ter o projeto como referência ao sair do ambiente de rua ou de permanecer sozinha em suas residências, mesmo que de forma parcial;
– As famílias entenderam a importância do projeto para a saúde dos filhos.