Crianças brasileiras e croatas compartilham experiências por videoconferência - PORVIR
Crédito: Lorelyn Medina / Fotolia.com

Diário de Inovações

Crianças brasileiras e croatas compartilham experiências por videoconferência

Para promover uma imersão cultural, professora de Campinas organiza intercâmbio virtual com alunos de outro país

por Gabriela Ferreira de Souza ilustração relógio 18 de outubro de 2017

Em uma turma do 4º ano do ensino fundamental da escola municipal Padre José Narciso Vieira Ehremberg, em Campinas (SP), para complementar as aulas de ciências, desenvolvi uma atividade para promover o intercâmbio cultural entre alunos brasileiros e croatas por meio de videoconferências.

Tudo teve início na aula de sistema digestório, quando um dos alunos perguntou se todas as crianças do mundo se alimentavam com arroz e feijão. Logo, eu disse que não, cada país possui hábitos alimentares específicos que, em geral, estão intimamente ligados às práticas agrícolas. A partir daí, surgiu a ideia de organizar um encontro entre as crianças de Campinas e as crianças de outros países para que esta pergunta fosse respondida com mais propriedade.

Através de uma rede global educadores, uma professora Croata concordou em fazer parte da nossa atividade. Após uma semana de negociação para adequação das agendas, fizemos uma videoconferência Brasil-Croácia.

Antes do encontro virtual, preparei uma aula de “imersão cultural croata”. Conversei com a professora para obter informações que ela julgava serem importantes para que os alunos brasileiros conhecessem melhor o contexto do seu país. No dia da videoconferência, fiz uma breve aula expositiva a respeito da Croácia, compartilhando informações relevantes, como localização, língua oficial, número de habitantes e pontos turísticos.

internaCrédito: Arquivo Pessoal

Devido à diferença linguística entre os países, a mediação entre os alunos brasileiros e croatas foi feita majoritariamente entre as professoras em Inglês. Inicialmente, ambas as turmas se apresentaram, dizendo o nome, idade e o que gostavam de fazer ou comer. Durante a conversa por Skype, as crianças croatas mostraram alimentos consumidos em cada uma das três principais refeições (café da manhã, almoço e jantar), sendo estes pães de diversos grãos, geleias, bolos, sopas variadas com vegetais, carne de porco, frango e boi, bolo e sorvete.

Além de fotografias, muitos alunos croatas gravaram vídeos preparando algumas receitas. Para facilitar o compartilhamento de imagens, eles mostraram uma apresentação em PowerPoint.

Os alunos brasileiros contaram aos croatas que também temos três refeições principais, sendo os alimentos mais comuns pão de trigo, leite, manteiga, banana, laranja, arroz, feijão, batata frita, salada de alface, tomate e bife. Eles também ressaltaram o consumo de pratos típicos, como brigadeiro, bolo de cenoura com cobertura de chocolate e feijoada, favoritos entre a turma.

Antes do encerramento da chamada, as crianças croatas demonstraram um jogo que é muito comum no país deles. Os comandos da brincadeira foram em croata, porém, apenas ao observar, os meus alunos notaram que no Brasil há uma brincadeira semelhante, conhecida como “siga o mestre”, onde um grupo obedece a ordens, fazendo movimentos diversos.

Após o encerramento da videoconferência, conversamos a respeito das diferenças e semelhanças observadas entre a realidade brasileira e a croata. Os alunos mencionaram diversos aspectos, como, por exemplo, a alimentação ser basicamente composta por grãos e vegetais, com boa parte da comida feita em casa e baixo consumo de alimentos industrializados.

Foi possível perceber que, conforme a atividade avançava, as crianças começaram a desenvolver empatia pelos alunos croatas, pois no início não percebemos muita interação e/ou curiosidade. No entanto, ao final, os alunos estavam se revezando para perguntar e comentar.

Incorporar videoconferências em sala de aula, especialmente entre alunos mais novos, pode ser um desafio. Porém, isso proporciona lembranças que, com certeza, permanecerão por muito tempo na memória de todos. Muito mais do que uma atividade diferente na aula de ciências, a videoconferência foi uma aula de cidadania e globalização, despertando empatia à respeito daqueles que até então eram pouco conhecidos.

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Gabriela Ferreira de Souza

Mestranda pelo programa Multiunidades de Educação em Ciências e Matemática (PECIM) da Unicamp. Graduada em ciências biológicas pela Universidade Estadual de Campinas. Graduação sanduíche através do programa Ciência Sem Fronteiras, na Southern Illinois University, nos EUA. Formação com foco em educação, especialmente interessada no uso de novas tecnologias e metodologias para melhora do processo de ensino e aprendizagem.

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aprendizagem colaborativa, ensino fundamental, tecnologia

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