Escola britânica incentiva jovens a se descobrirem
Na Brockwood Park School o aluno escolhe sua grade curricular, faz meditação e participa da limpeza da instituição
por Redação 26 de fevereiro de 2013
O dia começa diferente na Brockwood Park School, escola internacional localizada na pacata Hampshire, a 100 quilômetros ao sudoeste de Londres, na Inglaterra. Os estudantes, cerca de 70 jovens com idades entre 14 e 19 anos, fazem 10 minutos de silêncio para refletir sobre suas vidas e o aprendizado. Em seguida, tomam café da manhã e partem para as tarefas diárias de manutenção – cuidam da cozinha, limpeza da casa e da horta de alimentos orgânicos (a alimentação é totalmente vegetariana). Antes de começar as aulas, alunos, professores e funcionários realizam uma Assembleia para debater os problemas da escola.
Refletir é uma das principais atividades em Brockwood, que se propõe a ser um espaço para os alunos se autoexplorarem e descobrirem suas paixões. Para ajudá-los nessa busca, o currículo é montado com base em conversas com os estudantes que visam revelar as necessidades particulares de cada um e discutir o que eles desejam fazer de suas vidas.
No primeiro ano, quando os estudantes têm entre 14 e 15 anos, um programa de estudos amplo e flexível é montado junto com os tutores para que o estudante tenha contato com diversas áreas. Nesta etapa, eles não são avaliados. A partir dos 16 anos, os estudantes têm liberdade para escolher seu programa individual de estudos. Novas disciplinas e cursos podem ser criados de acordo com as necessidades específicas dos alunos. Eles podem ser avaliados de forma convencional ou criar e desenvolver seus próprios projetos com o auxílio de um tutor.
“Tentamos criar um ambiente livre de medo, que opera no máximo possível sem punição e premiação, e que não institucionaliza a competição. Os jovens são encorajados a cooperar. Em uma atmosfera como esta, você desperta o melhor em todos”, diz Bill Taylor, co-diretor da Brockwood, no vídeo “A Unique Education” (Uma educação única), produzido em 2012, por um ex-professor da instituição.
Fundada pelo educador e filósofo indiano J. Krishnamurti, em 1969, Brockwood oferece uma educação holística baseada nos preceitos: excelência acadêmica, autocompreensão, criatividade e integridade em um ambiente seguro e não-competitivo. As salas de aula recebem no máximo oito alunos, para que o professor-tutor possa dar atenção personalizada para cada um deles.
Gopal Krishnamurthy, um dos responsáveis pelo currículo da escola, afirma em uma palestra sobre a metodologia de ensino que classes pequenas são fundamentais para o professor se relacionar com um por um de seus alunos, entender o raciocínio deles e para que os estudantes possam aprender um com os outros. “Em geral, acredita-se que a aprendizagem é um caminho linear, que vai do ponto A ao B. Mas a aprendizagem não tem um caminho, ela pode envolver ir para frente, para trás, dar voltas, parar, observar. O professor precisa entender em que ponto o aluno está deste percurso”, afirma em um vídeo no canal da escola no YouTube.
O currículo é divido em cinco áreas principais: habilidades e interesses (culinária, dança, teatro, cinema, fitness, música, astronomia, horticultura, fotografia, piano, violino, cerâmica, canto, composição de letras de música, engenharia musical), crescimento pessoal e contato com a natureza (cuidado com a terra, desenvolvimento humano, yoga), Núcleo da abordagem Brockwood (o despertar da inteligência, encontrar o que você ama fazer, relacionamentos, a importância da natureza e do silêncio), serviço comunitário/pensando no próximo (limpeza, manutenção e planejamento de atividades na escola) e exames acadêmicos, que contempla grande parte das disciplinas tradicionais do currículo (artes, biologia, business, química, criminologia, drama, economia, geografia, estatística, comunicação gráfica, história, matemática e mecânica, teoria musical, filosofia, psicologia, estudos de religiões, inglês, francês, alemão, espanhol).
A escola prepara e inclusive aplica testes para os exames tradicionais das universidades britânicas, como o IELTS (International English Language Testing System). A instituição acredita que sua abordagem educacional ajuda a minimizar a ansiedade e o medo que a pressão do exame desperta.
O corpo docente tem uma bagagem acadêmica bastante variada e a maioria dos professores tem mestrado ou especialização em diferentes áreas – religião, gestão Ambiental, direito, criminologia, engenharia, artes, design, educação, filosofia, entre outras.
Com estudantes de cerca de 25 países diferentes, a escola inicia desde cedo a internacionalização de seus alunos “Devido a Brockwood ter me colocado junto com pessoas de todo o mundo, eu aprendi a ser curiosa sobre o planeta onde vivo e as pessoas que eu encontro”, relata Maryam, francesa e ex-aluna no site da escola.