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Escola em Goiânia propõe aulas no quintal

Em colégio de ensino fundamental, currículo verde é trabalhado sem distinção de séries ou disciplinas, a partir de situações cotidianas

por Vagner de Alencar ilustração relógio 6 de dezembro de 2012

Nesse colégio em Goiânia há salas convencionais, mas as quatro paredes são usadas o mínimo possível: em dias chuvosos, discussões mais calorosas ou para realizar pesquisas em livros e na internet. Os estudantes de ensino infantil e fundamental I na escola privada Casa Verde, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana de Goiânia, passam cerca de 80% do tempo de aula ao ar livre, em um quintal ajardinado. O currículo “verde” da escola é trabalhado por meio de um modelo de aprendizado por projeto, onde não há divisão por série ou disciplina. Os conteúdos são trabalhados interdisciplinarmente a partir de situações cotidianas como o acompanhamento de filhotes de pássaros ou da gestação dos animais.

Na prática, um grupo de alunos, por exemplo, precisa cuidar do ninho de pássaros feito numa flor-de-maio no quintal da escola e também ficar atento aos micos que sempre aparecem pelos arredores. Enquanto outra equipe precisa cuidar de Lua, a cadela, que recentemente teve oito filhotes. O cuidado com os animais vira conteúdo: aprendem sobre a gestação, quanto tempo os bebês demoram para se alimentar ou quando podem se desgarrar das mães. O mesmo acontece com as aves: quantos ovos botam anualmente galinhas, galinhas d’angolas, gansos e patos.

crédito Escola Casa Verde / Divulgação

 

As atividades são adaptadas ao currículo obrigatório das pouco mais de 50 crianças, de 2 a 10 anos. “Na realidade social, no dia a dia, as coisas não acontecem, por competências, de forma isolada como as escolas costumam trabalhar; mas sempre de maneira simultânea”, afirma Elizete Lima, a coordenadora pedagógica da escola e especialista em planejamento escolar pelo IIPE/Unesco.

Um dos projetos realizados por estudantes do 1° ao 4º ano é o Suco da Luz do Sol. Nele, os alunos trabalham, principalmente, a educação alimentar: o cultivo do solo, o plantio, a colheita e o consumo dos alimentos.  A experiência, focada em ciências naturais, permite que os estudantes aprendam conteúdos sobre gêneros textuais (narrando ou descrendo as atividades), em língua portuguesa, ou sistemas de medidas, em matemática.

Não importa se o aluno demora 100 ou 200 dias letivos para cumprir seu currículo, ele pode mudar de nível escolar em um semestre. O ideal é que ele realmente domine os conteúdos.

Em outro projeto, Cuidado com o Mundo, os alunos realizam atividades sobre preservação do meio ambiente por meio de visitas ao rios próximos à escola. A partir do estudo de meio, eles aprendem sobre quilometragem, como tratar os resíduos ou até mesmo como se reproduzem os seres que vivem na água. “Juntos, crianças e professores planejam, experimentam e avaliam os resultados. Além desses aspectos, os temas ligados à sustentabilidade abrem infinitas possibilidades de investigação e entendimento sobre respeito, responsabilidade e principalmente consciência ambiental”, afirma Elizete.

De acordo com ela, as escolas em geral não dão conta de empoderar as crianças e uma das formas de se fazer isso seria através da educação por projetos e da não separação dos alunos por séries ou distinção de disciplinas. “Cada aluno é uma identidade. Adotamos o mínimo exigido da grade obrigatória, conforme os parâmetros curriculares para a educação básica. O professor precisa acompanhar o aluno na experiência, ajudando-o a reconhecer-se capaz de aprender e ensinar. Atendendo necessidades específicas de cada um”, diz. “Não importa se o aluno demora 100 ou 200 dias letivos para cumprir seu currículo, ele pode mudar de nível escolar em um semestre. O ideal é que ele realmente domine os conteúdos.”


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aprendizagem baseada em projetos, educação mão na massa, escolas inovadoras, novos espaços, sustentabilidade

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