Jogos são usados para desenvolver empatia e trabalhar comunicação não-violenta
Em financiamento coletivo no Catarse, os materiais buscam repensar a comunicação cotidiana e incentivam o olhar para o outro
por Marina Lopes 13 de junho de 2017
Certamente você já ouviu alguém dizer essas frases: “Eu não faço nada direito!”, “Como essa criança é mal-educada!” ou “Você nunca me escuta!” Diante de um turbilhão de emoções, nem sempre é fácil estabelecer um diálogo com o outro. Para trabalhar processos de comunicação não-violenta e desenvolver a empatia, a empresa social Colibri decidiu investir em jogos como uma estratégia de aprendizagem colaborativa.
Em financiamento coletivo no Catarse, o jogo GROK usa princípios da comunicação não-violenta para apoiar os participantes a construírem relações de confiança e cooperação, aprendendo a lidar com os conflitos de uma forma diferente. Com 75 cartas de sentimentos, 75 cartas de necessidades e um manual de instruções, o material oferece 20 formas diferentes de jogar.
Produzido e adaptado no Brasil, o jogo é uma versão do projeto desenvolvido pelas norte-americanas Christine King e Jean Morrison, que chegaram ao modelo do GROK após dez anos de pesquisa. Em busca de inspiração para o desenvolvimento de atividades que incentivam a empatia e a escuta ativa, os empreendedores sociais Laura Claessens e Sérgio Luciano conheceram o material quando começaram a elaborar um jogo de tabuleiro para estimular mudanças na forma como as pessoas se comunicam cotidianamente.
- Crédito: Sérgio Luciano / Colibri
- Crédito: Sérgio Luciano / Colibri
- Crédito: Sérgio Luciano / Colibri
- Crédito: Sérgio Luciano / Colibri
Interessados na proposta do GROK, eles decidiram entrar em contato com as idealizadoras. “Mandamos um e-mail falando do nosso desejo de trazer o jogo para o Brasil, e elas foram super receptivas. A partir daí, fizemos parcerias para começar a fazer a tradução”, conta Sérgio, que tem experiência na área de desenvolvimento de pessoas e coaching.
Conforme ele explica, o GROK pode ser usado por qualquer pessoa a partir de 8 anos para vivenciar práticas de comunicação não-violenta. Como um exemplo de atividade, ele cita o uso das cartas para organizar uma dinâmica chamada “Charada dos sentimentos”, em que os participantes se envolvem um uma espécie de brincadeira de mímica para representar tristeza, alegria, solidão e tantas outras emoções. “A ideia é que as pessoas consigam identificar quais são as formas físicas usadas para expressar sentimentos e como as outras pessoas identificam essas reações”, complementa.
Além da adaptação do GROK, ele diz que a Colibri ainda está trabalhando na sua proposta inicial de desenvolver um jogo de tabuleiro chamado “Empatia em Jogo”, que deve ser lançado até o início do próximo ano. A partir de experiências e dinâmicas usadas por eles em oficinas, a ideia é que as pessoas apresentem situações incomodas em uma roda e contem com ajuda de outros para compreender quais necessidades e sentimentos estão envolvidos nesse conflito. “Elas são incentivadas a pensar o que levou o outro a determinado comportamento ou o que motivou o uso de determinada palavra”, exemplifica.
De acordo com Sérgio, os jogos podem ser ferramentas interessantes para trabalhar empatia e comunicação não-violenta. “Eles são bons ambientes para trazer o aprendizado de uma forma muito profunda e rápida. Conseguimos gerar uma conexão rápida e criar um criar um espaço seguro para as pessoas explorarem”, defende.
Em fase de prototipação, ele diz que dinâmicas dos jogos já foram testadas com diferentes públicos e ambientes, inclusive durante encontros de formação de professores. “Eu tenho o sonho de que cada escola possa ter acesso a essas ferramentas”, compartilha, ao mencionar que a comunicação não-violenta pode mudar as formas de relacionamento dentro das escolas.