Liderança é decisiva para o processo de transformação digital da escola - PORVIR
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Como Inovar

Liderança é decisiva para o processo de transformação digital da escola

Uma gestão que se preocupa com inovação na escola precisa também estar próxima dos docentes e apoiá-los no processo pedagógico.

Parceria com Sejunta

por Ruam Oliveira ilustração relógio 28 de maio de 2021

No ambiente escolar, muitas ideias e projetos inovadores surgem a partir de ideias discutidas em sala de aula, de pequenas conversas informais no corredor ou da interação de áreas diferentes como a tecnológica e a pedagógica. Tirar ideias do papel e torná-las projetos sustentáveis, capazes de conquistar apoiadores ao longo de seu desenvolvimento, depende de atitudes provenientes dos líderes escolares.

É assim que a cultura de inovação sai do campo do discurso e passa a ser vivida na prática diária da instituição, em seus mais diversos níveis e sem colocar todo o peso sobre os ombros do professor. “A gente observa muitos docentes por conta própria buscando desenvolvimento profissional, mas quando esse processo é organizado pela instituição e pela liderança, tem outro tom e outro alcance”, aponta Guilherme Camargo, gerente de projetos educacionais da Sejunta, Apple Authorized Reseller que tem como um de seus objetivos trabalhar a transformação digital de maneira segura.

E tudo isso precisa conversar com a postura do gestor que compreende seu papel de influência em relação a sua equipe. Antes de cobrar resultados, esse trabalho passa pela identificação de demandas de desenvolvimento, compartilhamento da visão da instituição e  revisão constante das ações. “Com a participação da liderança, a gestão escolar vai trazer tranquilidade para o professor. Se a gestão não participa com o professor, só joga [as tarefas] e depois vai cobrar, fica uma lacuna. A participação das lideranças acaba influenciando diretamente no resultado dos processos”, afirma Helbert Costa, Coordenador Pedagógico e Tecnologia Educacional do Colégio E. Péry & Tia Min, em São Paulo.

A escola onde Helbert trabalha caminha em direção a uma transformação digital desde 2015, quando passou a adotar o uso de iPad com as turmas do ensino médio. Hoje utilizam, em diferentes escalas, tecnologia em quase todas as etapas de ensino.

Helbert, que também atua na coordenação da escola, destaca que um dos grandes desafios dessa implementação está em tirar alguns docentes de sua zona de conforto. Se por um lado existem educadores que se engajam antes mesmo de seus gestores no uso de tecnologias digitais, também existem aqueles que apresentam certa resistência a novas ferramentas. “O professor muitas vezes vai trazer as ferramentas que ele está confortável e que domina, e as mudanças de pensamento podem trazer um incômodo”, afirma.

Como saída a este impasse, o coordenador aponta que é preciso calma e investimento em treinamento e formação para que os educadores comecem a desenvolver gosto pelo uso dessas ferramentas e passem a utilizá-las em seu dia a dia.

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Atribuir significado é importante

Em se tratando da inclusão de tecnologias digitais na escola, não do uso de tecnologias com um fim em si mesmo, é preciso alterar a visão sobre o papel dessas ferramentas na educação e de que maneira elas são úteis para o projeto pedagógico. Guilherme destaca que não adianta investir muito dinheiro em tecnologias se o contexto pedagógico de uso não for sólido.

Para exemplificar, ele aponta que o correto não é que o professor encare a formação ou treinamento como aprendizado da ferramenta unicamente, mas sim como acesso a múltiplas estratégias de apresentação de conteúdo. Em outras palavras, não se trata de entregar aos educadores um treinamento sobre iMovie, que é uma ferramenta para edição de vídeos, por exemplo, mas um treinamento de contação de histórias por meio de vídeo.

Com os estudantes, o processo acaba sendo o mesmo. Guilherme aponta que parte do trabalho da Sejunta é “praticar com os docentes o que eles gostariam que os docentes fizessem com os alunos”. E, tendo isso em vista, a atribuição de sentido precisa estar presente na visão e construção de projetos dos gestores.

“Se eu comprar um iPad e entregar para as crianças sem nenhum contexto, como será esse uso?”, questiona Guilherme.

Quando novos dispositivos são apresentados aos estudantes, argumenta, o objetivo deve ser mostrar como eles podem ser integrados  à rotina pedagógica, e não apenas como um acessório.

Ter clareza em relação a esse ponto é fundamental para o gestor que pensa a inovação. Por vezes, é preciso que haja uma mudança de mentalidade. Entre os elementos de liderança, (Livro “Elementos da Liderança”, produzido pela Apple Education), a visão acaba sendo fundamental no percurso de implementação de tecnologias e forma como preparar os docentes.

Uma estratégia apontada por Guilherme é aproximar o educador do projeto. Não se trata de dizer o que ele deve ou não fazer, mas auxiliá-lo no desenvolvimento das ideias e no entendimento das dificuldades que só ele é capaz de vivenciar. “Quando existe esse contexto, conseguimos encontrar junto com o docente um discurso em que ele entende que o desenvolvimento profissional vai trazer para ele menos trabalho e que a tecnologia está aí para facilitar. Assim, ele vai aprimorar não só a própria experiência, mas também a de seus alunos”, pontua.

Helbert também pontua que o importante na postura de um gestor é estar ao lado, apoiando e traduzindo os objetivos pedagógicos – e não apenas cobrando planilhas de metas dentro do tempo. “Tem que ser o inverso, perguntar ao professor o que ele precisa para trabalhar pedagogicamente“.

Para que a motivação da equipe escolar não se esgote em uma oficina ou durante os meses em que durar o programa de formação, cabe ao gestor também inspirar a equipe a fim de concretizar o que a instituição tem como visão. Essa iniciativa, que pode estar baseada em ações como a discussão coletiva de boas práticas, impacta diretamente na cultura institucional e traz bons resultados na aprendizagem e na construção de uma escola mais inovadora.

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