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Microcertificações seguem toda a experiência de aprendizado

Nate Otto, diretor da Badge Alliance, explica o funcionamento dos badges e como eles podem ser usados em espaços formais e informais

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 28 de agosto de 2015

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Com apoio da tecnologia, é cada vez mais fácil continuar a aprender durante a vida toda e receber uma certificação. Isso pode acontecer na educação básica, com atividades na escola ou durante as férias, no ensino superior ou até mesmo de maneira informal em cursos rápidos que em nada lembram a rigidez dos currículos universitários. Ao invés de passar longo tempo em um curso de pós-graduação, é possível escolher temas específicos e já aplicá-los na prática.

Nos Estados Unidos, a organização Badge Alliance trabalha pela popularização do open badge, um distintivo ou medalha digital que comprova o aprendizado em determinada atividade ou a participação em um projeto. Além de permitir que a aquisição de uma nova habilidade seja compartilhada em redes sociais, o arquivo de imagem leva consigo informações de identificação, tais como: instituição emissora, data e descrição de atividade, além de links para requisitos e evidências de que o aluno de fato cumpriu o exigido.

Em conversa na sede da Fundação Lemann, Nate Otto, diretor da Badge Alliance e um dos palestrantes do Transformar 2015, deu um panorama de como a tecnologia tem sido adotada nos Estados Unidos. “Na medida em que o ensino é cada vez menos linear, os badges podem contar a história das experiências de aprendizado de uma pessoa ao longo de sua vida”, disse.

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Badges para diferentes fases

Na educação formal, Otto cita o caso da cidade Los Angeles, que usa badges para cada série ou disciplina que o aluno completa, em um processo que começa na escola primária e vai até o ensino médio. “As competências podem ser desenvolvidas nas aulas e muitas outras atividades na escola, como as socioemocionais. Isso mostra como badges podem quebrar o sistema tradicional de avaliação, que só consideram o que foi feito em um curso específico”.

Também na educação básica, o programa Planet Stewards distribui badges para alunos do ensino fundamental 2 e médio. Desenvolvida pela Agência Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês) a metodologia é baseada em desafios sobre vida marinha, clima e meio ambiente. Como não existe um único percurso, os alunos podem cumprir atividades que melhor se adequam aos seus interesses e, consequentemente, receber diferentes microcertificações.

Fora da escola iniciativas como a Cities of Learning, financiada pela MacArthur Foundation, também fornecem essas microcertificações. Neste projeto, cidades inovam ao integrar todo o aparato público, além de bibliotecas e museus ao processo de aprendizado. A iniciativa que começou em Chicago, em 2012, já chegou a Los Angeles, Dallas e Washington D.C. “Há muitos outros locais querendo se envolver com isso para conectar os programas que acontecem por toda a cidade, principalmente durante as férias de verão”, disse Otto. Nessas atividades, os alunos podem ganhar badges por atitudes cidadãs, como defesa de animais e participação em programas de reciclagem.

Na medida em que o ensino é cada vez menos linear, os badges podem contar a história das experiências de aprendizado de uma pessoa ao longo de sua vida

No caso do ensino superior, o representante da Badge Alliance afirma que a tecnologia dos open badges surge como alternativa para estudantes mostrarem em que se diferenciam dos demais candidatos na hora de disputar uma vaga no mercado de trabalho. Segundo Otto, nos EUA os diplomas de graduação têm perdido valor por serem muito comuns por não darem muita informação a empregadores sobre o que o estudante fez ao longo de sua carreira acadêmica. “Eles podem até mostrar os cursos feitos e as notas obtidas, mas ainda não dizem nada sobre competências desenvolvidas. O diploma universitário é usado como um filtro para jogar fora metade das fichas de candidatos”, afirmou.

Assim, universidades começam a usar os open badges para ajudar alunos a comprovarem competências adquiridas ao longo do curso. “Quando o aluno se candidatar a um emprego, pode dizer: ‘Eu tenho as habilidades básicas e também experiência em liderar grupos de cinco pessoas para um projeto e aqui está meu badge que pode ser verificado por link do vídeo com a apresentação que fiz”, explicou.

Apesar do discurso entusiasmado, Otto admite que são poucos os casos de empresas que contratam usando badges como critério número um. Porém, isso não significa que elas fechem os olhos para as microcerticações. Elas só estão usando a tecnologia de uma outra maneira, dentro de um plano de desenvolvimento profissional. “Uma das empresas que usam badges é a IBM, que tem um programa para áreas técnicas. Outras são a varejista de calçados Zappos, de Las Vegas, e a Adobe, que fabrica o editor de imagens Photoshop”.

Como emitir badges

Para começar a emitir badges, uma empresa ou escola só precisa de um software rodando em um servidor. É por meio dele que as pessoas poderão identificar a procedência e as informações do curso. Otto ressalta, no entanto, que a tarefa mais difícil é a de categorização e de criação de regras. “É preciso saber quem na organização vai escolher as imagens, fazer as descrições e os critérios para liberar os badges, de modo que mantenha a motivação dos alunos. Outro cuidado é com a parte pedagógica, porque podem existir estudantes que queiram apenas colecionar todos os badges fazendo o mínimo esforço necessário para consegui-los”.

Questionado sobre a credibilidade dos badges, Otto disse o sistema funciona de forma parecida com os cerificados tradicionais e que a tecnologia traz embarcada informações que facilitam a identificação do usuário. “Você pode ter um diploma de uma instituição que não é muito conhecida e dizer que passou por um programa de 200 horas. Neste caso, o empregador provavelmente vai perguntar a amigos. Com os badges, criamos um certificado de autenticidade que permitem a empresas endossar determinados emissores”, disse.

No momento, a Badge Alliance procura desenvolvedores e tradutores para criar documentação em português. Professores e demais interessados em discutir a tecnologia podem participar de debates no site https://www.badgealliance.org/ e de conferências pelo link http://bit.ly/OBCommCalls, que reúne uma comunidade mundial. Pelo Twitter, as conversas são marcadas com a hashtag #badgechatk12.


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