MIT inicia mudanças em abordagens pedagógicas
Reformulação é baseada em relatório de recomendações de práticas alinhadas com novas demandas educacionais
por Fernanda Kalena 13 de agosto de 2014
O MIT (Massachusetts Institute of Technology) divulgou semana passada o relatório final do grupo de trabalho estruturado para pensar o futuro do instituto e orientar mudanças pedagógicas que estejam alinhadas com as novas demandas da educação. Chamado de Institute-Wide Task Force on the Future of MIT Education, a comissão reuniu 16 recomendações que envolvem questões de modulação e flexibilização dos cursos ofertados, de abertura para a experimentação de novos modelos de aprendizagem e de aumento do acesso ao instituto.
O grupo de 52 pessoas é formado por professores, alunos e funcionários que de diversas maneiras juntaram esforços para ouvir as demandas, dificuldades e ideias de todos os setores. Nos últimos 18 meses, desde que o início da pesquisa, promoveram reuniões de departamento, fóruns estudantis, conversas com ex-alunos, questionários de avaliação.
“Os últimos anos trouxeram evidências de que o ensino superior está em uma encruzilhada. O aumento do custo da educação combinada com o potencial transformador das tecnologias de ensino e aprendizagem on-line é um desafio de longo prazo que nenhuma universidade pode dar o luxo de ignorar”, escreveu L. Rafael Reif, presidente do instituto, em comunicado oficial.
Em novembro do ano passado, a comissão divulgou um relatório preliminar no qual levantou um leque de oportunidades que necessitavam de uma investigação mais aprofundada. Desde então, o grupo foi dividido subdividido em três grupos para analisar três grandes temas: o ensino no MIT e suas instalações; a globalização de oportunidades através da plataforma edX ; e novos modelos de financiamento dos cursos superiores. Os grupos consideraram a viabilidade das ideias e pensaram em opções práticas de viabilidade.
Baseado nesse relatório preliminar, o grupo de trabalho desenvolveu recomendações concretas como a necessidade de aumentar a flexibilidade e a modularidade do currículo – o que inclui a estruturação e a certificação dos cursos da edX por módulos e, no caso dos presenciais, a dinamização da grade, possibilitando o adiantamento de créditos em cursos de férias, por exemplo. Além disso, é sugerido a criação de novos tipos de espaços físicos que suportem novos modelos de aprendizagem, que estimulem processos híbridos de aprendizagem e a gamificação do ensino.
Para prover uma estrutura e um financiamento sustentável de novas experiências educacionais, pesquisas e avanços, a comissão também propôs que o MIT crie uma Iniciativa de Inovação Educacional (Initiative for Educational Innovation, em inglês), uma entidade para promover análises rigorosas, baseadas em dados, das inovações pedagógicas e curriculares que o relatório sugere.
Para o presidente, o lançamento do relatório é o marco do início da transformação da abordagem pedagógica para se adequar ao mundo contemporâneo. “Estamos escolhendo enfrentar este desafio avaliando o modelo educacional que tem servido tão bem ao instituto por muito tempo. Estamos experimentando ideias ousadas para melhorar o ensino de nossos próprios alunos e reduzir as barreiras para o acesso de alunos ao redor do mundo”.
“O próximo desafio é identificar quais as recomendações do relatório de implementar, como e em que ordem”, disse Reif. As novas experiências já começaram a ser testadas em cinco disciplinas, que no último semestre, foram oferecidas em formato on-line ou em modelos híbridos de ensino. Os dados coletados dessas aulas vão ajudar na avaliação das recomendações feitas pelo relatório.
O relatório completo, em inglês, está disponível aqui.