MOOC leva ciência da computação a ensino médio
edX e Amplify oferecem cursos online gratuitos de introdução à programação para jovens que ainda não estão na universidade
por Patrícia Gomes 15 de julho de 2013
Começou meio sem querer. Como era aberto para todo mundo, acabou que eles, mais novinhos, também se interessaram. Inscreveram-se, sentiram um gostinho de como são as aulas na universidade, fizeram exercícios sozinhos e em grupo, avaliações e houve até os que persistissem até conseguir o diploma no final do curso com notas invejáveis – como o caso do menino mongol de 15 anos que foi um dos poucos a tirar nota máxima no curso que fez. Foi assim que, aos poucos, os MOOCs (cursos online gratuitos para grandes públicos), que têm revolucionado o ensino superior, começaram a chegar a um público que ainda não terminou a escola. Amplify e edX são exemplos de organizações que estão atentas a essa demanda e já desenvolveram cursos especificamente para esses jovens – ambos na área de programação e em inglês.
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O curso do edX, A Taste of Python Programming (o que, em livre tradução, seria algo como “Um gostinho sobre como Programar Python”) é oferecido por professores do MIT e se baseou em materiais do 6.00x Introduction to Computer Science and Programming (Introdução à Ciência da Computação e à Programação), um dos cursos mais populares da plataforma, com mais de 150 mil alunos inscritos na última turma. As aulas para o ensino médio começaram no dia 25 de junho e vão até 2 de agosto, mas ainda é possível se inscrever. Elas foram programadas para durar o verão do hemisfério norte, quando as férias escolares são maiores e devem requerer entre 12 e 15 horas de estudo semanal dos estudantes.
Um dos parceiros da iniciativa é a cidade de Chicago, que está incentivando os alunos de sua rede a fazerem cursos durante as férias para terem contato com diferentes oportunidades de aprendizado. No programa, chamado Chicago Summer of Learning, além das aulas virtuais do edX, estão programadas outras 120 mil atividades. “Esse curso é uma grande oportunidade para esses meninos começarem a desenvolver um senso de como os cientistas da computação resolvem problemas”, disse John Guttag, professor responsável pelo curso, ao MIT News. Apesar da parceria com a prefeitura de Chicago, é bom deixar claro, qualquer aluno de ensino médio pode se inscrever.
Além do edX, a empresa norte-americana Amplify, especializada em desenvolver soluções educacionais baseada no uso da tecnologia, também está com inscrições abertas para o MOOC de Introdução à Ciência da Computação. Originalmente, o curso foi concebido para ajudar alunos norte-americanos que precisam se submeter a um teste nacional chamado AP, mas pode ser útil a qualquer estudante interessado no tema, já que, segundo a própria instituição, o conteúdo equivale a cursos introdutórios dados na universidade.
As aulas começam em agosto próximo e duram dois semestres. No primeiro, os alunos vão aprender as bases da ciência da programação, incluindo introdução a Java. No segundo semestre, o foco será no ensino de manipulação de dados para a criação de programas sofisticados, abordando temas que vão desde o desenvolvimento de algoritmo de programas até design. Outro objetivo que os organizadores ressaltam que o curso tem é o de ensinar a ética as implicações sociais do uso dos recursos digitais.
A chegada oficial dos MOOCs ao ensino médio levanta e aprofunda alguns debates sobre as novas formas de aprendizado que a tecnologia permite. Em pouco mais de um ano, os MOOCs chegaram rapidamente a centenas de milhares de pessoas – no edX, que é apenas uma das plataformas especializadas nessa modalidade de curso, até abril eram 800 mil alunos, sendo 45% deles matriculados no ensino superior e 5% no ensino médio. Por ser um fenômeno recente, ainda se discute se o mercado vai ou não aceitar bem esse tipo de formação. Com alunos do ensino médio tendo acesso a cursos online específicos para a faixa etária, a tendência é que mais estudantes cheguem ao ensino superior já sabendo parte do conhecimento que deveriam adquirir no campus. O que a universidade fará com esses meninos é uma questão ainda a ser respondida.