O que aprendemos no webinário com Charles Fadel - PORVIR
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Coronavírus

O que aprendemos no webinário com Charles Fadel

Fizemos um resumo do evento online promovido nesta quarta-feira por Porvir, CLOE e Movimento pela Base

por Redação ilustração relógio 4 de junho de 2020

Promovido por Porvir, CLOE e Movimento pela Base, o webinário “O currículo escolar em tempos de COVID-19”, com Charles Fadel, pesquisador francês especialista em educação global e fundador do Center for Curriculum Redesign, da Universidade de Harvard (EUA), discutiu nesta quarta o que sistemas educacionais devem fazer para manter crianças aprendendo e em que devem se concentrar durante a crise que fechou escolas e mantém uma imensa população de alunos distante das aulas.

Abaixo, relacionamos alguns destaques da conversa que durou cerca de uma hora e contou com 1389 inscritos.

Baixe o livro de Charles Fadel: “Educação em quatro dimensões: as competências que os alunos devem ter para atingir o sucesso” (PDF grátis)

Sobre a necessidade de escolas irem além do conteúdo acadêmico
“Estamos recebendo sinais de alerta e temos que nos preparar para o futuro, evitar problemas e encontrar caminhos para reagir rápido. A educação fracassou na sua missão porque a gente abandonou tudo para se concentrar apenas no conhecimento”.

“A matemática não ensinou ninguém sobre os conceitos profundos. Portanto, você poderá calcular uma função exponencial, mas não terá ideia do que isso quer dizer em termos humanos”.

Sobre as mudanças necessárias nos currículos
“Mesmo sem tudo isso (aulas remotas), já sabíamos que o currículo estava sobrecarregado. Os professores tinham muito mais a cobrir do que tinham tempo. Esse tem sido um problema em todo o mundo”.

“Mesmo em tempos normais, o Brasil, assim como vários outros países, decidiu que precisa ensinar mais do que apenas conhecimento. E a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) foi um ótimo exemplo disso”.

Sobre o que deve ser prioridade agora
“Se você pensar quais são as coisas mais importantes em razão da crise, claramente são competências como coragem e resiliência, que normalmente são subestimadas”.

“Infelizmente, leva tempo para desenvolver essas competências. Você não pode simplesmente apertar um interruptor e dizer: ok, ligue e agora você é corajoso. É uma prática para ser desenvolvida ao longo da vida”.

“Tente se aproximar de seus alunos por meio de seus medos para entender a complexidade com a qual eles estão lidando. A avó deles pode estar doente, os seus pais, os amigos, etc. Portanto, podem existir muitas coisas para serem atendidas antes deles ouvirem sobre frações, E tudo bem”.

Sobre avaliações neste momento
“Avaliação não é o problema, a questão é quando a execução e o objetivo são ruins”.

“A avaliação tem que ser mudada para refletir o que é essencial”.

Sobre as transformações no mundo da educação
“Estamos sendo jogados de volta no tempo para 15 anos atrás. Certamente temos mecanismos de comunicação necessários, mas eles não estão disponíveis para todos com a mesma densidade e capacidade. E eles são mecanismos restritos”. 

“Muitas pessoas estão caindo do trem, seja por necessidades especiais ou por não ter acesso suficiente. Acabamos educando menos pessoas e menos bem. Espero que isso não dure por muito tempo”.

“Se por algum motivo, se você é aquele que tem dinheiro, acesso e poder neste momento, você vai ter que arcar com a responsabilidade de se educar pelo bem da sociedade. Você precisa devolver isso para o sistema”.


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base nacional comum curricular, coronavírus, educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, equidade

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