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O que as Olimpíadas ensinam sobre perder?

por Redação ilustração relógio 9 de agosto de 2024

A Olimpíada de Paris 2024, realizada na França, oferece inúmeros exemplos que podem ser utilizados como ponto de partida para discussões sobre valores em projetos escolares ou em rodas de conversa em sala de aula. Embora a vitória seja desejada por todos, nem sempre ela é possível. Mas como as derrotas também podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como resiliência, perseverança e autoconhecimento?

Nos momentos decisivos, que podem significar tanto a conquista de um pódio quanto a eliminação, comportamentos positivos por parte dos atletas vão além do universo esportivo e oferecem lições valiosas que podem ser aplicadas à vida escolar. Esses altos e baixos que os estudantes enfrentam ao longo de um ano letivo são oportunidades de crescimento pessoal e aprendizagem contínua.

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Como o esporte se conecta à vida escolar

Em diversas modalidades esportivas, do atletismo ao judô, do skate ao badminton, atitudes positivas emergem mesmo em um ambiente de alta rivalidade. É possível traçar um paralelo com o que acontece diariamente em sala de aula:

Respeito ao próximo: assim como um atleta vitorioso que reconhece o esforço do adversário, os estudantes podem aprender a valorizar o trabalho de seus colegas, mesmo em situações de competição acadêmica, como provas e projetos ou mesmo o vestibular. Respeitar e apoiar os outros, independentemente dos resultados, é importante para um ambiente escolar saudável.

Jogo limpo: no esporte, alguns atletas escolhem o caminho da honestidade, mesmo quando poderiam tirar vantagem de uma situação. Da mesma forma, na escola, é fundamental que os estudantes respeitem as regras, respeitem os colegas e os professores, e enfrentem os desafios com integridade, sem recorrer a atalhos como a trapaça (você ouviu plágio ou cola?).

Apoio e solidariedade: Além da competição, os atletas frequentemente se apoiam uns aos outros, demonstrando solidariedade, mesmo entre adversários. No contexto escolar, os estudantes podem aprender a valorizar a colaboração e o apoio mútuo, ajudando uns aos outros em momentos difíceis, como na preparação para provas ou na realização de trabalhos em grupo.

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Por que a escola deve estar aberta ao erro

Como explorado anteriormente no Porvir, os Jogos Olímpicos podem ser o ponto de partida para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais. E é sempre bom lembrar que estudos apontam que a abertura ao erro traz benefícios do ponto de vista psicológico.

Resiliência e inteligência emocional: em momentos de grande pressão, grandes atletas conseguem manter a calma e o foco, o que é essencial para superar a desvantagem no placar. Na escola, os estudantes também enfrentam situações de estresse, como semanas de provas ou apresentações importantes em um auditório ou mesmo um jogo decisivo no campeonato interclasse.

Aprender a manejar essas emoções pode fazer toda a diferença no desempenho acadêmico e no bem-estar emocional. “Quando descobrimos que podemos ser vulneráveis e reconhecemos nossas verdadeiras habilidades, isso passa a ser uma potência na nossa vida”, disse o educador e designer de experiência de aprendizagem Eduardo Valladares neste conteúdo publicado em 2021.

Resolução de problemas: entender que perder não é algo necessariamente ruim também pode ser benéfico na hora de solucionar problemas. Uma resposta negativa é também um caminho para pensar de maneira criativa em como solucionar determinadas questões, ampliando perspectivas e até mesmo promovendo um pensamento inovador.

Fomento a uma mentalidade de crescimento: quando os estudantes veem o fracasso como parte do processo de aprendizado, são mais propensos a desenvolver uma mentalidade de crescimento. Essa perspectiva os ajuda a ver desafios como oportunidades de crescimento e melhoria, em vez de obstáculos intransponíveis.

Exemplos práticos direto das Olimpíadas 

Esses jogos olímpicos mostraram diversas situações em que os esportistas não obtiveram o melhor cenário possível e, ainda assim, conseguiram lidar de forma positiva com a situação. 

A primeira lembrança, como não poderia deixar de ser, fica por conta da reverência das ginastas dos Estados Unidos, Simone Biles e Jordan Chiles, à brasileira Rebeca Andrade, medalhista de ouro na final individual do solo. Uma cena que, pelo menos do lado brasileiro, é um registro histórico (reveja no YouTube).

A ginasta brasileira Rebeca Andrade conquista a medalha de ouro na final do solo
Alexandre Loureiro/COB A ginasta brasileira Rebeca Andrade exibe a medalha de ouro conquistada na final do solo

Logo após a premiação, Simone traduziu o ato em palavras: “Decidimos demonstrar nosso respeito. A Jordan disse que deveríamos fazer e eu disse que sim. É por isso que fizemos. Era o correto a ser feito. Amo Rebeca. Ela é incrível. Ela é uma pessoa maravilhosa e uma ginasta melhor ainda. Ela me ajuda a estar concentrada. Ela me faz competir melhor.”

O tricampeão olímpico de judô Teddy Riner mostrou em suas redes sociais uma postura de encorajamento ao também judoca Tatsuro Saito, derrotado duas vezes e que ficou com a medalha de prata. O esportista demonstrou grande frustração com a derrota, a ponto de dizer que não retornaria ao seu país. Rinner interveio, ressaltando o quão honrado estava por ter lutado com Saito. 

“Derrotas são uma parte integral do nosso progresso e às vezes nos ensinam tanto, senão mais, do que vitórias. Estou convencido de que você vai voltar ainda mais forte. Estou ansioso para nos encontrarmos de novo, meu amigo. Com todo o meu respeito, Teddy Riner”, escreveu o judoca em uma rede social. 

Em uma outra demonstração de apoio dos atletas, a chinesa He Bingjiao subiu ao pódio segurando um broche que representava Carolina Marín, espanhola favorita ao ouro e que precisou desistir da competição devido a uma lesão no joelho. Elas estavam em uma partida de badminton quanto Carolina precisou abandonar a competição, o que fez He avançar na disputa que a levou à medalha de prata. 

Caio e Viviane Lyra posam
Miriam Jeske/COB Caio Bonfim e Viviane Lyra ficam na sétima posição no revezamento misto, concluindo o percurso de 42,195km no tempo de 2h54m08s.

Após conquistar uma medalha de prata na marcha atlética, Caio Bonfim voltou às ruas de Paris para disputa na prova de revezamento, modalidade estreante nos jogos. O sétimo lugar não surpreendeu Viviane Lyra e Caio Bonfim, que reconheceram que os rivais tiveram um desempenho melhor. “Eles ficaram na frente porque eles são melhores. Não é por causa da recuperação, não é porque eles se recuperaram melhor [da prova individual]. É porque na hora que junta as duas duplas, as outras duplas foram melhores”, disse o atleta brasileiro, segundo conteúdo do UOL.


Quais momentos desta Olimpíada de Paris, na sua opinião, melhor representam o espírito esportivo? Deixe seu comentário abaixo!


TAGS

educação infantil, educação socioemocional, ensino fundamental, ensino médio

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