Com poucos recursos, professor usa papel para montar circuito elétrico na escola - PORVIR
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Diário de Inovações

Com poucos recursos, professor usa papel para montar circuito elétrico na escola

Projeto de baixo custo ajudou a trazer conceitos de eletrônica, energia e corrente para uma turma de ensino fundamental

por Paulo Adriano Ferrari ilustração relógio 22 de março de 2017

Como professor de informática educacional da rede municipal de São Paulo, decidi romper com o clássico binômio da sala de computador. Já trabalho com Scratch e outros projetos que envolvem linguagem de programação, mas quis colocar a molecada dentro do universo maker. Para fazer uma introdução aos conceitos de eletrônica, energia e corrente, elaborei um projeto de baixo custo em que os alunos colocaram a mão na massa para construir um circuito elétrico em papel.

– Veja o guia Educação Mão na Massa do Porvir

Pelo currículo tradicional, conteúdos ligados à eletricidade são abordados somente no nono ano do ensino fundamental. No entanto, a familiarização com tais conceitos é fundamental para iniciar um projeto maker. Como acender um LED? Qual é a energia necessária para mover um motor? Como funciona um circuito elétrico? O que faz uma pilha? O que é um resistor e qual o significado de suas cores? Todas essas perguntas precisam ser respondidas e não há melhor maneira de fazer isso do que construir, na prática, um circuito elétrico com as turmas dos 7º, 8º e 9º anos.

Com o circuito elétrico em papel, você democratiza o conhecimento e os alunos podem colocar a mão na massa. Para fazer esse projeto, usamos apenas materiais de baixo custo. Qualquer um consegue encontrar uma fonte antiga de celular e alguns pedaços de alumínio. Além disso, um LED custa 15 centavos e um resistor chega a ser até menos.

Na primeira parte do projeto, foram usadas baterias de 3 volts. Porém, o alto custo e a baixa durabilidade acabava sendo um limitador, o que tornava possível apenas a construção de circuitos curtos. A solução encontrada foi adaptar fontes elétricas de celular. Meninos e meninas aprenderam a ler os códigos de cores dos resistores, conseguiram soldá-los na fonte e, para alimentar o circuito elétrico, fixaram pequenas garras jacarés nas extremidades dos fios.

Os circuitos foram construídos em cima de uma folha de sulfite e tiras de papel alumínio se transformaram em fios. A partir daí, os projetos começaram a se tornar mais complexos. Além de um circuito em série, agora os alunos também podem começar a construir circuitos em paralelo, que aceitam LEDs de diferentes cores. Também pretendemos incrementar o projeto com botões de ligar e desligar, que foram retirados de mouses quebrados.

Como projeto final, em conjunto com a professora de artes, tive a ideia de propor aos grupos a construção de cartões de papel que acendem LEDs quando são abertos. Também estou pensando em sugerir a montagem de um jogo de perguntas e respostas de matemática.

Muitos alunos que não participam das aulas tradicionais e são considerados indisciplinados se interessaram em participar do projeto, chegando até a se oferecerem para ensinar colegas que estavam tendo algum tipo de dificuldade. Interessante foi também trabalhar a questão de gênero, uma vez que existe o mito das garotas não se interessarem por eletrônica ou programação. Pelo contrário, várias delas quiseram soldar e tomaram a frente do projeto.

A investigação, interação e experimentação se tornam mais importantes do que o resultado final do projeto. Os alunos produzem conhecimento e conseguem diminuir o distanciamento excessivo entre aprendizagem e individualidade, conteúdo e interesse pessoal, interação e passividade, escola e o mundo, teoria e prática.

* Conheça outros projetos desenvolvidos pelo professor aqui.


Paulo Adriano Ferrari

Formado em história e pedagogia com especialização em designer instrucional. Professor da escola pública há quase 20 anos, leciona história na rede estadual de São Paulo. Também é professor orientador de informática educativa na rede municipal de  São Paulo.

TAGS

educação mão na massa, ensino fundamental, programação, tecnologia

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