Professora mostra como acompanha a aprendizagem durante as aulas remotas
Nem sempre é possível saber quem está acompanhando a aula ou só deixou o computador ligado. A professora Thalia Di Grassi explica aqui como usa várias ferramentas para entender como os alunos estão progredindo
por Thalía Di Grassi 29 de julho de 2020
Atuo como professora de Língua e Produção de Texto do Ensino Médio Integrado ao Técnico, no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein. Faço parte desse novo projeto do Hospital Albert Einstein e sempre tive muita liberdade para planejar todas as minhas atividades. A partir dessa nova realidade de aulas remotas, precisei adaptar todos os materiais do curso para o modelo online. Como eu nunca tinha trabalhado com aulas a distância, não tinha ideia de como isso aconteceria na prática!
Paralelo a tudo isso, também no início do ano, comecei a fazer o curso “ATIVA: Abordagem para tornar visível a aprendizagem”, no Instituto Singularidades. Tivemos apenas a 1ª aula presencial e, logo em seguida, passamos a ter aulas não presenciais. Todas as propostas do curso me ajudaram muito nas adaptações das minhas aulas.
Nesse curso, ministrado pela professora Julia P. Andrade, entrei em contato com ferramentas que eu já conhecia como Kahoot e Mentimeter e com recursos que eu nunca tinha utilizado como, por exemplo: Flipgrid, Jamboard e Padlet. Aprendi sobre a importância de tornarmos o pensamento visível para os alunos e a necessidade da documentação do processo de aprendizagem.
A partir da nova realidade de isolamento social, aulas síncronas, atividades assíncronas e o curso de formação continuada, procurei planejar as aulas apresentando os conteúdos de uma maneira mais leve e dinâmica e, sempre que possível, utilizando uma nova ferramenta. Meu objetivo era tornar as aulas mais interativas e, também, acompanhar o engajamento dos estudantes. Com as aulas online, perdemos um pouco a noção de quem realmente está acompanhando a aula ou só deixou o computador ligado.
Uma das propostas desenvolvidas ao longo do primeiro semestre foi a partir do conceito de paráfrase. Decidi trabalhar com esse tema como uma estratégia de auxiliar os estudantes com a interpretação de diferentes textos. No início dessa sequência de atividades, fiz um levantamento utilizando o Mentimeter. O objetivo desse levantamento era sondar quantos alunos já conheciam o conceito em questão. Essa informação foi apresentada para os alunos e “arquivada”.
Depois de conversarmos sobre a definição de paráfrase e de realizarmos diferentes exercícios sobre o assunto, os alunos foram divididos em grupos. Cada estudante precisava exercer um papel (escriba, repórter, controlador do tempo e harmonizador). O objetivo de cada grupo foi produzir um vídeo utilizando a ferramenta Flipgrid. Nesse vídeo, os alunos precisavam fazer uma comparação entre o que já sabiam e o que aprenderam depois das aulas.
Esse exercício de metacognição foi importante para os alunos perceberem o quanto tinham aprendido durante as aulas, ou seja, foi uma maneira de tornar a aprendizagem visível. A divisão de papéis nos grupos ajudou na organização da preparação da atividade e em uma maior interação entre os estudantes. A necessidade de produzir o vídeo fez com que os alunos perdessem um pouco a timidez de aparecer na frente da câmera. Como feedback (retorno avaliativo) desse trabalho, cada grupo recebeu um “vídeo resposta” sobre o desempenho do grupo. Acredito que atividades como essa contribuem com o processo de aprendizado dos estudantes.
Além da utilização de novas ferramentas, criei, no início do semestre, um blog para as turmas. O objetivo foi estabelecer mais um canal de comunicação com os alunos. Neste espaço, eu disponibilizava materiais, criava desafios e tarefas de casa. As atividades não valiam nota. Com isso, pude acompanhar também como estava a participação dos estudantes nas minhas aulas. O blog representou também importante documentação no processo de ensino-aprendizagem.
No final do semestre, realizei um levantamento para saber quais estratégias e recursos os alunos gostaram mais. Para minha surpresa, os alunos gostam mais de fazer atividades no Kahoot, mas percebem que aprendem mais com os registros realizados no Jamboard. Fiquei surpresa com a escolha do Kahoot, pois era algo que grande parte dos alunos já conhecia de outras escolas. A partir dessas informações, pretendo preparar as atividades do próximo semestre e engajar ainda mais os estudantes nas aulas de Língua e Produção de texto.
Leia mais:
– Como fazer a avaliação durante as aulas remotas
– Como promover a aprendizagem ativa durante a quarentena
Thalía Di Grassi
É professora de Língua e Produção de Texto do Ensino Médio Integrado ao Técnico, no Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e psicopedagoga na ABD (Associação Brasileira de Dislexia). Possui formação Letras-Português, psicopedagogia pela PUC-SP e pedagogia pela USP.