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Inovações em Educação

Programa aproxima a matemática do cotidiano

SESI Matemática usa jogos e aplicações práticas para transformar a maneira como a disciplina é ensinada nas escolas

por Marina Lopes ilustração relógio 6 de abril de 2016

Os números e as equações muitas vezes são temidos pelos estudantes, que acabam não conseguindo perceber a aplicação prática de conceitos da matemática. Para mostrar que a disciplina não é nenhum bicho de sete cabeças e pode estar presente em diversas ações do cotidiano, o Sistema FIRJAN desenvolveu o programa SESI Matemática, que pretende contribuir para melhorar o ensino de matemática nas escolas.

Voltado para alunos do ensino fundamental 2 e do ensino médio, o programa aposta no uso de aulas interativas e jogos. Em uma plataforma online voltada para estudantes e professores, são reunidos mais de 60 mil desafios educativos e jogos que contam com a parceria da plataforma Manga High. Além disso, as escolas participantes do SESI Matemática também recebem kits que contêm sólidos geométricos, blocos lógicos e outros materiais que ajudam a visualizar a aplicação de conceitos. Em alguns locais, também são criadas salas ambiente de matemática, incluindo carrinhos com netbooks e mobiliários adequados para facilitar a interação entre a turma.

No interior do Rio de Janeiro, as professoras Maria Alexandrina de Sousa e Angela Costa, do SESI Itaperuna, estão participando do programa com as suas turmas do ensino fundamental. “Como envolve tecnologia, não é só o papel da folha, do livro ou do caderno, os alunos se sentem incentivados a fazer”, diz Sousa. Segundo ela, as atividades ajudam a envolver mais a turma com a matemática, desenvolvendo com mais facilidade habilidades de raciocínio lógico.

sala_sesi mat2Divulgação

Nas suas turmas do sexto e sétimo ano, a professora diz que sempre procura relacionar as atividades do SESI Matemática com os conteúdos curriculares. “Eu trabalho conteúdos do livro didático e sempre procuro pegar jogos relacionados que estão na plataforma”, exemplifica.

Atualmente, a iniciativa também está presente em mais de 250 escolas localizadas nos estados do Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, Alagoas e o Distrito Federal. Mas a ideia é se expandir para todo o país.

O programa nasceu de uma percepção de que os jovens brasileiros não tinham um bom desempenho na disciplina, resultado que muitas vezes era ocasionado pela maneira como eram apresentados aos conteúdos. Em 2012, quando foi lançado o SESI Matemática, uma pesquisa do Sistema FIRJAN mostrou que muitos profissionais tinham dificuldades de adquirir competências diretamente relacionadas à matemática, como a capacidade de ler e interpretar dados e o raciocínio lógico. Além disso, neste mesmo período os indicadores nacionais e internacionais demostravam que apenas 11% dos alunos terminavam o ensino médio com proficiência adequada em matemática e o país figurava entre os últimos colocados no ranking do PISA (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Alunos).

No entanto, ao contrário do que se possa imaginar, segundo o professor de matemática da Universidade de Oxford, Marcus du Sautoy, afirmou recentemente em uma entrevista ao jornal The Guardian, apenas 5% da população mundial tem algum grau de dificuldade nata para executar tarefas aritméticas. O restante é resultado apenas do ensino.

Com o objetivo de transformar o ensino de matemática nas escolas, o programa SESI Matemática procura encontrar caminhos para aproximar a disciplina do universo dos alunos. “Nós entendemos que precisamos mudar a forma de lidar com a matemática para que o jovem possa se envolver com ela da maneira que esperamos”, explica Helio França Braga, coordenador da Divisão de Matemática do Sistema FIRJAN.

De acordo com ele, um dos fatores que podem explicar a resistência dos alunos com os números é a forma como eles entram em contato com a disciplina, que em muitos casos acaba sendo descontextualizada e desatualizada. “Muitos professores ainda utilizam a mesma linguagem e técnica de quando eles aprenderam matemática”, observa, ao mencionar que isso gera pouco envolvimento. Com o intuito de preparar os professores para ensinar matemática de forma mais engajadora, dentro do programa também são realizadas formações continuadas que envolvem um encontro presencial e 12 módulos online.

sala_sesi matDivulgação

Rumo aos jogos olímpicos
Nos últimos anos, percebendo que durante as formações alguns professores tinham dificuldade de reunir conteúdos atuais e transpor para a realidade dos alunos, o SESI Matemática também começou a elaborar alguns modelos de atividades. Neste ano, por exemplo, com a chegada das Olimpíadas o programa sugeriu uma sequencia de oito desafios relacionados ao universo dos esportes. Em uma das tarefas, o mundo esportivo serve como gancho para trabalhar números decimais e unidades de medida.

As atividades envolvem uma matemática transversal, que pode ser trabalhada do sexto ano do ensino fundamental ao terceiro ano do ensino médio. “Se eu pegar uma atividade que traz a parte transversal de potência, um professor do sexto ano vai ficar focado na propriedade. Já o do ensino médio também pode falar sobre notação científica e aplicações na área de física. Oferecemos algumas possibilidades dele se aprofundar conforme a turma que trabalha”, explica o coordenador da Divisão de Matemática do Sistema FIRJAN.

“Conhecer essa matemática faz toda diferença”, diz Braga. Segundo ele, o domínio da disciplina pode ser útil para qualquer área que o aluno seguir, além de abrir caminho para que as carreiras de exatas também estejam entre as suas opções de escolha.


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ciências, ensino fundamental, ensino médio, jogos, tecnologia

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