Projetos estimulam criatividade e engajamento em aulas remotas
Para Carolina Pavanelli, diretora pedagógica da plataforma Eleva, aprendizagem voltada à resolução de problemas complexos é uma inovação que também pode ser usada durante a crise do coronavírus
por Redação 11 de maio de 2020
A aprendizagem baseada em projetos e voltada à resolução de problemas complexos é uma forma de estimular a criatividade e o engajamento dos alunos durante a pandemia do coronavírus (COVID-19). Esta foi a mensagem de Carolina Pavanelli, diretora pedagógica da Plataforma de Ensino Eleva, durante o webinário “Inovação e criatividade em tempos de crise”, realizado na sexta-feira (8).
Para Carolina, que também é professora de redação, o isolamento social e o uso das plataformas digitais como ferramenta de ensino não deve desencorajar os educadores a pensarem em aulas mais participativas do que expositivas. “Ouvir o professor falando [em uma aula online] é importante, mas dá para ser mais criativo e inovador”, afirmou.
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A especialista lembrou que o conceito de “projetos” vai além da apresentação em grupo e dos cartazes produzidos pelos alunos, e destacou que a aprendizagem baseada em projetos integra vivência e investigação e envolve tarefas e desafios. Em linhas gerais, os alunos partem de um problema apresentado e têm de desenvolver formas de resolvê-lo ou amenizá-lo. Neste processo, são estimulados a desenvolver qualidades valorizadas pelo mercado, como trabalho em equipe, pensamento crítico e capacidade de resolução de crises.
Numa crise como a do coronavírus, todos os setores (saúde, indústria, cultura etc) estão usando a criatividade para buscar formas de resolver problemas, afirmou Carolina. Para ela, a educação pode fazer o mesmo, levando à sala de aula questões relacionadas ao momento atual e ao contexto dos estudantes. “Não se trata de pedir que os alunos criem uma vacina para o COVID-19, mas de perguntar a eles: quais são os maiores problemas no nosso bairro ou na nossa cidade? O que precisa de resolução mais imediata?”, sugeriu.
A partir desta conversa, e com base no problema levantado, o corpo docente deve se organizar junto à direção e a coordenação para montar um projeto interdisciplinar. Esta conversa é importante para que se possa compreender quais tópicos e disciplinas dialogam com a situação a ser trabalhada. Uma vez formulada a pergunta, os alunos devem criar projetos capazes de amenizar o problema, contando também com as informações obtidas durante as aulas expositivas.
Segundo Carolina, pesquisas apontam que uma fonte de estímulo para o ser humano é sentir-se útil e importante na resolução de um problema, ainda que pontual. Assim, a aprendizagem baseada em projetos pode ajudar os estudantes a se sentirem parte do processo transformador. “Queremos que os alunos saiam da quarentena sabendo a matéria, a disciplina formal. Mas também queremos que daqui a 10, 15 ou 20 anos eles se lembrem de que, durante um momento de isolamento social e de crise sanitária, econômica e humanitária, a escola os estimulou a pensar sobre o problema e a se entenderem como cidadãos participantes”, definiu. “O aluno vai lembrar de que, num momento horrível, a escola buscou aquilo que a educação deve fazer: transformar a sociedade.”
Inovação e tecnologia
O foco em projetos dialoga com os resultados de uma pesquisa realizada pelo grupo Eleva em 2018, e da qual participaram mais de 800 professores de escolas próprias e parceiras. Questionados sobre quais deveriam ser as grandes tendências da educação nos próximos dez anos, e convidados a selecionar até três opções, os educadores citaram principalmente projetos de estímulo à criatividade, socioemocional e projetos de cidadania.
“Talvez aquela educação tradicional e expositiva, de professor fala e aluno escuta, esteja cada vez mais caindo por terra”, afirmou Carolina. “Com a necessidade do ensino à distância, os projetos e a criatividade chegam de maneira muito forte.”
Durante o webinário, a especialista também convidou os educadores a refletirem sobre se tecnologia e inovação são de fato inseparáveis, e em como ser inovador na educação considerando as múltiplas realidades das escolas no Brasil e as diferenças regionais, socioeconômicas e de acesso digital.
“Inovação não é sobre ferramenta, é sobre pessoas: ela só precisa acontecer se for para ajudar as pessoas a resolver problemas e facilitar suas vidas”, afirmou. “É tão criativo um professor que faz um grupo de estudos no WhatsApp com seus alunos quanto o professor que monta uma aula super bacana no Zoom. Ambos conseguiram fazer uso da criatividade com a tecnologia que lhes é oferecida para serem inovadores nas suas práticas de sala de aula.”